2 dez 2010 - 8h46

O Jacaré que conquistou o Furacão

O sorriso fácil e a grande segurança com as palavras ao analisar os quatro anos vestindo a camisa da equipe profissional do Furacão marcaram a entrevista exclusiva que o zagueiro Rhodolfo concedeu para a Furacao.com, no último sábado (27). Aos 24 anos, o jogador nascido em Bandeirantes e criado na pequena Barra do Jacaré vive o melhor momento da carreira. Depois de superar uma fase conturbada e reconquistar a confiança da torcida, Rhodolfo foi um dos melhores zagueiros do Campeonato Brasileiro e chegou a ser cotado para ser convocado para a Seleção Brasileira.

Durante mais de uma hora de conversa, ele contou detalhes de sua trajetória, como as vezes em que ligou chorando para a mãe pensando em abandonar o futebol. Persistente, não desistiu do sonho e se tornou o jogador mais bem sucedido do time juvenil do Atlético de 2003.

Depois de conquistar a Taça Belo Horizonte de Futebol Júnior de 2006, Rhodolfo foi promovido para a equipe profissional, onde estreou oficialmente no dia 10 de setembro de 2006, na partida entre Atlético e Internacional, no Estádio Beira-Rio.

Desde então, Rhodolfo disputou outras 175 partidas com a camisa rubro-negra, totalizando 85 vitórias, 44 empates e 47 derrotas. Estes números fazem do zagueiro o atleta do atual elenco atleticano que mais disputou jogos pelo Furacão.

Confira abaixo a entrevista exclusiva com o zagueiro Rhodolfo.

Para começar, por que esse Rhodolfo com “Rh”?
Olha, eu também queria saber. O povo do interior tem mania de inventar letras e nomes. O nome do meu irmão é Haudye, então já dá para ter uma ideia do motivo desse Rhodolfo com “Rh”.

Muita gente erra o seu nome?
Nossa, a maioria das pessoas. Principalmente em matérias, em sites. Muitos escrevem o meu nome com “ph” (Rodolpho).

Em casa te chamam de Rhodolfo? Por que seu nome é Luiz Rhodolfo, certo?
É, mas em casa é só Rhodolfo.

E de Jacaré?
Não, na minha cidade ninguém me chama de Jacaré. Este apelido surgiu nas categorias de base. O pessoal não sabia o meu nome e o treinador falava “chama aquele menino de Jacaré”.

Ainda na base, nas fichas de jogos seu nome vinha como Jacaré, não?
Eu era capitão do time de juniores e os jornais publicavam Jacaré. Quando eu subi para o profissional o pessoal achou melhor sacar o apelido.

Mas você quem quis tirar?
Não, o clube achou melhor porque Jacaré não combinava com jogador e deixaram só o Rhodolfo mesmo. Muito melhor assim.

Como foi que você chegou ao Atlético?
Eu comecei jogando no infantil do União Bandeirante, após passar em um teste. Isso foi no ano de 2000 e eu tinha 14 anos. Após um mês e meio eu fui dispensado. Depois disso rodei por alguns times e já estava bem desanimado para jogar. Quando eu tinha 16 anos, o meu primo, chamado Mateus, que jogava no Taquaritinga, chamou a atenção do Atlético, que fez uma proposta para ele ir para a equipe de juniores. O empresário do meu primo foi para Barra do Jacaré pegar as assinaturas dos meus tios. Nesse dia, eu estava passando pela casa deles e o meu tio comentou com o empresário que eu era um dos destaques da cidade, que era alto e, apesar de magro, conseguia me destacar no meio da molecada.

Nesta época você já atuava como zagueiro?
Eu jogava de volante e zagueiro. No mesmo dia o empresário me chamou lá e falou “grandão, tá afim de ir para esse time aqui?” e me deu um folder do Atlético. Eu nem conseguia falar. Depois disso ele marcou um teste para mim e eu fui descrente, pensando “se eu não passei nesses times do interior, vou passar no Atlético?”. Cheguei no clube em 2002 e após três meses acabei machucando o joelho. Após este problema, eles [responsáveis pelas categorias de base] pediram para eu voltar para casa para não reprovar de ano e disseram que no ano seguinte eu iria voltar para ficar. Fui embora em novembro de 2002 e fiquei sem contato com o Atlético durante três meses. Em março de 2003, o Paraná Clube foi para o interior fazer um teste com a molecada da região. Eles gostaram de mim e agendaram a minha viagem para uma terça-feira. No domingo, o empresário me ligou e falou que os profissionais do Atlético gostariam de fazer outro teste comigo. Voltei para o Atlético em no mesmo mês. Era para eu ter vindo para o Paraná (risadas).

