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17 mar 2008 - 10h28

O Touro José

Hoje, depois do almoço, num dos arranha-céus da Água Verde:

‘-Morze! Tô indo! Chego lá pelas nove, beijo!’

‘-Ah, Benhê..vai não! Esse teu time vai perder de novo, tu já sabes. Fica aqui comigo guri, que eu te faço uma pipoquinha, trago a cerveja no sofá, assistimos um dvd e depois….bah! Deu pra ti!’

‘-Não dá, Morze! Tô pagando cinquentão por mês, tenho que ir, senão não faz sentido! Afinal tô fazendo minha parte. Sô Sócio!’

‘-Mas barbaridade…qualé a tua parte? Será que é tua mesmo? E por que só tu faz? Não vale mais a pena ficar aqui com tua prenda em vez de ir lá bancar o palhaço de novo? Não vê que os caras (diretoria) não tão nem aí pra ti (torcida)? Tira essa bombacha e senta aqui duma vez.’

‘-Poxa, vê se me apóia: tô numa pior e vc ainda joga na cara essas coisas! Isso é coisa de colorada (gaúcha, de Bento)! Sacanagem!’

‘-Ah, meu bicho-do-Paraná, tu fica aqui que eu te mostro o que é uma bela duma sacanagem, tri-legal, tststs…’

‘-Ih, não apela, vou vazar duma vez porque tenho compromisso e com muito orgulho. Tchau, fui. Furacãããoo!’

E assim José Cornélio Manso deixou o ap 702 naquela tarde de domingo, após defecar uma macarronada com posta, regada a duas latas de Skol 473 mls. Saiu em disparada, já era quase cinco da tarde e tinha que estacionar perto da Arena. Cabreiro, ficou pensando o quê Paulinha Sobotta Guampa iria fazer na hora do jogo, posto que a deixara apenas de calcinha no tapete da sala.

(‘Dá nada, não. Vai ver que vai na casa da mãe, ou no máximo num shoping comprar ovos pra páscoa. Beleza, pois tô preocupado é com o Atlético e sua queda fruto do imponderável’) – pensou o Zé, aflito com a partida de logo mais e despreocupado com o temporário abandono da muié. Havia abandonado outras coisas também em função do Atlético 2008: mas tudo valia a pena. Ele, cumpria sua ‘obrigação’, de ‘Sócio-torcedor’.

Chegando lá, assistiu o jogo: Marcelo Ramos. Irênio. Piauí. Chocolate. No intervalo começou a achar que a noivinha tinha razão. Mas calma : tem o 2º tempo ainda.

Danilo. Dá nojo. E deu nisso. Puto, saiu aos 44, como se adiantasse alguma coisa. Viu uns coxas comemorando duplamente na rua.

(‘Amanhã é 2ª. Outro dia, hoje passa logo. E dá tempo de pegar a Morze ainda e dar uma ‘aliviada’) – conformou-se o triste Zé.

Celular: ‘-Morze, tô subindo, arruma a mesa que eu trouxe pizza.’

‘-O quê? Ah, sim, calma tchê! Tô..tô no banho, já saio, guenta aí.’ – disse ofegante a filha do Rio Grande.

Ao sair do elevador, escutou alguém se atirar pela escadaria abaixo. Pensou que podia ser ladrão, mas não conseguiu ver quem era: numa dessa era só mais um pia de prédio fazendo zona. Chegou na porta, ela estava fechada, mas sem trancar.

‘-Paulinha! A porta tá aberta porra!’

‘-Então foi tu que deixou quando saiu! Larga tua mina sozinha na querência e depois o erro é meu, pô! ‘ – gritou do banheiro a molhadésima noiva.

‘Tá, desculpa, saí rápido e vai ver que esqueci de fechar mesmo.’

‘-Mas…que cheiro é esse na sala, Paulinha?’

‘-Cheiro de quê, meu amooooor?’

‘Sei lá, parece cheiro de…ovos! (não quis falar saco).

‘-Feche a janela, tá vindo aí de fora benhê!’ – respondeu a gauchinha, já escovando os dentes e olhando pelinhos tortos sumirem pelo ralo.

Havia uma meia no meio da sala. No meio da sala havia uma meia. José passou por ela, mas fingiu que não viu. Olhou, mas não percebeu. Sem pensar, não refletiu, portanto não entendeu e acabou esquecendo.

‘-Mas o que é isso, meu filho! Sem camisa e com a cueca na mão!’ – disse a dona Aurora do 301, a mãe do Giovani, outro morador do prédio, nada de piá, já bem crescidinho.

Comeram a pizza. O domingo terminou em pizza. Paulinha foi deitar, pois estava muito ‘cansada’, até com ‘dor de cabeça’. José ficou na mão.

Moral da história: tem gente que não quer enchergar algumas coisas. Sabe que elas existem, mas relutam em assimilar como verdade. E fazem de conta como se a realidade fosse outra. Simplesmente ignoram os fatos e o próprio mundo ao redor. Ora se refugiam no seu hermético silêncio, ora vêm à publico e vomitam seu discurso sofista.

Ferreira e Claiton não precisavam ficar este ano: nada mudou para o Atlético com a saída deles.

José também não precisava ficar naquele domingo. Nada mudou para José aquela meia na sala que cheirava saco (‘ovos’).

Aproveitando a passagem de Bob Dylan pelo Brasil, pergunto eu:’-How many times must the cannon balls fly?’ -‘transcrevendo’: Até quando tudo isso?

A resposta, meu amigo, está voando com o vento. Assim como o cheiro de saco pela janela afora. E a meia pela lixeira abaixo. E a Copa do Brasil. E o paranaense. O próximo vôo será do Ney Franco, coitado. Tudo ‘is blowing in the wind’.

Paulinha e diretoria: quanta semelhança. José é coitado. Porque é corno. Não merece, mas bem feito pra ele. Porque ele sabe que está sendo corneado. E não faz nada. Pois consente que todo jogo acabe em pizza.

Mesmo que um dos sócios da pizzaria use gravata verde. Mesmo que o outro sócio não goste de calzone. Nem de títulos.



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