29 set 2013 - 22h16

Mancini: “Existem derrotas e derrotas”

Depois de sofrer a primeira derrota em casa desde que assumiu o comando técnico do Atlético, Vagner Mancini concedeu entrevista e falou sobre a postura do time, que fez um péssimo primeiro tempo mas conseguiu reagir na segunda etapa, saindo aplaudido de campo mesmo com o placar adverso.

O treinador analisou inicialmente os três diferentes momentos de sua equipe, que saiu perdendo por 3 a 0, chegou ao empate e quase virou, mas acabou derrotado:

“Foi um jogo atípico, né? O que nós vimos hoje aqui foi um time que deu tudo certo no primeiro tempo, né? O Vitória acabou fazendo um bom jogo, muito bem armado pelo Ney, né? Saiu na frente, fez o segundo gol numa falta onde a bola desviou, né? Fez o terceiro gol ainda no primeiro tempo, a nossa equipe não tinha até naquele momento encaixado o sistema de marcação, jogava mal, errava passes. E aí, no segundo tempo, voltou diferente. O Vitória ainda teve no comecinho do segundo tempo uma chance e aí foram sequências de ataque do Vitória, o Vitória realmente encaixou o jogo, o Atlético encaixou o jogo no segundo tempo, fez um grande segundo tempo, né? Em 13 minutos acabou chegando ao empate, aos 10, aos 17 e aos 24, e teve a chance de fazer o quarto gol duas vezes, duas chances reais. Acho que até três vezes, uma com Marcelo, uma com o Éderson e outra que a bola bateu nas costas do Luiz Alberto, que talvez fosse no gol. E aí, num contra-ataque, nós acabamos levando o quarto gol e o quinto gol na sequência, né? Mas existem derrotas e derrotas no futebol. Acho que essa de hoje nós aprendemos muita coisa, acho que todos os torcedores saíram satisfeitos da reação da equipe, chateados obviamente com uma derrota que ninguém esperava”, comentou.

Mancini reconheceu os méritos do adversário, mas reconheceu que o primeiro tempo do Atlético foi o pior desde que assumiu a equipe e revelou que conversa no vestiário foi fundamental para a reação:

“Mérito de uma equipe que veio jogar fora de casa e que encaixou seu jogo e também aceito quando você diz que foi o pior início de jogo da nossa equipe desde que aqui cheguei. O Atlético muito distante daquele Atlético intenso, daquele Atlético que busca o gol a todo instante, né? No intervalo, óbvio, a gente sentou, bateu um papo com eles, arrumamos taticamente a equipe com muita tranquilidade, muita calma porque todos nós sabíamos, naquele momento, que não era o Atlético que todos nós estamos acostumados a ver. Então alguma coisa estava errada e era necessário um dilálogo franco, né? E eu acho que foi acertado, né? Nós acertamos, acertamos aquilo que todos os atletas fariam, a gente voltou para o segundo tempo sem os dois laterais, com atletas… um meio-campo do lado esquerdo, o Marcelo que é um atacante, de ala do lado direito, então era necessário que no intervalo a gente acertasse, mostrasse a cada atleta a função dele na segunda etapa. É óbvio que o Atlético voltou com a chance de se expor ainda mais, mas acho que a reação foi maravilhosa, foi espetacular. No segundo tempo foi espetacular, embora a gente tenha perdido a partida. O torcedor até reconheceu, aplaudiu a equipe no final do jogo. Então nós saímos chateados, obviamente, por termos sido derrotados aqui dentro, mas feliz pela reação. Acho que o Atlético do segundo tempo tem muito ainda a fazer no campeonato”, disse.

Em uma partida de oito gols, com momentos de domínio de ambas as equipes e várias chances para os dois lados, o técnico atleticano foi questionado se, mesmo com a derrota, o elenco saía fortalecido do confronto, considerado por membros da imprensa como um dos melhores jogos do Campeonato Brasileiro.

“Eu não tenho dúvida disso, né? O Atlético como equipe, como grupo sai hoje fortalecido. Embora tenha tomado cinco gols, né, é até estranho a gente falar sobre isso, mas a reação do segundo tempo, de ter chegado ao empate, de ter tido duas vezes oportunidades muito boas pra fazer o 4 a 3 e de repente a gente estaria falando aqui de uma reação magnífica, fantástica, né, que aconteceu… mas em virtude de ter tomado dois gols no final do jogo acabou de certa forma deixando todos nós chateados. Mas acho que o grupo do Atlético sai fortalecido, sim, porque mostrou pra todo mundo que pode ir além”, respondeu.