E o que aconteceu com a carreira do seu primo?
Ele veio para o Atlético, mas infelizmente não deu certo. Ele é zagueiro também e na época assinou um contrato de cinco anos. Algum tempo depois ele discutiu com o técnico porque ele queria jogar e acabou rescindindo o contrato. Hoje ele joga no interior de São Paulo.

Você já torcia por algum time naquela época?
Minha família inteira torce pelo Santos e, por este motivo, eu era santista na infância. Lá na minha região os times paulistas são muito fortes.

Conhecia o Atlético?
Conhecia sim, mas o Atlético não era tão forte quanto hoje no estado. Nós fomos conhecer melhor o clube depois do título brasileiro de 2001.

Em qual zagueiro você se inspira para jogar?
Quando era mais novo, eu gostava muito do Gamarra. Depois de um tempo passei a admirar o Lúcio, que é um excelente jogador.

E hoje estão te comparando a ele…
É, eu vi. Me falaram isso e eu fui dar uma olhada nos sites. Eu lembro uma vez que nós fomos viajar para os Estados Unidos, eu tinha 17 anos, e acabamos encontrando ele no aeroporto. O time inteiro foi tirar foto com ele e eu fiquei com muita vergonha.

Falando em Estado Unidos, como foi sua passagem pelo Red Wings?
Disputamos a Dallas Cup e fomos campeões. Os responsáveis pelo Red Wings queriam jogadores abaixo de 18 anos e nos escolheram. Fiquei um mês lá. Eu e o Marcelinho fomos emprestados. Chegamos com o campeonato em andamento, jogamos e logo fomos embora. O técnico era holandês, falava um pouco de espanhol, a mulher dele era italiana e nós ficamos na casa de outros jogadores. Conseguimos aprender um pouco de espanhol e fizemos algumas amizades.

Por que nas categorias de base é tão difícil saber se o jogador irá conseguir se profissionalizar?
Vários treinadores da base falavam que não era o moleque com muita qualidade que iria se tornar jogador profissional, pois a habilidade não é tudo. Eu nunca tive muita habilidade, mas sempre tive vontade. Muitos jogadores com qualidade acabaram não dando em nada. Chegavam na equipe de juniores e não conseguiam mais jogar. Quando eu cheguei no clube, tinha uns dez que não queriam que eu ficasse, mas tinha um cara ou dois que falavam que eu tinha força de vontade e boas características físicas. No início eu era reserva e nem tinha contrato. Eu só joguei no juvenil porque três zagueiros do time não tinham condições de jogo e o outro zagueiro do grupo era dois anos mais novo. Na semana deste jogo, meu pai tinha vindo para Curitiba para trazer uns documentos na prefeitura e no dia que o técnico me escolheu para jogar o meu pai estava aqui e assinou o contrato. Por coincidência a partida era contra o União Bandeirante. Eu joguei bem e nós ganhamos de 3 a 0. Depois deste jogo eu comecei a treinar mais e fui crescendo dentro do clube.

Você morava no CT?
Morava. Eu passei cinco anos no CT do Caju.

E não dava vontade de voltar para casa?
Dava sim, principalmente no começo. Nós não recebíamos nada e os meus pais não tinham condições de mandar dinheiro. Você fica naquela desconfiança, pensando se as coisas irão dar certo ou não. Quantas vezes eu liguei para casa chorando, dizendo que queria ir embora e minha mãe não aceitava. Eu falava que não aguentava mais e ela respondia que eu iria voltar para casa para ficar sofrendo na roça. Eu chorava de um lado e ela chorava do outro. Ela falava sempre para eu tentar mais um pouco.

Outra coisa que dificultava muito o nosso trabalho era o fato de alguns jogadores que estavam no profissional voltarem para a equipe de juniores. Nós acabávamos perdendo espaço. Naquela época, os zagueiros Alessandro Lopes, Douglas e Alex Fraga jogavam pelos juniores para não perder o ritmo de jogo e acabava sobrando para mim.

