23 abr 2008 - 0h27

Bate-bola com o presidente atleticano

O Clube Atlético Paranaense vive um momento de muitas novidades em sua gestão. Neste início de ano, encerrou-se a parceria de três anos com a Kyocera, foi lançada a nova coleção de uniformes, o clube comunicou que passaria a cobrar para ceder os direitos de transmissão radiofônica de suas partidas e vive-se a expectativa pelo início das obras de conclusão da Arena da Baixada.

Para aprofundar a discussão sobre esses temas, a Furacao.com entrevistou o presidente do Conselho Gestor do Atlético, João Augusto Fleury da Rocha. Durante a cerimônia de apresentação das novas camisas oficiais, na última semana, Fleury teceu comentários sobre os principais temas relacionados ao momento atual do Furacão.

Confira a entrevista exclusiva, conduzida pela jornalista Patricia Bahr, com a colaboração de Monique Silva e Roberta Salles:

Com a apresentação do novo uniforme do Atlético para a temporada, há previsão de quando o clube irá apresentar o novo patrocinador para as camisas?
Estamos num processo de desvinculação da imagem do antigo patrocinador. Hoje atravessamos uma fase de descolamento da marca anterior para posteriormente chamar a atenção direta ao novo patrocinador. Para isso, contratamos uma empresa norte-americana para nos apoiar na escolha desse novo parceiro. Estamos em contato com diversas empresas interessadas em vincular o seu nome ao Atlético Paranaense e esperamos em breve poder fazer esse anúncio aos nossos torcedores.

A previsão é de que até a estréia no Campeonato Brasileiro o clube já tenha esse patrocinador definido?
Acredito que não. Estamos iniciando diversas conversações e negociações com várias empresas, mas tudo ainda está muito recente. Estamos em contato com diversas empresas, mas acredito que nenhum nome de novo parceiro seja anunciado neste primeiro semestre.

Nos últimos anos, com a parceria com a Kyocera, o Atlético adotou a estratégia de um único patrocinador, tanto para o estádio quanto para a camisa. Isso se repetirá com o novo parceiro?
Há uma tendência atualmente no marketing esportivo de descolamento do patrocínio de naming right com o patrocínio da camisa. Isso permitirá ao clube uma receita extraordinária. Estamos oferecendo ao mercado produtos separados e esse foi, inclusive, um dos pontos de discordância nas negociações com o antigo patrocinador, que queria a manutenção das duas mídias. Optamos em separar ambos os produtos e oferecer ao mercado maiores opções de vincular a sua marca ao nome do Atlético Paranaense. Contratamos uma empresa americana especializada em estádios de futebol que ficou responsável em mapear espaços de comercialização dentro do clube. Hoje temos 18 propriedades diferentes para explorar dentro do marketing esportivo, na Arena, no CT e na camisa, todos cedidos isoladamente, sem relação de superioridade entre eles. Vivemos um momento de ruptura do sistema tradicional de anúncio, abrindo o clube para diversos outros novos parceiros.

Há previsão de quando o clube irá anunciar o novo parceiro para patrocinar o nome do estádio?
Essa decisão depende do anúncio da Copa do Mundo em Curitiba. Estamos trabalhando com dois projetos distintos, inclusive com valores diferenciados, caso a Copa do Mundo seja realizada em Curitiba ou não. Também mapeamos todos os espaços dentro da Arena passíveis de parceiros. Estamos avaliando os possíveis anunciantes e a estratégia para a utilização desses espaços, se separadamente ou o gerenciamento do estádio inteiro como uma única marca. Mas tudo isso só será definido após o anúncio se Curitiba será ou não uma das sedes da Copa.

