18 mar 2004 - 16h12

Opinião: ‘Um gostinho de despedida’

O preço dos ingressos que será praticado no campeonato brasileiro de 2004 é um absurdo, isto é fato. Belo texto do amigo Juarez Villela e emocionante texto do companheiro Ricardo Campelo, mas venho aqui falar na linguagem do povão. Trintão é palhaçada. É chamar o atleticano de otário, chamar o elemento para ajudar a levantar o concreto do estádio, incentivar o Atlético em todos os jogos e depois meter o pé na bunda do torcedor. Os nossos grandes dirigentes não querem mais os assalariados na Arena, querem uma torcida super-elitizada, engravatada, que consome e não faz contas para saber se tem ou não tem grana.

Sinceramente, por trinta reais, estarei deixando a Arena. Será um difícil aprendizado, mas terei que aprender mesmo a conviver longe do meu Atlético. Quem sabe um dia voltarei ao seu encontro. Poderia até dizer que só pagaria este valor em uma final de campeonato, mas quem vai empurrar o Atlético até lá? Ilusão.

Lançando uma projeção dos meus gastos para o brasileirão, “seria” mais ou menos assim:

– Meu ingresso: R$ 30,00
– Meu filho de 13 anos: R$ 30,00
– Meu filho de 07 anos: R$ 15,00
– Estacionamento: R$ 6,00
– Pipoca: R$ 6,00
– Refrigerante: R$ 6,00
– Total: R$ 93,00
(cálculo simples e direto para um jogo de futebol)

Simplesmente fora das minhas possibilidades. Vou esperar que um dia eu seja presidente da Inepar e possa pagar o meu ingresso e de todos os meus amigos, parentes e outros. Enquanto isso a patroa comemora em casa a companhia do maridão e dos filhos, inclusive em dias de jogos, o que já não era mais comum.

Estamos caminhando para um atletiba na decisão do campeonato paranaense e, para muitos, ou para a grande maioria, o último jogo de tempos que não voltarão jamais. É a “saideira”, o último encontro de muitos amigos.

Mas para tudo encontram uma justificativa e uma maneira de iludir o povão. Em breve teremos as cadeiras na Arena e estão nos prometendo shows maravilhosos e encantadores. Pois eu quero que se danem os espetáculos internacionais, quero que se danem também as cadeiras deste belo estádio de futebol. Eu quero é ver bola na rede, quero pular de um lado para outro, descer na avalanche da torcida organizada, quero abraçar o meu irmão ao lado, comemorar um gol sem precisar desviar da porcaria da cadeira. Sr. Petráglia e Sr. Fleury, a vocês dois falta muita sensibilidade. Lamentável essa atitude podre, hipócrita e incoerente.

Rogério Andrade
Colunista da Furacao.com

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