Nessa época em que você se profissionalizou, houve vários jogadores que conseguiram subir para o professional, mas não se firmaram no Atlético, como o Ticão e o Evandro. Você chegou a receber propostas de outros times ou pensou em trocar de clube?
Nunca pensei em sair. Quando subi para o profissional, com o Vadão, em 2006, eu já ficava no banco no banco de reservas. Os titulares da equipe eram o Danilo, João Leonardo e o César. Quando um deles se machucava ou era suspenso eu pensava “vou jogar”, mas o time era escalado com apenas dois zagueiros. Eu fiquei uns dez jogos nesta situação. Meu primeiro jogo profissional foi contra o Internacional, no Beira-Rio. Estávamos perdendo de 2 a 0 e eu entrei no segundo tempo. Depois desta partida eu sofri uma lesão no quadril e só joguei novamente um ano depois.

Quando voltei a treinar, eu estava jogando de lateral-direito do time “C” do Atlético. Foi um momento muito difícil. Fiquei desanimado, pois nós tínhamos vários zagueiros e eu tinha que ser improvisado para poder treinar. As coisas só mudaram quando o Antonio Lopes chegou no clube, em 2007, e já me colocou para treinar no time reserva. Um jogo depois e eu estava escalado para o banco. O Lopes sempre deu muita importância para a força de vontade dos jogadores. Por este motivo ele gostava muito do Valencia. Tínhamos que correr e marcar igual o Valencia.

Nestes anos de Atlético, você já jogou em esquemas com três e dois zagueiros. Qual é a grande diferença destas formações defensivas?
Quando comecei a jogar nas equipes de base, nos jogávamos com três zagueiros e eu jogava pelo lado direito, quase como um lateral, saindo bastante para o ataque. Isso me ajudou com o Antonio Lopes, pois eu já estava acostumado com o esquema com três zagueiros. O Lopes pedia para eu não passar do meio de campo e se isso acontecesse eu nem iria treinar. Ele falava “zagueiro comigo pode chegar até o meio campo e passar a bola ou dar um chutão”. Cada técnico tem sua característica e nós temos que aceitar. Quando o Ney Franco assumiu o time, ele gostava de jogar com três zagueiros e liberava os dois das pontas para chegar como surpresa pelo lado do campo. Foi aí que eu comecei a me soltar, porque eu gostava muito de jogar pela direita. Ou seja, o esquema depende muito do treinador e nós temos que nos adaptar.


A defesa era muito criticada por causa dos chutões…
Já assisti a muitos jogos no meio da torcida e sei como o torcedor reage. Só que em alguns casos temos que ouvir o treinador e dar chutões. Sabemos que a torcida não gosta e nós também não gostamos, mas às vezes se torna inevitável. Eu não podia contrariar o meu treinador, porque senão não jogaria mais, e ao mesmo tempo me queimava com a torcida. Isso é muito complicado.

Analisando este posicionamento defensivo, como o Sérgio Soares pede para vocês jogarem?
O Sérgio e o Carpegiani são bem mais tranquilos, mas nós sabemos que não podemos sair muito, pois jogamos apenas com dois zagueiros. É muito difícil você ver eu ou o Manoel subindo para o ataque. Quando isso acontece, geralmente nos contra-ataques, um dos volantes tem que ficar para recompor a defesa.

Analisando o perfil dos seus companheiros nestes quatro anos de profissional, o Danilo, por exemplo, era um jogador mais lento. Já o Manoel é extremamente veloz. Atuar ao lado de um atleta mais rápido facilita o seu trabalho?
Com toda certeza. Quando, por exemplo, eu tomo uma jogada nas costas, tenho a confiança de que o Manoel vai conseguir acompanhar o adversário. O Manoel está numa fase muito boa. Subiu agora para o profissional e está se dedicando bastante. Ele me passa muita tranquilidade.

No início da carreira, você jogava mais pela direita. Depois da entrada do Manoel na equipe, você passou a jogar pela esquerda. Você conseguiu se adaptar bem?
Foi tranquilo. Como eu já vinha jogando há mais tempo, o treinador preferiu me colocar na esquerda e deixou o Manoel na direita. Agora eu tenho um entrosamento muito bom com o Paulinho. É lógico que seria mais fácil jogar pelo lado da minha perna boa, mas temos que nos acostumar para ajudar a equipe.

Quando o Paulo Baier não atua, você costuma ser o capitão da equipe. Vocês dois costumam falar muito durante a partida. Qual é a importância desta conversa entre os jogadores?
No início do ano, o nosso time não conversava muito dentro do campo. Sempre foi um grupo muito bom, mas não existia uma cobrança. No começo do Brasileirão, quando nós estávamos perdendo, fizemos uma reunião e acertamos que nós tínhamos que nos cobrar dentro das quatro linhas. Depois disso o time se acertou e os jogadores se soltaram.

