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8 mar 2008 - 10h56

Meu querido Diário

Meu querido Diário, bom dia. Não, diário. Não amanheceu ainda. Nem são 2h da manhã. Mas eu já estou pensando no que eu vou escrever amanhã na Furacao.com.

Meu querido Diário, eu pensei em diversas coisas pra escrever. Pensei primeiro em criticar e xingar todo mundo. Mas estaria errado. A ofensa moral, à personalidade do ser humano, enfraquece as relações e cria novos predicativos negativos para ambas as partes.

Decidi não xingar ninguém.

Meu querido Diário, pensei em escrever sobre decepção. Mas já tive tantas, que nem acredito que o que acabou de ocorrer diante do Corínthians de Alagoas possa ser uma decepção. Talvez por que a ficha nem tenha caído ainda. E mais, me lembro de decepções maiores. Lembro-me de um dia em que um tal de Fabrício perdeu um pênalti numa final de Libertadores. Lembro de um empate em 3×3 com um time gremista já rebaixado. E lembro-me, talvez a maior e que mais me recordo, de um tal de Mário, o Sérgio, que tirou o Jádson – lembra? – numa final de campeonato paranaense em 2004 e, naquele segundo, perdemos o título mais ganho da história. Lembro também que, após aquele jogo, vi meus amigos torcedores quebrando o patrimônio e arremessando-o em campo. Logo em seguida, vi meu presidente resignado e indignado atravessando o campo – ao melhor estilo Flávio, quando levou aquele frango contra o Inter – para ver de perto aquela selvageria injustificada (ou talvez ela se justificasse pela decepção?). Já me decepcionei tantas vezes que sei que irei superar mais essa.

Decidi não me decepcionar.

Meu querido Diário, pensei em comparar. Em 2006, perdemos para um time melhor que o Corínthians de Alagoas. Um time que disputava o Campeonato Brasileiro de alguma série: o Volta Redonda. Se não era um Paraná Clube de Copacabana, ao menos não era o Real Brasil das Alagoas. Perdemos com o seguinte time: Cléber; Jancarlos, Danilo, Paulo André e Moreno; Erandir, Bruno Lança (Alan Bahia 72′), Fabrício (Cleverson 61′) e Ferreira; Denis Marques (Ricardinho 61′) e Rodrigão. Técnico: Givanildo Oliveira. Me pergunto se esse time aí, de 2006, perderia ontem. Não encontrei respostas. Na verdade, por não achar respostas…

…decidi não comparar.

Então quis me animar, querido diário. Talvez lá por 5h da manhã, quando o sono não vinha (e não porque perdemos um jogo, uma atalho para a Libertadores ou coisa que o valha. Mas alguma coisa estava bem estranha e vazia). Fui lembrar de ex-jogadores do rubro-negro, que saíram daqui para desfilar seu futebol em outras bandas. O primeiro da lista: Alex Mineiro. No Palmeiras, eliminado do Campeonato Paulista. Poderíamos pagar a ele pra voltar pra cá? Washington: no Fluminense, participou de um dos jogos mais belos que assisti em 2008 (Flu 6×0 sobre o Arsenal, da Argentina, pela Libertadores) e continua o mesmo que por aqui passou. E nós? Com Marcelo Ramos e Pedro Oldoni. E mais: Ferreira nas Arábias e nós com William’s e Irênio’s. Clayton no Japão e nós com Alan Bahia’s da vida. E sem laterias. Percebendo que não ia me animar, desisti.

Decidi não me lembrar.

Ah, meu querido Diário! Decidi então pensar em desculpas. Primeiro meu treinador pediu desculpas pra mim. Fiquei “feliz” pois eles nunca tinham feito e falado coisas assim depois de uma derrota rizível. É como se eles tivessem enfiado uma faca naquela ferida recém-aberta. E mais, desde 2001, é o que mais escuto: “peço desculpas à torcida e…”. Todo mundo faz isso. Só deteriora a ferida.

Decidi não pensar em desculpas.

Meu querido Diário: então parti para crer nas promessas! Pois, afinal de contas, quando a gente promete algo, geralmente a gente cumpre. E adivinha o que me veio à mente? “O Paranaense é obrigação”. “A Copa do Brasil é prioridade”. Sabe a ferida aberta, na qual a faca foi enfiada com as desculpas? Essas promessas vieram como que uma mão a girar a faca sobre a ferida aberta. Mas todo ano é a mesma coisa. Que eu me lembre, foram tantas promessas ouvidas e não cumpridas, que não caberiam no texto. Lembro que disseram várias vezes nos últimos anos “vamos manter o elenco”; “vamos fazer uma boa pré-temporada”; “vamos poupar o time principal para a competição que é prioritária”; “teremos o melhor ataque do Brasil”; “o jogador ‘x’ não será vendido”; “o time é bom”… tantas promessas… mas por nunca vê-las cumpridas, parei.

Decidi não acreditar em promessas.

Meu querido Diário, de maneira derradeira, cavoquei o que me restou. A esperança. Agora de manhã fui dar uma olhada nas “notícias”. Fiquei imaginando a alegria com que os “verdes” escreveram essas notícias. Então, vim para a Furacao.com e, pasmem! Estão acabando com minha esperança. Até o Rafael Lemos deu uma “condição suspensiva” para o contrato da esperança entrar em vigor: 2015. E agora?

Decidi não ter esperança.

E por não poder xingar, comparar, me decepcionar, lembrar, aceitar desculpas, promessas, e perder a esperança, descobri que há ainda algo que permanece: o amor.

Diz-se que permanecem a fé, a esperança e o amor. Porém o maior deles é o amor.

Saí uniformizado. Com aquela camisa que comprei com tanto suor (pois é cara e me disseram pra não comprar dos ‘piratas’) mas que representa, mesmo nessas horas de um quase desespero, que o meu amor não morrerá. Nunca!

Porém, eu preciso, querido Diário, que o Atlético arrume esperança em mim pra que eu possa xingar, comparar, me decepcionar, lembrar, aceitar desculpas e promessas para que meu amor não se torne em vão.

Meu querido Diário. Eu não sei mais o que dizer. Não sei em quem acreditar. Não sei a quem apoiar. Nem a quem ouvir.

Atlético, me ajude!

Pois nem meu querido Diário sabe mais o que fazer comigo.



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