12 ago 2010 - 19h58

Claiton: “Tenho certeza que em setembro vou estar jogando”

O volante Claiton desmentiu a notícia de que não atuaria pelo Atlético neste Campeonato Brasileiro. A informação surgiu nesta tarde depois de o gerente de futebol Ocimar Bolicenho declarar que “deixamos de contar com ele para o grupo que vai disputar o Brasileiro desse ano” em razão da cirurgia a que o jogador foi submetido nesta quarta-feira.

Segundo Claiton, houve um mal entendido. Ele estima que sua recuperação ocorrerá dentro de alguns dias e em setembro já estará apto a voltar a atuar pelo Atlético.

Confira a entrevista exclusiva que o jogador concedeu à Furacao.com:

Como você recebeu essa notícia de que não fazia mais parte dos planos para este Brasileiro?
Eu fiz a cirurgia ontem e hoje de tarde estava lá tratando. Falei com todo mundo, falei com o Ocimar [Bolicenho, gerente de futebol] ontem, e eu cheguei hoje em casa e minha esposa perguntou: “Você viu o site Furacão (sic) falando que você está afastado?”. Eu disse: “Não, não tem nada, tá louca? Acabei de vir do clube. Acabei de sair da cirurgia”. Aí eu olhei o site e falei: “Ué, tem alguma coisa estranha…”. Aí eu conversei com algumas pessoas, conversei com o próprio Ocimar, e ele falou que não teve nada, o que ele falou e que as pessoas entenderam mal. Falou que hoje está uma pressão muito forte para me colocar para jogar e a pressão iria diminuir agora, porque eu não poderia jogar.

Como foi essa cirurgia?
Para explicar ao pessoal, a cirurgia se chama artroscopia. O tempo [de recuperação] dela é mais rápido que uma lesão muscular. Você vê que o Ganso fez uma aí esses dias, o Nei, do Inter, fez e voltou em oito dias, o próprio Bruno Furlan voltou em dez, o Deivid voltou em 15. Então, é só uma limpeza mo menisco, não é nada de grave como estão falando, de acabar o ano.

Essa operação tem alguma coisa a ver com as suas lesões anteriores no tendão?
Não, nada a ver. É no joelho, no joelho esquerdo, uma dor que eu senti num treino, vinha doendo e eu vinha treinando. Vinha treinando normal em todos os treinos, pronto para jogar. Até já tinha conversado com o Carpegiani várias vezes, ele disse que eu teria oportunidade, que tinha outros jogadores, que é opção do treinador, e eu vinha treinando. Só que na sexta-feira, no coletivo que teve, eu senti uma dor forte. Aí eu liguei para o Thiele e disse que estava com uma dor forte. Treinei no sábado normal, e aí ele disse que iria fazer um exame na terça-feira. Eu fiz o exame, contei que tinha uma dor assim e assim, conversamos e aí eu falei: “Não estou sendo usado, nós estamos em agosto, olhei a tabela e vi que setembro tem nove jogos. Pô, Thiele, quanto tempo?”. Ele falou: “Até quatro semanas. Mas tu é forte”. Daí conversei com vários jogadores que fizeram essa artroscopia, estive em Porto Alegre no final de semana e conversei com o Nei, ele me falou que em oito dias estava jogando. Então, voltei e falei: “Thiele, vou fazer porque setembro vai ter nove jogos. Vai ter cartão, lesão, eu acho que vou ter a minha oportunidade. Eu não quero ter a oportunidade e aí ter de parar para fazer a cirurgia. Vou fazer agora que não estou sendo usado”. Esse foi o meu pensamento, a ideia é essa. Espero que nesse tempo eu já esteja de volta para disputar posição.

O que houve então foi uma confusão porque hoje foi noticiado que Alex Mineiro, Jean e Anderson Aquino não seriam mais aproveitados e a informação da sua cirurgia levou a entender que você também estaria fora do Brasileiro.
Exatamente. A minha cirurgia foi assim, olha: a minha cirurgia ninguém sabia. Foi ontem que eu e o Thiele conversamos com o Ocimar. Ele até lamentou porque na quarta-feira teve um coletivo e o Carpegiani me elogiou, disse que estava gostando. Mas eu pensei pela tabela. Eu vi que voltou também o Olberdam, né? Aí eu vi: “Pô, não vou ser usado. Então, vamos fazer logo, Thiele. Vamos aproveitar esses 15, 20 dias aí e em agosto estou livre e eu tenho certeza que em setembro eu vou jogar, porque é muito jogo, são nove jogos. Minha ideia é entrar para não sair mais”. Aí ele também concordou, conversou com o Ocimar, e ele falou “Tranquilo, se tem de fazer, vamos fazer o que?”. Aí hoje quando eu cheguei em casa eu vi a notícia e levei um susto. Mas eu conversei com o Ocimar, ele me disse que entenderam errado…