Neste Campeonato Brasileiro, o Atlético teve alguns problemas com erros de arbitragem. Como manter a calma nestes momentos?
Neste último jogo (Grêmio x Atlético), deu vontade de pular no pescoço do árbitro. Nós sabíamos que não tinha acontecido nada. Eu e o Neto fomos falar com o bandeira e ele viu que não tinha sido pênalti. O árbitro veio me dar cartão amarelo e o bandeira falou “eu não vi pênalti, não foi”. Nós ouvimos ele falando. O juiz disse que assumia a responsabilidade. Depois disso, o Paulo Baier foi conversar e também levou o cartão. Não tem como não sair revoltado. Em um lance que não aconteceu nada dois jogadores foram suspensos e o pênalti decidiu o jogo.

O que você acha que deve ser feito para que as arbitragens melhorem no futebol mundial?
O primeiro passo seria a escalação de árbitros reservas atrás dos gols. Eles poderiam ajudar em vários lances difíceis, como em jogadas em que existe a dúvida se a bola entrou ou não e, também, em muitos pênaltis duvidosos.

Além dos jogadores falarem mais dentro do campo, o que mais contribuiu para o crescimento da equipe no Campeonato Brasileiro?
Olha, eu acho que o esquema tático implantado pelo Carpegiani ajudou bastante. Além disso, tivemos uma conversa pesada no meio da competição e concluímos que se não acordássemos, teríamos que brigar para não cair para a segunda divisão. Com isso ganhamos confiança e vimos que podíamos jogar para ganhar.

E o crescimento profissional do Rhodolfo ao longo de 2010 se deve a que?
Acredito que essa boa fase começou com a sequência de jogos que tive ao longo do ano. Nos anos de 2008 e 2009 eu tive várias lesões e sofri muito com isso. Eu jogava no sacrifício para ajudar a equipe, mas acabava me prejudicando. Já neste ano, até a 30ª rodada do Brasileirão eu tinha participado de todos os jogos. Esse ritmo contribuiu muito para o meu futebol.

Você tem uma trajetória curiosa. Quando surgiu era uma unanimidade, a torcida gostava muito. Depois deu uma caída e ficou um pouco marcado…
Quando eu comecei a jogar eu estava confiante, o Lopes chegou e nós demos uma bela arrancada no Brasileiro. Em 2008, eu me machuquei bastante e tive uma temporada mediana. Já em 2009, eu comecei o ano lesionado, voltava parcialmente bem e quando cometia um erro a torcida pegava no pé. Muitos falavam que eu não queria nada com o Atlético, que estava indo mal e que eu não me esforçava. Mas poucos sabiam que eu estava me esforçando para ajudar o time, pois tinha acabado de voltar de lesão e passava a semana inteira fazendo fisioterapia. Neste ano, nós começamos o Campeonato Paranaense perdendo em casa. Daí a torcida começou a me vaiar, pois eu já estava marcado por causa do ano passado. Mesmo assim eu não desanimei. Estou no profissional há quatro anos e alguma coisa os técnicos viram em mim. Depois deste início conturbado, eu comecei a treinar muito e fiz alguns gols importantes, consolidando esta fase importante.

Qual foi o melhor atacante que você já enfrentou?
Já joguei contra muitos atacantes de alto nível, entre eles Nilmar, Neymar, Robinho e Ronaldo. Hoje não tem um atacante no Brasil que você fale “esse cara é ruim”. Os jogadores mais complicados de marcar são os habilidosos, rápidos e que correm mais.

Dentro de campo, você costuma conversar com o adversário?
Pouca coisa. Às vezes você conhece o adversário porque jogou junto, mas mesmo assim eu não gosto de falar muito para não perder a concentração.

E não tem alguns adversários que provocam durante todo o jogo?
Vira e mexe nós enfrentamos alguns que simulam, ficam tentando cavar falta e caem o tempo todo. Daí você tem que fazer uma pressão também. O Neymar, por exemplo, gosta de se jogar. Ele é rápido e muito leve. Em qualquer toque mais forte ele se joga.

