23 dez 2011 - 3h52

Kléber: o Incendiário matador

Ele teve tudo para se transformar no maior artilheiro da história do clube. Faltaram apenas 30 gols para Kléber chegar à marca de Sicupira, que balançou 154 vezes as redes com a camisa rubro-negra. A diferença poderia ter sido ainda menor, se o atacante não tivesse perdido 16 pênaltis pelo Furacão. Porém, o jogador esteve presente nas mais recentes conquistas do Rubro-Negro: foi tricampeão paranaense (2000, 2001 e 2002), campeão da Seletiva em 99 e Brasileiro em 2001. Aliás, a conquista deste título foi o momento mais brilhante do jogador com a camisa atleticana, pois marcou 50 gols na temporada e foi premiado com a “Chuteira de Ouro” da revista Placar, além de ter feito os mesmos 17 gols que seu companheiro de ataque, Alex Mineiro.

O artilheiro daquele ano foi um dos maiores responsáveis pela conquista do título brasileiro do Atlético em 2001. Sua grande atuação se deu na primeira fase da competição, quando marcou 16 gols e ajudou o Atlético a garantir o segundo lugar na classificação, podendo jogar na Arena os jogos das quartas e semifinais. Mas a relação de Kléber com a torcida atleticana tinha as suas peculiaridades. Foi preciso muita paciência para aprender a entender o craque. Afinal, com ele era sempre oito ou oitenta.

Era amado quando protagonizava lances de pura magia, com golaços que encantavam as arquibancadas. Mas também era bastante criticado quando perdia gols sem goleiro, só pelo capricho de dar um drible a mais em algum defensor. Num Atletiba em 2002, chegou a parar o ataque para apanhar sua correntinha que havia caído no gramado. Kléber era assim: imprevisível. O simples nunca lhe satisfazia. Gostava do espetáculo, dos gols de placa, mesmo que isso lhe rendesse algumas críticas e vaias das arquibancadas. Kléber também foi marcado pelos constantes atrasos nas reapresentações do plantel para uma nova temporada. Devia ter umas 10 avós, pois justificava os seguidos atrasos na reapresentação com a notícia do falecimento de alguma delas.

Sua história no Atlético terminou em 2002. Kléber foi negociado com o futebol mexicano, ao lado de Alex Mineiro, para o Tigres. Porém, a dupla não conseguiu repetir no México o sucesso alcançado na Baixada. Alex logo retornou ao Atlético, mas Kléber se manteve firme no futebol mexicano. Depois de uma passagem pelo Veracruz, foi para o América, um dos times mais tradicionais do país. Ainda passou pelo Necaxa (MEX), Santos, Internacional e Vitória. Mesmo sempre confidenciando sua intenção de terminar a carreira no Atlético, voltou esse ano ao Moto Club, onde começou, para encerrar sua trajetória no futebol.

Apesar das críticas, ninguém pode contestar seus números no Atlético. E foi assim, entre momentos de genialidade e displicência, entre aplausos e vaias, que Kléber atuou por quatro anos com a camisa rubro-negra, anotando 124 gols em 185 partidas. “O Incendiário”, como era chamado, foi peça fundamental no esquema de Geninho para conquistar a tão sonhada estrela dourada.

No último domingo, quando a Baixada recebeu os craques daquele brilhante título de 2001, Kléber relembrou os momentos vividos com a camisa atleticana e como era voltar ao estádio jogando por outros clubes.

O que representou o título brasileiro na sua carreira e na sua vida?
Foi uma marca importante, que vai sempre na minha vida, na minha memória. O Atlético está de parabéns por tudo que representa dentro do futebol e hoje só tenho a agradecer. Hoje estou revendo os amigos, uns pararam de jogar, a gente ainda revê alguns ainda no futebol, mas quero agradecer tudo, de coração.

Como foi a campanha aquele ano?
Falo pra qualquer pessoa onde eu vou, foi um dos melhores times que já vi jogar até hoje, com respeito aos demais. Foi importante pela amizade, união, não existia ninguém querendo aparecer ou passar por cima de ninguém, sempre um respeitando o outro. Por isso que conseguimos ser campeões. Tomara que o Atlético possa voltar logo à primeira divisão, porque é um time que merece, vou ficar torcendo. Fiquei triste, mas no futebol é assim mesmo.

     

Em 2001, o Atlético teve quatro treinadores. Como foi conviver com essa mudança no comando? Isso atrapalhou durante a campanha?
Olha, pra trabalhar em um ano e conseguir o que conseguimos, dentro do futebol brasileiro, é complicado. Mas a gente sabia do potencial dos jogadores, os técnicos sabiam o que tinham em mãos. Era um time bom que queria ser campeão e disputar outras competições importantes. O Geninho chegou para fechar com chave de ouro. Os outros também tiveram a sua parcela, formaram o grupo e conseguiram também fazer com que nenhum desrespeitasse outro no plantel.

Das partidas decisivas, qual foi a mais marcante?
Todos os jogos foram importantes. Pela melhor campanha que fizemos, depois do São Caetano, facilitou bastante. Mas acho que o São Paulo, pelo plantel que tinha, jogadores de qualidade, foi o mais difícil. Ninguém falava do Atlético, era só São Paulo, Fluminense, Galo e o São Caetano, que ficou em primeiro lugar na primeira fase. Mas a gente devagarzinho conseguiu o nosso espaço e ainda por cima tivemos a vantagem que foi o fator campo. A torcida era espetacular, a gente sabia que teríamos dificuldades mas aqui dentro fomos campeões pelo trabalho que fizemos ao longo daquele campeonato.

O dia 23 de dezembro é, até hoje, um dia especial pra você?
Sim, assim como o dia e que cheguei ao Atlético. Todos estão de parabéns por aquele ano incrível, os jogadores, a diretoria e a torcida maravilhosa, me arrepio só de falar.

Você voltou a jogar na Arena defendendo outros clubes, como o Vitória e o Santos. Além de ser ovacionado, quando marcava algum gol nunca comemorava. Como era isso?
Olha, só de voltar aqui com outros clubes, só de pisar na Arena, era uma emoção muito grande, sempre recebi muito carinho quando vim jogar contra o Atlético. Sempre tive respeito pelo Atlético por tudo o que ele representou pra mim e continuará representando na minha vida. Nunca vou esquecer, vai ficar pra sempre na minha memória e no meu coração. Só tenho a agradecer ao Atlético e à torcida. Nunca tive nada a reclamar.

Colaboração: Daniel Piva



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