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7 abr 2004 - 11h03

Ainda sobre os ingressos

Procurei me informar sobre os ingressos diretamente nos postos instalados pela Diretoria. De certa forma, concordo que os pacotes oferecem algum tipo de facilidade para quem os adquirir. Ainda assim, acho que os valores deveriam ser mais reduzidos, para que se garantisse uma venda realmente expressiva (10 mil pacotes, no mínimo), capaz de justificar a comercialização dos lugares que sobrassem a R$ 30 ou mais.

Também é certo que uma boa parte do estádio será ocupada por senhoras, menores e idosos, que pagarão R$ 15. E que os pacotes garantem acesso a todas as atividades que vierem a acontecer na Baixada. E que existem descontos (pequenos) para os atuais sócios. E que a promoção inclui a distribuição de camisas oficiais e bugigangas de vários tipos…

Até aí, tudo bem. O grande problema – e a Diretoria não quer enxergar isso, talvez por força do contrato assinado com a multinacional americana – é que não se apresentam alternativas ao “consumidor” (é assim que estamos sendo tratados pelos cartolas). O fato de as arquibancadas terem sido retiradas do estádio é uma realidade. E um perigo. Confirmada a medida, nada impedirá que, no futuro, um punhado de conselheiros decida eliminar as cadeiras e transformar todos os lugares em camarotes. E que a Diretoria, num gesto cínico, venha a afirmar que reduziu os preços do setor – algo, por exemplo, como um desconto em que o ingresso passasse de R$ 200 para R$ 150 por pessoa (digo, consumidor)… Naturalmente, aqueles que não aceitassem a incrível oferta seriam enquadrados na relação dos falsos atleticanos.

Se não estou enganado, esse tipo de política contraria alguns princípios do direito. Não analisei nem o Código do Consumidor e nem o Código do Torcedor para saber, mas não considero uma conduta legítima a exclusão de opções mais baratas. Seria como se o “mercado”, em nome de uma estratégia qualquer, impusesse a venda exclusiva de filé mignon nos açougues, de remédios importados nas farmácias ou de poltronas de primeira classe nos aviões. Se isso acontecesse, a reclamação seria grande – inclusive por parte dos amigos de colarinho branco dos senhores Fleury e MCP.

Dizer que a controvérsia se restringe à esfera particular, como sugeriram algumas “autoridades” que deveriam intermediar o conflito, também não convence. Embora o Clube Atlético Paranaense seja uma entidade de direito privado, o valor dos ingressos envolve interesses coletivos – públicos, na acepção mais ampla do termo. O futebol não é uma mercadoria. Trata-se de uma manifestação popular, lúdica, cultural. Os clubes que exploram esse tipo de atividade têm uma responsabilidade enorme, complementar à do Estado na promoção do bem-estar dos seus cidadãos.

Tudo isso está sendo posto de lado. A questão é outra. Não se questiona o valor dos ingressos diante do que o clube se propõe a oferecer ao consumidor (nós, que nos imaginávamos simples torcedores). O conforto tem o seu preço, não há dúvida. O absurdo é o que a Diretoria está deixando de oferecer àqueles que não têm condições de – ou não querem – acompanhar o clube da sua paixão acomodados em cadeiras. Ou àqueles que, como eu, não pretendem comparecer à Baixada para assistir a apresentações de Sandy e Júnior ou Chitãozinho e Xororó.

O que se exige é apenas um pouco de respeito. Alternativas existem. Basta que a Diretoria deixe a arrogância de lado, aceite opiniões de quem ama verdadeiramente o clube e pare de tratar os torcedores como marginais.



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