Então você chegou a conversar com o Ocimar depois disso?
Bom, o primeiro telefonema que eu fiz foi para o presidente. Expliquei para ele tudo, e ele: “Claiton, tu viu o site oficial do Atlético Paranaense?”. Falei: “Vi”. E ele: “O que vale é o site oficial do Atlético. Está lá que foi uma excelente cirurgia, gostamos, não tem nada a ver uma coisa com a outra e estamos contando contigo. Já falei com o Thiele hoje, ele falou que foi muito boa a cirurgia e queremos que tu se esforce que estamos contando contigo”. Essa foi a palavra do presidente. Em seguida o Ocimar me ligou perguntando da cirurgia, como é que estava e eu coloquei para ele a situação toda que teve. E ele: “Não, pelo amor de Deus, tu sabe que não tem nada a ver, pode ficar tranquilo, tá louco, bem capaz que eu ia fazer um negócio desses, conversamos ontem e continua valendo o que eu falei”. E realmente ele falou pra mim isso aí ontem que a cirurgia era ruim pra mim, mas também seria bom porque seria um alívio para trabalhar, no caso do Carpegiani, porque a pressão da torcida e da imprensa estava muito grande para mim voltar (sic). Isso aí dá uma tranquilizada. Foi o que o Ocimar me falou que o que ele passou para a imprensa foi isso.

O Ocimar deu a seguinte declaração ao blog da jornalista Nadja Mauad: “Como nós estamos com o elenco inchado nós deixamos de contar com ele para o grupo que vai disputar o Brasileiro desse ano. Mas o motivo principal é a necessidade dessa nova intervenção cirúrgica”.
Eu não sei que blog é esse. O que ele me colocou, velho, foi isso: que ele falou que ia ter uma cirurgia e que agora não ia poder contar comigo. Tipo assim, o que ele falou é que iam deixar de pedir o Claiton. Querendo ou não, ficou um mal entendido.

Agora então a palavra oficial do clube é de que conta com você. Essa é a posição do clube. E a sua posição é que você quer jogar. É isso?
Exatamente. E eu fiz isso já para quando eu jogar eu estar tranquilo. Antes de fazer isso, eu conversei com vários jogadores que fizeram, tive o exemplo de vários jogadores. Vi o Ganso que fez antes da Copa e jogar a final da Copa do Brasil, conversei com o Nei em Porto Alegre pessoalmente e ele me disse: “Senti contra o Vasco na quarta, operei na sexta e voltei na quinta da outra semana”. Falou que foi tranquilão. Tive a oportunidade de conversar com o Furlan, conversei com o próprio Deivid, o Coquinho, que está aí. Ele fez nas duas pernas e falou que com uma semana estava correndo e com duas foi convocado pelo Lopes. Eu fui pesquisando, entendeu?

Como será sua rotina agora? Amanhã você vai para a fisioterapia?
Eu já fiz hoje fisioterapia, hoje à tarde. Por isso que foi surpresa, porque hoje à tarde eu estava no clube e ninguém falou nada. E essa foi a surpresa. Olha, o que eu queria deixar bem claro é o seguinte: se você perguntar para as pessoas verdadeiras do clube, velho, qualquer um, da parte de fisioterapia, de jogador, de comissão, você vai saber. Pô, eu sou um cara, velho, que tenho contrato até o final do ano que vem, um contrato que não é pouco, e podia não estar nem aí: “Ah, sei lá, os caras têm que me pagar igual”. Pô, eu sou um cara que me dedico pra caramba, me esforço, estou fazendo essa cirurgia porque eu quero ficar bom para jogar tranquilo, fiz todos os treinos, estou treinando, estou bem, estou me esforçando. E isso é uma coisa que todo mundo fala, até o Carpegiani quando conversou comigo falou: “Claiton, a tua atitude é louvável. Qualquer jogador na tua situação já teria desistido, teria largado, tem que receber igual. Mas não, você está brigando para jogar”. Porque que quero jogar, entendeu? Sou um cara que quero estar junto, quero jogar. E mesmo sem jogar eu vou a todos os jogos, vou junto, quando não vou estou ligando para os jogadores…Assim, olha, eu sou um torcedor. Estou torcendo para o Atlético sair dessa situação e eu quero fazer parte. Eu tenho certeza, certeza mesmo, que eu fiz cirurgia e em setembro eu vou estar jogando.

