21 mar 2008 - 17h46

"Jovem promessa", por Diogo Finelli

O volante Zé Antônio despontou no time profissional do Atlético Mineiro em 2004. Na reta final da competição, o jogador, ainda com 20 anos, ganhou algumas oportunidades na equipe titular. Sob o comando do técnico Mário Sérgio, me recordo da partida contra o Criciúma, em 30 de outubro – não sei ao certo, mas acho até que foi a primeira de Zé Antônio.

Certo é que o jogo foi disputado no Morumbi, em São Paulo, após a decisão do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), que decretou a perda do mando de três partidas da equipe mineira. Naquela época, os clubes não podiam jogar apenas com os portões fechados, mas, quando punidos com a perda do mando de campo, deviam cumprir uma quilometragem de distância do seu local de origem para realizarem suas partidas ‘em casa’.

A partida terminou com o placar de 2 a 2, e Zé Antônio marcou os dois gols do Galo, em chutes de longa distância. Me lembro que fiz a cobertura deste jogo para o LANCE! Minas, que havia acabado de inaugurar sua redação em Belo Horizonte. Na oportunidade, eu era um dos repórteres responsáveis pela cobertura do Atlético (o outro era Daniel Bortoletto, o editor-responsável, e posteriormente, Mateus Castanha).

No dia seguinte ao jogo, a manchete do LANCE! foi "Zé do Galo". Por ser um jogador muito jovem, e por ter se destacado nos treinos e mais precisamente nesta partida contra o Criciúma, Zé Antônio acabou se tornando um dos candidatos a ‘salvadores da pátria’, já que em 2004 o Atlético flertou bastante com a zona de rebaixamento (apesar de a queda para a Série B só vir a acontecer no ano seguinte).

Com a saída de Mário Sérgio, demitido por maus resultados (o treinador foi dispensado duas rodadas depois do jogo contra o Criciúma, após uma derrota para o Figueirense, em Ribeirão Preto – no segundo dos três jogos em que o Galo teve que cumprir a suspensão imposta pelo STJD, Zé Antônio foi mantido pelo treinador substituto – Procópio Cardoso.

Mas o início de 2005 não foi nada bom para o Galo. Depois de ter passado sufoco no fim de 2004, na reta final do Brasileirão, e ter se livrado do rebaixamento na última rodada – após vitória de 3 a 0 sobre o São Caetano, no Mineirão, com três gols de Alex Mineiro – a torcida esperava um melhor desempenho naquele ano. Procópio Cardoso, que comandou o time atleticano, foi mantido em 2005.

No primeiro semestre de 2005, o Galo foi eliminado do Mineiro para o Cruzeiro na semifinal. No segundo semestre, o time foi dando saltos longos até a zona de rebaixamento do Brasileirão. Mais ainda, como o time não ia bem, Zé Antônio foi, de certa forma, prejudicado, ao ver atletas renomados serem contratados (como o lateral George, que veio do Grêmio indicado pelo técnico Tite, teve inúmeras oportunidades e não se firmou; além de Evanílson, com história de sucesso pelo rival Cruzeiro, que estava encostado no Borussia Dortmund da Alemanha, e foi mais um que a diretoria do Galo buscou, pagou caro, e não rendeu).

Assim, em um time repleto de estrelas, que ganharam moral com a torcida e com parte da imprensa apenas por serem conhecidos nacionalmente – como Rodrigo Fabri, Luis Mário, Euller, Rubens Cardoso, o paraguaio Julio César Cáceres (hoje no Boca Juniors-ARG), Fábio Baiano – Zé Antônio, jovem revelação da base, perdeu espaço e pareceu se mostrar desinteressado.

E foi assim que acabou encostado no Galo, que caiu a Série B. Antes ainda da queda, a diretoria fez uma limpeza tardia no elenco, dispensando todas as ‘estrelas’. Foi ali que jovens valores como o goleiro Bruno, o zagueiro Lima, o volante Rafael Miranda entre outros, que no ano seguinte ajudariam o clube a conquistar o título da Série B e o acesso à Primeira Divisão, ganharam oportunidades de fato. E Zé Antônio brilhou na reta final, mesmo com o time tendo o rebaixamento confirmado. Chegou a marcar seis gols em quatro jogos, contra Fluminense e Paysandu fora de casa, entre outros… atuando improvisado na lateral direita.

Em 2006, já com Lori Sandri no comando, me recordo e foi nesta posição que o jogador encerrou o ano de 2005, prometendo, em 2006, assumir de vez a função de lateral, vislumbrando conquistar até mesmo um lugar na Seleção Brasileira, visto a carência de bons jogadores na posição. De fato, me recordo que durante a pré-temporada realizada no início de 2006 em Ipatinga, a qual cobri de perto pelo LANCE!, Zé Antônio já treinava como lateral, e estava convicto de que era aquela a sua posição dali em diante.

Mas o Galo não conseguiu deslanchar, e Zé Antônio, apesar de manter uma regularidade como lateral, não conseguiu se destacar. Aparecia bem em um jogo ou outro, e quando tinha tudo para se firmar, dava azar. Foi assim em um clássico contra o Cruzeiro, quando, de falta, abriu o placar para o Atlético, mas viu sua equipe ceder a virada ao rival. Além disso, Zé Antônio também sofria com algumas contusões, o que foi muito comum no segundo semestre daquele ano, e que atrapalharam para que ele tivesse uma seqüência.

No segundo semestre, com a chegada de Levir Culpi, Zé Antônio viu suas chances, que já eram poucas na equipe, se reduzirem ainda mais, já que o treinador trouxe com ele Luisinho Netto, ex-Furacão, que estava no Criciúma-SC.

Assim, no início de 2007, a diretoria do Galo emprestou Zé Antônio ao BK Hacken, da Suécia, e nenhuma notícia sobre o jogador no futebol sueco foi dada.

Em suma: Zé Antônio é uma jovem promessa, que começou a carreira como volante e depois passou a atuar como lateral-direito. Tem como característica o chute forte de longa distância e os cruzamentos, mas não deu muito certo como lateral talvez pela falta de velocidade e pelas seguidas contusões. Foi prejudicado por ter aparecido no Atlético-MG justamente no momento em que o clube flertava com a Segunda Divisão (2004), até o rebaixamento (2005) e, de fato, disputá-la (em 2006).

Acredito que pela idade, por ser um cara tranqüilo e por estar mais maduro com a passagem pela Suécia, ainda pode conseguir se destacar, principalmente pelo fato de atuar no Atlético Paranaense e ter o incentivo do técnico Ney Franco, que por conhecê-lo e tê-lo indicado, fatalmente vai dar moral e tranqüilidade para Zé Antônio trabalhar e recuperar o bom futebol.

Diogo Finelli é jornalista e colaborador da Furacao.com.



Últimas Notícias

Notícias

100 palavras

“Palavras não são friasPalavras não são boasOs números pros diasE os nomes pras pessoas” – TITÃS Um misto de sentimentos me tocou a alma na…