16 maio 2003 - 22h04

Os craques da Baixada

Um era barbada. O outro foi uma grande surpresa. A torcida do Atlético elegeu, através de pesquisa promovida pela Furacao.com, os destaques do time nas primeiras oito rodadas do Campeonato Brasileiro. Resultado? Adriano, o que já era previsível e o surpreendente Ilan foram escolhidos os melhores.

Em um universo de mais de mil votos, Adriano recebeu 32.4% das indicações, ficando em um empate técnico com Ilan, que foi votado por 30.7% dos participantes. Em terceiro lugar, apareceu Luciano Santos, volante que está conquistando seu lugar no time e seu espaço no coração da torcida. Depois, foram votados, pela ordem: o goleiro Diego, o lateral-esquerdo Ivan, o atacante Dagoberto e o meia Kleberson.

Adriano
A eleição de Adriano já era esperada. Carlos Adriano de Souza Vieira nasceu em 11 de agosto de 1977, em Maceió (Alagoas). Sua história é bem conhecida da torcida. Garoto pobre, encontrou no futebol o caminho para vencer na vida. Foi revelado pelo CSA e, aos 18 anos, já era o principal jogador do time.

O Atlético o contratou em 1998, depois de analisar suas jogadas através de fitas de vídeo. As imagens impressionavam: mostravam Adriano marcando gols de falta, de cabeça, driblando todo o time adversário. Um craque. Nos treinamentos, tudo foi confirmado e o negócio, que originalmente envolvia a compra de apenas parte de seu passe, foi ampliado – o Atlético contratou-o em definitivo.

A primeira chance no time titular foi dada pelo técnico Abel Braga. Montando o time para o Paranaense de 98, Abelão chamou aquele garoto franzino cujos treinamentos no CT do Caju limitavam-se, até então, a voltas em torno do gramado. Não é difícil imaginar o que ocorreu: Adriano acabou com o treino e ganhou a posição de titular.

A estréia foi no dia 25 de janeiro de 98, em um jogo contra o Matsubara. Apenas 5 mil pessoas tiveram a oportunidade de estar no Pinheirão no momento em que Adriano vestiu pela primeira vez a camisa do Atlético em um jogo oficial. O resultado foi ruim (empate em 2 a 2), mas o torcedor deixou o estádio com a certeza de que teria um craque pelas próximas temporadas.

Três dias depois, o Gabiru – nome pelo qual ficaria conhecido entre os “boleiros” – salvou o Furacão em um jogo no interior: 1 a 0 contra o Apucarana, com um gol seu, o primeiro pelo Atlético. O meia voltaria a marcar nos dois jogos seguintes (Londrina e Ponta Grossa), assegurando de modo definitivo a vaga no time.

Naquele ano, o Atlético conquistou o Paranaense depois de um jejum que estava perto de completar 8 anos. Adriano virou ídolo. No segundo semestre, atravessou um momento difícil e foi para o banco de reservas quando o técnico João Carlos Costa assumiu o time, tomando o lugar de Abel. Surgiu a tese de que Adriano se sentia muito pressionado por usar a camisa 10. Ele passou a jogar com a 8, que havia sido imortalizada por Sicupira, e dela nunca mais se separou.

Daí para frente todos conhecem a trajetória. Neste ano, marcou 5 gols (um deles de falta) e ocupa a segunda posição dentre os artilheiros do time. Jogou sete das oito partidas do Atlético no Brasileiro (ele só não atuou contra o Cruzeiro por motivo de suspensão). Não foi substituído em nenhuma partida.

Ilan
Em 2003, só um jogador marcou mais gols que Adriano com a camisa atleticana: Ilan. E a diferença não é pequena: são nove gols a mais. Ilan Araújo Dall’Igna nasceu em 18 de setembro de 1980, em Curitiba. Seu primeiro time foi o Paraná Clube, equipe na qual seu pai trabalha até hoje como treinador das categorias de base.

Foi lançado em 1999, durante o Campeonato Estadual. Logo em seu primeiro jogo, marcou três gols contra o Coritiba e foi a sensação do clássico vencido por 6 a 2 pelo Paraná. A partir daí, firmou-se no time titular. No Campeonato Brasileiro daquele ano, disputou somente 13 jogos, mas deixou sua marca em dois deles.

No ano seguinte, foi negociado com o São Paulo. O clube do Morumbi sabia que estava lidando com uma jóia rara, mas, a exemplo de muitos outros, Ilan não teve chances. A torcida não teve paciência, os técnicos não insistiram com o jogador. Seu primeiro gol com a camisa tricolor foi marcado em sua terceira partida pelo time, contra o Sport, pela Copa dos Campeões de 2000.

Teve passagem apagada, mas não insignificante. Na semifinal do Torneio Rio-São Paulo de 2001, foi de Ilan o gol decisivo nas cobranças de pênalti. Depois, o tricolor bateria o Botafogo e conquistaria o título da competição, sob o comando do técnico Oswaldo Alvarez.

Meses depois, o Atlético acertou sua contratação. Ilan permaneceu os primeiros meses na reserva da dupla Kléber e Alex Mineiro. Porém, as estatísticas dimensionam a importância do atacante na conquista do título: ele disputou 17 dos 31 jogos do Atlético e foi o quinto maior artilheiro do time, com 4 gols.

Dois deles foram especialmente importantes: o primeiro, marcado no jogo contra o Atlético Mineiro, garantiu uma importante vitória por 1 a 0 sobre o Galo na Arena da Baixada, na quinta rodada da competição. Ilan havia acabado de entrar e marcou o gol decisivo.

O outro, o último marcado naquele ano e que certamente ainda está na memória da nação atleticana: Ilan recebendo toque de Alex Mineiro e invadindo a área do São Caetano para abrir o marcador no primeiro jogo da final. Alex Mineiro marcaria mais três para selar a vitória por 4 a 2.

Ilan suportou mais um ano de reserva e enfrentou uma contusão grave no ano passado, que só o permitiu disputar um jogo no Brasileiro. No início deste ano, porém, recebeu sua maior chance na carreira: a posição de titular do Atlético. A resistência da torcida foi o primeiro adversário a ser driblado.

Ele ainda não ganhou a condição de ídolo de que desfruta Adriano. Porém, os 14 gols marcados em 2003 (6 só no Brasileiro) já começam a fazer o torcedor mudar de idéia. Neste campeonato, Ilan disputou 6 jogos e marcou 6 gols. Só passou em branco no jogo contra o Paraná, na segunda rodada.



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