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23 nov 2009 - 17h39

Monólogo do crescimento

Nunca tive dúvida que a história é escrita pelos vencedores, mas foi há pouco tempo que me dei conta do nível de veracidade deste chavão. Como sou um sujeito chato, fui pesquisar se a tal frase clichê tinha dono ou se havia sido lançada aos ventos sinistros do domínio público sem eira nem beira ao melhor estilo “machadiano” no conto O Anel de Polícrates.

Eric Arthur Blair é o dono desta frase. Indiano bacana, que após concluir seus estudos na Universidade de Eton, se revoltou com sua origem burguesa e resolveu trabalhar como operário em fábricas em Paris, passando a lecionar em escolas primárias em Londres, conhecendo de perto a dor e o sofrimento da classe operária, renegando seu nome, tendo adotado o pseudônimo de George Orwell.

Suas experiências o levaram a escrever um livro que todo mundo já deve ter ouvido falar, mas poucos sabem que o dito cujo é o verdadeiro Autor: “A revolução dos Bichos”.

Calma. Eu me explico. Isso ainda vai fazer o mínimo de sentido.

Aposto uma cerveja (sim, eu sou um universitário inveterado e tenho a péssima mania de apostar cerveja pelas minhas opiniões) que todo mundo já deve ter ouvido uma história (estória), de algum “vencedor” que narrou um fato de acordo com a conveniência, e prudência, que lhe fossem interessantes.

Como eu ia dizendo, citando o Orwell, a história é escrita pelos vencedores. Isso é fato e vou dar exemplos palpáveis.

As crianças aprendem na escola quem descobriu a América, quando em verdade a pergunta certa a se fazer seria: quem invadiu a América?

Já existiam índios por todo o território do novo mundo, portanto ele já havia sido descoberto há muito. Incas, Maias, Astecas, Tupis e tudo quanto é gente já moravam aqui, mas os livros de História são irredutíveis e cirúrgicos em suas respostas e explicações: Colombo descobriu a América.

O Capitalismo se sobrepôs ao Socialismo e o que a história dos vencedores sentencia? “Vivemos numa democracia”, quando na realidade ainda vivemos em uma Ditadura: A ditadura do capital, afinal, todo mundo sabe que quem manda é quem tem grana e a idéia de que se pode mudar o mundo, ou o Brasil, com o voto da população é efêmera e nojenta, pois vivemos num mar sem fim de analfabetos, sedentos por qualquer agrado do governo e dispostos a comercializar seu voto por qualquer mimo.

A história é escrita pelos vencedores e Lula quer se manter vinte anos no poder. Quer arrumar um mandato tampão para a antipática Dilma e dar tempo para que as obras do PAC tomem forma para que ele volte à Presidência por mais oito anos como o Empreendedor deste país. Como disse Ferreira Gullar, em texto recente: “Sim, porque, ao contrário dos outros partidos “burgueses”, o partido dito revolucionário vem para salvar o povo e mudar o rumo da história. Logo, não pode se submeter às regras democráticas de alternância no poder”.

A história é escrita pelos vencedores e os Gregos sabem disso. Não fosse assim, caso o Cavalo de Tróia não tivesse dado certo, os gregos seriam o povo mais sacaneado (depois dos portugueses, é claro) e o termo “presente de grego” teria uma conotação bem diferente.

Isso aí. Essa é a idéia. Vamos para o futebol.

A mídia esportiva do Brasil é tão onipotente, que quando lhes convém, por interesses escusos, são capazes de modificar a versão da história dada pelos vencedores. Vejo a Globo constantemente noticiar que o Flamengo luta pelo Hexa, tentando de forma veemente apagar os méritos do Sport em 1987.

Mais recentemente (2005), vi o Corinthians comprar árbitro e mesmo assim levar caneco do Campeonato Brasileiro (aí a mídia ratifica né?)

Vejo semanalmente cronistas esportivos da estirpe de Milton Neves, Juca Kfouri, PC Gusmão, Neto (valha-me Deus) e tantos outros destilarem bobagens irresponsavelmente sobre clubes que não se encontram no eixo Rio-São Paulo.

Assisti à partida pelas oitavas de final da Copa do Brasil este ano contra o Corinthians e achei engraçado o fato de não ter tocado o hino do Atlético após os tentos marcados por nós. Em contrapartida o hino Corintiano ecoou pelas TVs Brasil afora após a feitura dos deles.

Pois é. Assim é a mídia. Tão poderosa que é perfeitamente capaz de chamar o urubu de “meu louro” e ainda fazer todo mundo repetir a besteira, bastando para isso, que haja interesse para.

Mais um ano que o nosso Atlético está fugindo, ou tentando fugir, do rebaixamento. São quatro temporadas nesta malfadada missão.

Sinto como se ainda estivéssemos de ressaca da decisão da Copa Libertadores da América em 2005, como quem ainda espera o jogo ser na Arena, como quem ainda espera a repetição do pênalti perdido no final do 1º tempo no Morumbi.

A verdade é que depois de lá o Furacão não conseguiu se reestruturar; perdemos o foco, andamos trôpegos pelas competições que “disputamos”. Falta objetivo. Carecemos de uma meta. O fenômeno é tão grave que muitos têm falado por aí em “apequenamento” do CAP.

