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6 dez 2007 - 23h04

A fórmula

O futebol sempre viveu e viverá das rivalidades. Algumas delas são históricas e enquanto os times adversários existirem elas continuarão existindo. Outras se estabelecem momentaneamente em função de alguma partida decisiva ou de eventos extra-campo.

Por diversos motivos, a rivalidade entre Atlético e São Paulo vem recrudescendo. Primeiro, por causa da decisão da Libertadores de 2005. Segundo por causa das polêmicas transferências de Aloísio e Dagoberto. E terceiro por conta de uma certa rivalidade extra-campo em função do crescimento do Atlético que, não sei porque motivo, parece incomodar os dirigentes são paulinos que semprem se referem de modo irônico ao Atlético.

Na minha opinião, apesar do São Paulo aparecer como uma referência quando se fala de organização no futebol brasileiro, e os seus resultados e conquistas parecem confirmar esta tese, não creio que seja ele exemplo para os demais clubes. O SPFC achou um caminho próprio e nesse caminho ele tem colhido frutos. Outros times devem buscar seu próprio caminho e não imitar o SPFC. Digo isso porque já ouvi de diversos atleticanos balelas do tipo: “Ah, vamos para a segunda divisão, sobreviver com um time barato para terminar de construir a Baixada como o São Paulo fez”. Que asneira!

O São Paulo surgiu tardiamente no futebol brasileiro, quando outras equipes mais tradicionais já tinham pelo menos vinte anos de história. Surgiu artificialmente da fusão de diversos clubes de elite e dissidências de clubes de elite que não aceitavam o futebol. Surgiu de dentro da elite. Nunca foi um time de massa. Teve algum sucesso nos anos quarenta e praticamente desapareceu nos anos 50 e 60, quando então era o saco de pancadas preferido do Santos de Pelé. A partir dos anos 70, com seu estádio construído, começou lentamente a construir sua trajetória de resultados. Primeiro no âmbito regional ganhando campeonatos estaduais, depois começaria a ganhar campeonatos nacionais para finalmente começar a ganhar Libertadores e os mundiais, tornando-se presença constante em torneios continentais nos últimos anos.

Apesar de todo esse sucesso e do evidente crescimento da sua torcida nos últimos anos, sua imagem sempre esteve associada à elite. Elite essa que sempre garantiu fartos recursos para investimentos de peso no futebol.

Bem diferente do Atlético. O Atlético construiu toda a sua história como time do povo, dentro do cenário futebolístico do Paraná. Somente a partir do início dos anos 80 começou a ter algum destaque nacional. Foram quase vinte anos para que viesse o primeiro título brasileiro. Tornou-se conhecido na América do Sul, mas ainda não conquistou um sonhado título sul-americano. São mais de 80 anos como clube de futebol e por meio de uma eficiente administração tem conseguido resultados invejáveis em comparação a outros times considerados grandes, apesar dos parcos recursos.

O rubro-negro é time de massa e ficou provado este ano que, sem a torcida o Atlético não sobrevive. Tomara que o exemplo dado pelo torcedor rubro-negro acorde de uma vez por todas a diretoria e que esta diretoria reveja seus planos em prol do torcedor rubro-negro. Qualquer plano de crescimento para o Atlético que não tenha o torcedor como núcleo principal está fadado ao fracasso. Todo atleticano gosta do conforto da Arena e se orgulha dela. Mas também gosta de vitórias, de títulos. Nenhum torcedor quer saber de sacrifícios, de ver o time na segunda divisão ou se matando para fugir do rebaixamento para construção de estádio. Que o término da Arena é importante não há sombra de dúvida, mas não às custas do futebol, que é o motor desse clube. O Atlético não pode querer imitar um time que tem origem diferente da dele, uma história diferente e uma torcida idem. O Atlético tem de descobrir sua própria fórmula para o sucesso, unindo tudo aquilo que o caracteriza. Uma coisa é a construção de um estádio de futebol para os anos 50, 60; outra coisa é a construção de uma Arena multi-uso adaptada para as condições de mercado do presente e do futuro.

Domingo passado essas duas histórias diferentes se encontraram na Arena. Um já como campeão brasileiro transpirando arrogância por todos os poros. O outro, feliz por haver escapado do rebaixamento, lutando por uma vaga no torneio sul-americano de menor categoria.

E mais uma vez a magia rubro-negra se fez presente. O SPFC não parecia interessado no jogo e o Atlético, mesmo desfalcado, mandou no primeiro tempo. Dava a impressão que o SPFC achava que poderia decidir o jogo quando quisesse. Muitas jogadas de efeito dos jogadores são-paulinos que faziam vibrar a diminuta torcida do SPFC presente. Percebam que o SPFC é um dos times grandes que menos trazem torcida quando joga na Arena? Por seu lado o Atlético não estava brincando. Todo o time corria e se percebia que os jogadores estavam sedentos pela vitória, cada um ao seu estilo. Até que Rhodolfo fez um lançamento primoroso da lateral direita para a cabeça de Marcelo Ramos que completou fazendo o justo 1 a 0. A zaga estava soberba e adiantou as linhas encurralando o sonolento SPFC.

No segundo tempo Ney Franco mexeu mal e Muricy mexeu bem. O SPFC cresceu e num lance confuso empatou o jogo. Só que da mesma forma como foi contra Palmeiras e Vasco a vitória apareceria no finalzinho. Juro que tive a impressão que o juiz ia apitar o fim de jogo quando o Ramón se preparava para bater a falta. Tivesse ele demorado um pouco mais e certamente ele encerraria o jogo ali, empatado. Mas o Deus que habita a Arena não queria isso. Por um instante parece que o tempo congelou. Foi o necessário para que a falta fosse cobrada e que o Antonio Carlos surgisse na área e cabeceasse para as redes para desespero do Muricy. 2 a 1. O campeão foi derrotado no último jogo pelo seu rival mais odiado nos últimos anos. O tabu de não vencer o Atlético na Arena continua.

Final de campeonato não de todo ruim – Atlético na Sul-americana, dando uma carimbada na faixa do SPFC, além dos rebaixamentos de Paraná e Corinthians. Só não entendi por que Aloísio e Dagoberto não vieram luzir suas camisas tricolores perante a torcida atleticana. Vergonha? Medo de encarar a massa atleticana que num passado não muito distante gritava seus nomes e impulsionava suas carreiras? Medo do quê, afinal?

Tomara que 2008 reserve alegrias maiores do que uma simples fuga do rebaixamento. A torcida atleticana merece coisa melhor. E que a sábia e competente diretoria atleticana encontre a fórmula ideal para nos dar essas alegrias.



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