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30 abr 2004 - 12h51

Estamos fartos dos tiranos

O Atlético é peculiar. Em seus oitenta anos de história, cresceu no meio de crises e viveu enredos dramáticos, fortalecendo-se quando tudo parecia perdido. Mas nada soa tão estranho como a sucessão de absurdos verificada nas últimas semanas. Uma guerra interna dividiu torcida e diretoria. Isso quando o clube estava prestes a comemorar o aniversário da sua fundação e a decidir um título contra o maior inimigo. Sem nenhum motivo aparente, os empresários que dirigem a instituição tentaram acabar com uma das torcidas mais emotivas do País. Mexeram com um sentimento coletivo, anunciando um projeto de elitização do futebol. Presentearam milhares de pessoas que amam as cores rubro-negras com manifestações de preconceito, grosseria e desprezo. Transformaram a Baixada num mar de cadeiras vazias. Por quê?

É difícil encontrar uma resposta. Mas o futebol tem a sua lógica. Não se pode negar que os desvarios dos diretores produziram resultados. Pior para nós. Perdemos o campeonato, fomos esnobados por um aprendiz de treinador e iniciamos o Brasileiro com duas derrotas vexatórias. A última delas, no domingo, foi cercada de surrealismo. A torcida protestou fora do estádio, ameaçada por um batalhão de policiais. Aqueles que se dispuseram a pagar R$ 30 acompanharam, atônitos, um time que naufragou em sua própria desorganização. Os que ousaram reclamar foram contidos por seguranças engravatados.

Apesar do caos aparente, do ar carregado, os executivos que mandam no Atlético – e não podem sair às ruas se não forem escoltados por trogloditas de aluguel – insistem em dizer que está tudo bem. Agem amparados por um Conselho de sabujos, colecionando equívocos. Proclamam-se, do alto de um pombal esdrúxulo, os senhores da razão, os únicos “atleticanos de verdade”.

Seus olhares, afinal, puderam contemplar a grande obra: um jogo com pouco mais de dois mil apreciadores sentados em confortáveis cadeiras. Sentados e profundamente tristes. Os sinais de loucura proliferam. Enquanto o barco afunda, o comandante, com os olhos esbugalhados, anuncia que seremos os melhores do mundo! Caminha sobre as ruínas do império que edificou de forma nebulosa e condena, com seus delírios, milhões de pessoas a um sofrimento que parece não ter fim.

A alma rubro-negra está sendo assassinada. Mesmo com uma vitória no meio da semana, os conflitos prosseguem – agora, na esfera judicial (que lástima!). Uma decisão liminar fixou o preço dos ingressos em R$ 15. Seria uma boa oportunidade para a necessária autocrítica dos poderosos. Um diálogo não faria mal. Desde que prevaleça um mínimo de equilíbrio e bom senso, é possível encontrar uma solução. Seria a tal “saída honrosa” para as partes envolvidas. Mas não há esperança de que isso aconteça. Os manipuladores do Conselho, espumando de raiva, prometem recorrer, levar até o fim o seu projeto macabro. Para eles, tudo – incluídas as pessoas – tem preço.

Alguém precisa sair de cena, desaparecer do mapa. E não seremos nós, porque o nosso lugar é ao lado do clube que amamos, enchendo de vida o templo sagrado da nossa paixão. Eles, os paranóicos, os fleurys, petraglias, severianos e similares, que vão embora. Estamos fartos dos ridículos tiranos.



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