Ao lado disso, o clube também incentiva uma parceria com o seu próprio torcedor, através do plano Sócio Furacão. Qual a avaliação do senhor em relação ao plano?
Há um ritmo muito interessante nas vendas, com o número de sócios cada vez mais numeroso. Estamos satisfeitos com a resposta da torcida, que se mostra cada vez mais interessada em participar da gestão do clube, aderindo aos planos de sócio. Esse desejo foi demonstrado até mesmo quando a procura foi tão grande que o nosso sistema não agüentou e acarretou em um enorme atraso no início das vendas dos planos de sócios. Agora estamos em vias de normalizar todas as opções de ofertas. Entendemos que o atraso nas vendas não desmotivou o torcedor, pois quem quer ser sócio tem interesse real em participar do dia a dia do Atlético Paranaense e não ser torcedor deste ou daquele jogo, ou de determinado campeonato. Entendemos que o torcedor quer se aproximar do clube porque se identifica com a marca e não com momentos ou fases do clube em determinada competição.

Com relação ao início das vendas do Sócio Furacão pela internet, há alguma previsão de quando isso ocorrerá?
Entendemos o potencial enorme e o grande nicho que aguarda a oferta de acesso que só se viabiliza via web. Estamos implantando um sistema de associação pela internet inédito no futebol brasileiro e pagamos como pioneiro por um preço mais elevado. Mas temos plena consciência de que vivemos uma nova fase de valorização da marca Atlético Paranaense, que envolve diversas ações desde os patrocinadores e parceiros do clube até mesmo o plano Sócio Furacão. Precisamos valorizar a marca e todos os periféricos que envolve a marca Atlético Paranaense.

Essa política de valorização da marca envolve também a cobrança pelo direito de transmissão das partidas pelas emissoras de rádio?
Sem dúvidas. Entendemos que o direito de transmissão tem respaldo no direito de arena e, portanto, o espetáculo é um bem econômico e passível de cobrança. Entendemos que com essa medida haverá naturalmente uma valorização das transmissões radiofônicas. As rádios cobram dos anunciantes, os custos repassam para os produtos. Hoje, os clubes absorvem sozinhos os custos e dão esse produto gratuitamente. Nossa decisão causou um impacto negativo e até antipático num primeiro momento, mas temos plena ciência de que com o tempo irá valorizar o produto futebol como um todo, inclusive para as próprias emissoras de rádio. Pagamos o preço do ineditismo dessa medida, assim como tantas outras medidas em que adotamos causou uma primeira impressão negativa e com o passar do tempo foi sendo absorvida na cultura do torcedor. Fomos o primeiro clube brasileiro a instalar cadeiras em todo o estádio e fomos muito criticados por isso. Teve gente que disse que torcedor não se importa em sentar-se no cimento, que quer é ver o seu time ganhar em campo. Pode até ser, mas é muito melhor ver o seu time ganhar em campo com conforto. Teve gente que nos criticou quando implantamos um sistema moderno na confecção dos ingressos, que hoje oferece o smart card aos sócios do clube, dizendo que o ingresso de papel poderia ser utilizado. Teve também os que criticaram quando instalamos uma praça de alimentação em nosso estádio, prevendo um melhor atendimento aos nossos torcedores. Cheguei a ouvir que o torcedor gosta mesmo é de pão com bife e não liga para esse tipo de questão. E vejam, todas essas medidas, implantadas pioneiramente pelo Atlético, hoje são copiadas e servem de exemplo para diversos outros clubes.

Então a tendência é de que outros clubes passem a cobrar pelas transmissões das emissoras de rádio?
Estive numa reunião em São Paulo, com representantes de clubes da primeira e da segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Recebi diversas manifestações de apoio a essa iniciativa. Os principais clubes do futebol brasileiro sabem que o Atlético adotou essa medida e entendem que este é um caminho a ser seguido. No entanto, eles não têm a coragem do Atlético Paranaense em comprar esta briga, até porque ela desgasta muito. Mas o Atlético Paranaense é conduzido por pessoas dispostas a enfrentar essa briga, pelo pioneirismo da ação. Cada clube tem a sua realidade, muitos clubes ainda não estão preocupados com essa fonte de receita, até porque sabemos que muitos clubes são dirigidos por pessoas proprietárias de emissoras de rádio e dirigente nenhum vai tomar decisões para cobrar de si mesmo. Mas pelo que percebemos os clubes de grande massa em breve farão uma reflexão em torno disso e passarão a adotar esse mesmo sistema.



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