8 set 2013 - 13h26

Kléber Pereira encerra a carreira neste domingo

O confronto do Moto Club contra o Ita­­pe­­curense, neste domingo (8), às 17 horas, pela Série B do Campeonato Maranhense, marca a despedida dos gramados de Kléber em jogos oficiais. Terceiro maior artilheiro da história do Atlético, com 124 gols, principal goleador da Arena, com 67, o atacante encerra a carreira aos 38 anos.

Das 18 temporadas correndo atrás da bola, Kléber viveu o auge na Baixada, onde conquistou cinco títulos – três Paranaenses (2000, 2001 e 2002), a Seletiva da Li­­bertadores (1999) e o Bra­­sileiro (2001). Depois, jogou no Santos, quando passou a ser chamado de Kléber Pereira.

Em entrevista à Gazeta do Povo, o “In­­cendiário” fez uma revisão da carreira. Dos tempos de anti-herói no Rubro-Negro, quando colecionou gols e histórias pitorescas, até a decisão de pendurar as chuteiras, realizado o desejo de ajudar, de graça, o clube do coração.

Aos 38 anos, está convicto da aposentadoria?
Com certeza. Eu não tinha parado mais por causa do Moto, que é onde eu comecei, o time que eu torço. Mas agora sou pai pela primeira vez e quero ficar perto da minha filhinha, a Tifanny Valentina. Paro com o dever cumprido de classificar o Moto para a Primeira Divisão, depois de um campeonato muito desgastante.

Vai ter festa?
Vou fazer uma despedida com festa no final do ano, em dezembro. Quero chamar meus amigos, principalmente os parceiros de 2001, o Kléberson, o “Fenômeno” Alex Mineiro. O jogo deste domingo vai ser o último oficial.

Você se preparou para encerrar a carreira?
Estou tranquilo, tenho minha casa, meu carro, e investi muito em imóveis. Tem bastante pendência por aqui que quem resolve é minha mãe e meu irmão, vou assumir essa preocupação.

Sabe quantos gols marcou?
Não tenho a mínima ideia. Falei com um amigo para pegar minhas fitas, DVDs e fazer essa contagem, é um rapaz de São Paulo. Prefiro não arriscar um chute.

No Atlético tem a estatís­­tica: 124 gols, 67 na Arena. Foi tua melhor fase?
Sem dúvida, uma fase importante, maravilhosa. Onde eu surgi para o futebol. Só tenho a agradecer ao clube e pude fazer muito por ele também. Consegui títulos e saí de cabeça erguida.

Qual teu melhor companheiro de ataque, Lucas ou Alex Mineiro?
Você quer me complicar, rapaz. Puxa vida… Foram dois jogadores maravilhosos, técnicos. Lucas jogou muito, mas com Alex fui campeão brasileiro, então todo mundo lembra desse momento incrível. Sou padrinho da filha dele, jogamos juntos no México, a amizade é muito forte até hoje.

A dupla com o Alex era boa na noite também, não?
Olha, todo jogador sai, é normal. A gente fazia o nosso dever e sabia o momento de curtir, tomar uma cervejinha. Mas aí no Atlético a cobrança era terrível, tinha de ter responsabilidade.

Há uma história de que certa vez você entrou no CT do Caju enlouquecido e invadiu o campo de carro. É verdade?
É verdade, mas não foi por causa da noite. Tinha um diretor aí, que eu não vou citar o nome, que não deixava a gente fazer nada. E ele tinha um ciúme danado do gramado, ninguém podia relar no campo. Eu cheguei de tarde, estressado, entrei no campo de carro e saí dando zerinho. Detonei tudo, era a única forma de machucar o diretor. Depois pedi desculpa.

Em campo quais foram teus jogos mais marcantes?
Contra o Paraná, 6 a 1 (decisão do Paranaense de 2002), quando fiz quatro gols. Nessa partida eu incendiei geral. E contra o Bahia, aquele 6 a 3 do Brasileiro de 2001. Fiz três gols, de cabeça, um que puxei com a direita e bati de esquerda e outro de direita, batendo cruzado, um golaço. Geninho sempre fala que nesse jogo embalamos para o título.

Como era jogar na Arena, você que é o principal artilheiro do estádio?
Todo mundo diz que a La Bom­­bonera é o pior de todos, mas a Baixada é pior ainda. O adversário já entrava tremendo. E a torcida sempre fez a diferença a nosso favor.

Você viveu uma relação de amor e ódio com os atleticanos, por quê?
Não sei, difícil explicar. Só sei que sempre tentei fazer o melhor. Nem sempre conseguia. Não era por querer fazer gol bonito. Mas ninguém agrada a todos.

Brincava-se que você teve 10 avós e uma morria sempre antes da reapresentação depois das férias…
Sabe como é, você sai de férias, encontra os amigos, é complicado. Mas algumas era verdade. Eu conto e o pessoal não acredita, dá risada.

Você tinha algum apelido no Atlético?
Não tinha, não. Me chamavam de Neguinho, eu fazia muita brincadeira, era gaiato.

E o episódio clássico da cor­­rentinha, quando você perdeu um gol ao se abaixar para juntá-la?
Dagoberto foi pelo lado esquerdo, eram três contra o goleiro, mais o Alex Mineiro. Quando ele deu a bola para trás, a correntinha começou a cair. Eu pensei que o Alex ia pegar a bola. Mas quando fui juntá-la no gramado, ele deixou a bola para mim. Era uma corrente que minha tia me deu, tenho guardada até hoje.

Faltou ser convocado para a seleção brasileira?
Quando você começa todo jogador sonha em defender o Brasil. Mas depois você vê que tem muita influência de empresário. Não depende apenas do que você joga. Mas não fiquei ressentido.

Você tem origem simples, o futebol mudou sua vida?
Consegui tudo no futebol, ajudar minha família, nem sonhava em ter nada do que tenho. E também o respeito e admiração das pessoas. Aonde eu vou sou bem tratado.

E o que pretende fazer agora nas horas vagas?
Jogar bola todo dia. Tem jogos de noite aqui, partida beneficente no interior, é bom para as pessoas me conhecerem melhor. Fazer a alegria de todo mundo. Futebol agora só por diversão.

Reportagem: André Pugliesi



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