Então a sua perspectiva para voltar é o mês de setembro?
Setembro, em setembro eu vou jogar e vou ajudar muito, tenho certeza.

Você tem uma relação diferenciada com a torcida do Atlético, que gosta muito do seu futebol. O Atlético fez um esforço muito grande para trazê-lo de volta. Imagino que, até pela sua carreira, você deva ter um dos salários mais altos do elenco. Mas já se passou um ano e você não fez nenhuma partida. Como você se sente com relação a isso?
É isso que eu estou falando, entendeu? Eu tinha mais um ano de contrato no Japão, entendeu? Meu contrato aqui é bom. Eu não sei quanto os outros ganham, não sei se é maior ou menor, é um bom contrato para mim. É o contrato que eu queria. Só que é a metade do que eu ganhava no Japão, para você ter uma ideia. Eu vim porque eu queria voltar para o Brasil e deixei isso bem claro. E antes de ter uma proposta do Atlético, e o Malucelli sabia disso, eu tinha uma proposta do Vasco. Maior que a do Atlético, concreta. Mas eu queria voltar para o Atlético. Foi uma opção minha voltar para o Atlético. Voltei, aconteceu a lesão do tendão, que é uma coisa que acontece no futebol. Se tu olhar hoje o Real Madrid pagou um dos maiores contratos do mundo para o Kaká, mas o Kaká não conseguiu jogar no Real Madrid. Não me comparando ao Kaká, mas estou falando em termos de custo, custo-benefício, entendeu? Então, é uma coisa que acontece, é um risco que tem o jogador de futebol. Você vê o Ederson na Seleção, entrou, ficou três minutos, vai operar e ficar cinco meses parado. É o futebol. A gente não quer isso, o jogador não quer isso. Eu só quero dizer isso: que a minha vontade, desde a primeira cirurgia, é voltar a jogar. Se você falar com qualquer médico, qualquer cara da fisioterapia do Atlético você vai ver que eu sou um cara que estou fazendo tudo, tudo, tudo, tudo mesmo para voltar a jogar. De verdade. Tudo e mais um pouco. Eu sou um cara que tem que até parar porque eu quero, sabe? É uma vontade minha. Em todos os jogos eu estou lá na torcida…A minha intenção é voltar a jogar, eu tenho essa esperança, tenho a esperança de voltar a jogar. Eu queria dizer para a torcida do Atlético que o Claiton vai voltar, vai ajudar o Atlético ainda, estou com muita vontade, sou um jogador que tenho certeza que vou ajudar muito o Atlético, e as coisas que estão acontecendo são realmente coisas do destino, coisas que Deus quer e que a gente não pode mudar. São coisas que não dependem de mim, da torcida, nem do presidente do Atlético, não depende de ninguém. São coisas tristes que acontecem. Não é assim: “Ah, o Claiton deu um migué e não quer jogar”. Não! O Claiton fez cirurgia do tendão! Ninguém dá migué para fazer cirurgia. Ninguém dá migué para fazer artroscopia, entendeu? Então, são coisas sérias e coisas que acontecem com um atleta. Eu tenho 32 anos e eu nunca, nunca na minha vida, tive uma lesão muscular. Há coisa de 15, 20 dias, o Olberdam teve uma lesão muscular e eu perguntei para ele como é que é a dor. Porque eu nunca me machuquei. Se você pegar o meu histórico, eu nunca tive uma lesão na minha vida, em toda a minha carreira. E aconteceu que eu tive três lesões, duas graves e essa que, apesar de ser rápida, não deixa de ser uma lesão, que aconteceram no Atlético. Eu fico triste, minha família fica triste. Meu filho entra em campo comigo no Atlético, ele é torcedor do Atlético. Então, a gente aprendeu a ter um carinho muito grande pelo Atlético. Eu tenho carinho pelo Atlético. Eu joguei em vários clubes, clubes grandes, de expressão, eu joguei a minha vida inteira no Inter, e hoje o Atlético faz parte da minha identidade. Independente de chegar daqui a um tempo, chegar amanhã e me dizerem: “Claiton, tu não é mais do Atlético”. Eu não vou culpar o Atlético, não vou culpar ninguém. Eu sou muito feliz no Atlético, vou continuar torcendo pelo Atlético, vou continuar tendo carinho pelo Atlético, porque eu gosto do Atlético. Essa é a minha opinião.



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