26 abr 2004 - 13h33

Opinião de Rogério Andrade

Leia abaixo a opinião de Rogério Andrade:

Desgraça pouca é bobagem

Crise anunciada. Antes mesmo do início do jogo, o clima era frio, dentro e fora do estádio, como se uma forte onda negativa estivesse solta pelas bandas da baixada. Em uma tarde fria e deprimente, ao contrário das tarde animadas de futebol, anunciei ao meu filho Dhiego que iríamos até a Arena, torcer para o Atlético na esperança de que algo novo pudesse acontecer. Fui com frio, voltei como se o meu lado esquerdo estivesse como um bloco de gelo, dilacerando-se aos poucos, como a própria dor de um frio que corta até a alma.

Dividimos nossa tarde em dois tempos, o primeiro fora do estádio, ao lado do caminhão de som, ouvindo o jogo. Meu filho parecia não acreditar. O Atlético em campo, sem técnico, sem corpo e sem alma, e nós ali, do lado de fora, tímidos, como a grande maioria dos torcedores, sem acreditar que estávamos expulsos de casa. É como amar alguém sem ao menos poder apreciar, tocar ou dizer: “eu estou aqui”. Pudemos sentir na pele, além do frio intenso, a angústia da distância que os “donos” da nossa cara-metade insistem em nos querer fazer acreditar. Lamentável: Figueirense 1, Atlético 0.

Uma volta pela praça me fez pensar muito, mas não me trouxe nenhuma explicação. Eu precisava de explicações, eu precisava encontrar o meu amor. E de mãos dadas, eu e meu filho entramos em casa, como crianças desobedientes, que chegam mais tarde, fora do horário combinado. Cheguei a ter esperanças (afinal sou atleticano) de ver o time do meu coração virar o jogo. Inútil esperança, parecia que eu nem estava ali, e ao lado de meus irmãos de futebol, nos sentimos ausentes, como se o nosso grande amor nem estivesse percebendo a nossa presença. E nos humilhou, nos maltratou, e nos traiu. Apontei para o “soberano homem do pombal” e gritei: “nos devolva o Atlético”!!! Desesperador: Figueirense 3, Atlético de Ilan, 0.

Fim da linha, início da crise. O absurdo preço dos ingressos uniu-se a uma série de tragédias dentro da minha própria casa, que hoje está vazia. Os visitantes sim, estes nem viram o frio passar, sentiram-se em casa, deitaram, rolaram e cantaram diante de nós, atleticanos de paixão. Não é uma coisa ou outra que está errada, tem muita coisa errada dentro do Clube Atlético de todos nós. Os jogadores são somente uma ponte que nos trazem essas péssimas notícias. Técnico? É necessário, mas não sei se resolverá o problema. A ferida é outra, e vem de cima, lá do pombal, só não vê quem não quer.

“Não vamos deixar morrer nunca o nosso Atlético”. Aconteça o que acontecer, o Atlético nos será devolvido. Nada mais justo, neste momento frio, que o nosso clube do coração volte aos braços de quem realmente o ama.

Saudações rubro-negras.

Rogério Andrade
Colunista da Furacao.com.

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