É preciso esquecer Erechim, quando deixamos de ser bi campeões deste país por puro descuido. É preciso esquecer a final de 2005.

Chega de lamentações, murmúrios e descrença. É preciso conquista. É preciso luta para que coloquemos nosso Atlético novamente no topo. No topo do Brasil. No topo da América. No topo do mundo.

Nascemos para sermos gigantes, mas adormecemos depois dos revezes de 2004 e 2005. É hora de acordar. Ainda dá tempo.

Para nos tornarmos o gigante que todos esperam, precisamos de metas, de objetivos claros, e acima de tudo: de um plano.

Como Atleticano que sou eu tenho um.

Inicialmente, é necessário conquistar a torcida do interior do nosso Estado. Paraná não se resume a Curitiba e o destrato que parte da grande parcela dos Curitibanos frente ao povo das demais cidades se reflete no Futebol.

Sei do que estou falando, pois conheço os dois lados da moeda, afinal nasci em Maringá, mas a torcida pelo CAP me deixa com muito contato com diversas espécies de Curitibanos. Conheço os argumentos de cada um dos lados.

No Paraná, criou-se uma certa antipatia, uma rivalidade boba entre as cidades Paranaenses com a capital. Passa-me a impressão que o Paranismo (e não estou falando do P. Clube) não existe. Cada cidade se acha auto-suficiente, como as antigas cidades-estado da Grécia antiga.

Não estou generalizando, mas boa parte dos Curitibanos julga os moradores do interior como “capiais”, como alienados por não torcerem por um time Paranaense. É preciso que isso acabe. A história acaba por mostrar as nossas origens, mas é o tempo e as circunstâncias favoráveis que a faz mudar. É hora de mudança. É o momento de assumirmos o espírito do nosso Estado.

É necessário, queridos irmãos atleticanos, fortalecer a nossa cultura Paranaense, fazer despertar do sono o nosso povo, deixar Curitiba mais próxima do norte do Paraná do que de São Paulo. Deixar Curitiba mais próxima das cidades do oeste e do sul Paranaense do que de Porto Alegre.

Se quisermos crescer e nos manter crescidos é preciso despertar nosso sentimento de Estado, fortalecer nossa cultura, reaproximar o povo Paranaense de Curitiba e trazer os amantes do Futebol da nossa amada Arena da Baixada, para que façamos crescer nossa torcida no interior. A torcida é o primeiro passo; existem outros.

Urge fortalecer a nossa mídia esportiva, que vive em trapos. Aqui em Maringá (cidade onde eu resido) os cadernos esportivos dos jornais trazem matérias tão pequenas sobre o Atlético (e todos os demais Paranaenses) que só é possível enxergá-las caso a sua consulta com o oftalmologista esteja rigorosamente em dia.

Os programas esportivos daqui só falam em times paulistas. Não nos conhecem ou fingem não nos conhecer. A verdade é que não damos tanto ibope como os times do eixo por estas bandas (e lá vem novamente o interesse econômico).

Acho que não preciso dizer nada a respeito da RPC, não é? O Jasson Goulart é bacana, parece ser um cara legal, mas assistir um jogo do Furacão com este indivíduo narrando é simplesmente broxante. Dá náuseas. Ele não sabe sequer o nome dos jogadores e diversas vezes a transmissão fica tomada por um silêncio sepulcral, uma vez que ele mostra claramente que não tem o menor dom para narrar e parece não ter intimidade, ou agilidade, para narrar um jogo de forma minimamente descente. Novamente eu repito, ele parece ser legal como pessoa, mas para narrar jogos de futebol não dá. Sei que não sou só eu que acho isso.

Temos tudo para atingirmos a plenitude de torcida em nosso Estado. Somos o Atlético PARANAENSE. A nossa marca nos torna evidente.

Pode ser que qualquer ano desses a diretoria acerte as medidas dos ingredientes da massa e façamos um campeonato louvável novamente, chegando ao topo, mas para nos manter no topo, para ficarmos novamente em evidência, para que nos temam, nos respeitem, é necessário consolidar as conquistas.

Conquistas se consolidam com torcida, e a nossa é a melhor. È fanática. Só precisamos que se multiplique.

Com o aumento da massa Atleticana outras portas se abrirão e a consolidação do crescimento se consubstanciará.

Frise-se que todas estas menções não dizem respeito a atual campanha do Atlético (iremos nos manter na primeira divisão, disso tenho certeza – a mobilização, como sempre será enorme e o Botafogo cairá na Baixada), mas sim ao ridículo fenômeno de apequenamento pelo qual viemos passando nos últimos quatro anos.

É necessário esquecer as mágoas de 2004 e 2005. Precisamos conquistar novas vitórias e consolidá-las. Não há outra solução. Nascemos para sermos gigantes, e assim seremos.

Chega de reclamar de arbitragem (embora os favorecimentos sejam claros), da mídia que nos dá pouca atenção, dos comentarias infames e despreparados que não conhecem a nossa força nem nossa história. É hora de parar de reclamar das regras do jogo e começar a jogá-lo com todas as nossas forças.

A história é escrita pelos vencedores. Não há outra opção para nós que não seja a vitória.

Avante meu Furacão.



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