No primeiro semestre deste ano, a partida entre Atlético e Palmeiras, na Copa do Brasil, acabou na delegacia por causa de uma atitude racista. Os dois jogadores (Danilo e Manoel) envolvidos foram seus parceiros de zaga no Furacão. Como você se posicionou nesta história?
Eu fui depor em favor do Manoel, porque eu escutei ele sendo xingado. Já concentrei com o Danilo, tinha uma amizade com ele, mas quando ele foi para o Palmeiras ele mudou muito. No último jogo em que eu enfrentei o Palmeiras, o Danilo não quis me cumprimentar e nem olhou no meu rosto. Quando rolou o incidente com o Manoel, eu estava bem no meio dos dois. Aquilo não foi atitude de jogador, de homem. Ninguém tem direito de cuspir na cara de um companheiro. Não sei como o Manoel aguentou. Se fosse outro jogador o caso poderia ter acabado de maneira muito mais problemática. O Manoel entrou no vestiário quase chorando. Isso não é coisa que se faça com um companheiro de trabalho.

Você tem quase 180 jogos pelo Atlético. Qual jogo ou lance que não esquece? E qual derrota foi a mais dolorida?
O meu jogo inesquecível foi contra o Corinthians, na Arena. Foi a minha primeira partida como profissional jogando no Caldeirão. O jogo passou na Rede Globo, minha cidade inteira estava assistindo e eu fiz o meu primeiro gol. Esse jogo não sai da minha cabeça. Já a derrota mais dolorida foi para o Chivas, na Copa Sul-Americana de 2008. Após uma grande partida do nosso time reserva lá no México, nós acabamos perdendo por 4 a 3 em casa e fomos eliminados da competição.

Mesmo sendo novo, você é um dos mais experientes do grupo atleticano e está entre os jogadores que mais jogaram na Arena. Qual é o maior diferencial do estádio atleticano?
Na Arena as partidas ficam bem complicadas para os adversários. Mesmo quando estamos mal, a torcida empurra o time para cima e os jogadores conseguem se superar dentro do campo. No jogo contra o (Grêmio) Prudente, eu tinha voltado depois de duas semanas e estava quase desmaiando dentro do campo. Eu até falei para o Manoel que a minha visão tinha ficado um pouco escura e que eu mal conseguia ver a bola. Mas com os gritos da torcida eu ganhei muita energia e continuei no jogo. Jogando na Arena a minha motivação dobra.

Mas é lógico que a mesma pressão que os adversários sofrem, vocês sentem quando a torcida vaia. Esta atitude atrapalha os jogadores ou vocês procuram não pensar nisso?
Teve um ano que foi bem complicado. Eu até conversava com o Chico sobre isso, pois a torcida pegava no meu pé porque eu estava jogando há mais tempo. As vaias desanimam qualquer jogador e eu até pensei em sair do Atlético. Eu falava “a gente corre, se esforça, dá o sangue e por causa de um lance os caras já pegam no pé”. É aquela coisa, para você ganhar moral com a torcida demora muito, mas para você perder é bem fácil. É complicado ver um estádio inteiro te vaiando. Se você acerta um passe é algo normal, mas se você erra já está dando motivo para as vaias.

E as críticas da imprensa? Alguém já te tirou do sério?
Tem um, posso falar o nome? O Binho, da televisão. Mesmo quando eu jogava bem ele me “cornetava”. Meu Deus, foi complicado mudar o pensamento dele. Ninguém gosta de ouvir comentários ruins. Eu assistia ao programa só para ver se ele iria mudar de opinião, mas não mudava nada. Até que um dia eu fiz um gol, fui comemorar em frente do setor onde ele fica na Arena e falei “para de falar mal de mim, dá uma moral também”. Depois desse dia ele melhorou.

Dos técnicos que você trabalhou, qual foi melhor?
Eu tenho muito carinho pelo Antonio Lopes. Ele me ajudou muito no início da minha carreira. Trabalhei duas vezes com ele. Às vezes eu não estava bem, mas ele me passava muita confiança . Ele foi um pai para mim dentro do futebol.

O Sérgio Soares é um treinador que transmite muita emoção e determinação durante as partidas. De que forma estas características motivam a equipe?
O Sérgio foi jogador, conhece o linguajar dos atletas e sabe como se comunicar com o elenco. Ele consegue passar essa emoção para dentro do campo. Além disso, as preleções dele são as mais emocionadas que eu já vi. A maioria dos técnicos gosta de fazer [a preleção] no CT ou no hotel. Ele prefere trabalhar no vestiário e sabe como motivar o grupo. Já dentro do campo, ele chama os jogadores e vai no embalo da torcida. Essa energia vai passando para a gente dentro do campo.

Colaboração: Caio Derosso e Paulo Perussolo (Furacao.com)



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