Diante do resultado e dadas as circunstâncias do jogo, Mancini também revelou como foi a conversa pós-jogo com os atletas, que saíram chateados com o resultado adverso:

“Olha, a conversa depois do jogo foi uma conversa também franca, assim como foi no intervalo, né? Franca, mostrando a eles que a gente poderia ter feito mais no jogo e que nós saímos derrotados em função do primeiro tempo. Né? O primeiro tempo do Atlético foi muito ruim, né? O segundo tempo foi muito bom, a equipe voltou diferente, né? Chegou ao empate e infelizmente acabou sendo derrotada no fim. Mas são papos, são diálogos sempre de muita franqueza, de muita clareza. É óbvio que a gente ainda está assimilando tudo que foi visto em campo, amanhã a gente volta a falar com os atletas, mas eu disse a cada um deles que eles saíssem de cabeça erguida hoje daqui, embora tenham sido derrotados”, contou.

O treinador falou ainda sobre o seu comportamento durante o jogo, quando fica bolando as estratégias em busca do melhor encaixe da equipe:

“Ali eu estou focando o jogo, eu estou tentando ao mesmo tempo em que a bola está no nosso ataque eu estou olhando lá atrás, eu estou gesticulando, eu estou falando sozinho. Acho que nessa hora é muito importante a gente não só montar a estratégia do jogo, mas ir acompanhando cada detalhe. Um jogo de futebol não deixa de ser um jogo de xadrez, onde cada ato acontece em sequência, né? Então eu estou ali vivendo muito o jogo, me mexendo, articulando, falando com um, com o outro, né? No momento em que eles passam perto. Eu acho que a vida do treinador é exatamente essa, você tentar antever ali o que pode acontecer na partida”, afirmou.

Questionado sobre as dificuldades em manter o mesmo padrão de jogo nas últimas partidas, Mancini ponderou que os jogos em casa têm sido mais difíceis pela postura dos adversários, mas ressaltou que a equipe precisa corrigir os erros para seguir em busca das vitórias:

“É óbvio que em alguns momentos a gente também vê que hoje não houve também a compactação que a gente tem, né? E isso aí tem acontecido mais fora de casa, dentro de casa a gente tem tido um pouco de dificuldade, até porque fora de casa a gente é mais atacado, dentro de casa a gente tem que se expor um pouco mais. Mas eu concordo que diante de Ponte Preta e hoje, a gente viu um Atlético diferente do que estava vendo nos outros jogos. E a nossa função é corrigir isso o mais rápido possível, até pra que a gente possa ver o Atlético sempre vencendo bem as partidas.”

Com relação à expectativa da torcida e o que a nação rubro-negra pode esperar do time, o técnico atleticano manteve o discurso de sempre, focando no jogo a jogo para somar o maior número de pontos possíveis, destacando ainda a entrega dos jogadores:

“Eu não vou mudar aquilo que eu venho dizendo aqui. Acho que o mais importante é a gente somar pontos, né? Porque a somatória de pontos nos dá a possibilidade de sonhar em todos os jogos. É óbvio que eu disse que nós temos como ir além, além daquilo que foi visto hoje, né? Eu acho que o Atlético fez um péssimo início de jogo, um péssimo primeiro tempo. Foi muito bem na segunda etapa, a torcida pode esperar exatamente esse tipo de reação, esse tipo de entrega dentro de campo. Acho que cada torcedor hoje sai do estádio vendo que esses atletas honram realmente a camisa que vestem e esse é o nosso pedido a eles em todos os momentos”, falou.

Para Mancini, apesar da derrota do Atlético, quem compareceu ao estádio pôde ver um bom espetáculo, com grande movimentação tática, e o resultado poderia ter sido diferente:

“A parte tática desse jogo de hoje foi muito movimentada em função de a gente ter tomado dois gols rapidamente. Havia a necessidade de a gente encaixar o sistema de marcação. Eu tive que entre aspas sacrificar o Jonas e tive que pedir pra que o Marcelo fizesse o caminho da ala ali, né? No intervalo acabei tirando o Pedro Botelho também em função de a gente ter alguém mais rápido naquele setor, que chegasse mais rápido à linha de fundo e foi o Everton, né? E aí, a partir do momento em que nós empatamos a partida e o Ney teve um atleta lesionado no jogo, ele optou por mais um atacante. Então ele também foi muito inteligente nessa sua mexida, foi exatamente o atacante que fez o gol… então eu acho que foi, realmente, um duelo tático. Assim como nós tivemos duas oportunidades de fazer o quarto gol, não fizemos, o Vitória teve uma, foi lá e fez. Então é um jogo de futebol onde tudo pode acontecer, né? Infelizmente a gente sai chateado em função disso, mas taticamente hoje houve muita variação no jogo e concordo, acho que o cara que veio ao estádio hoje assistiu a um belo espetáculo de futebol. Infelizmente a maior parte vai sair chateado porque nós saímos derrotados”, concluiu.



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