O Fala, Atleticano é um canal de manifestação da torcida do Atlético. Os textos abaixo publicados foram escritos por torcedores rubro-negros e não representam necessariamente a opinião dos responsáveis pelo site. Os autores se responsabilizam pelos textos por eles assinados. Para colaborar com um texto, clique aqui e siga as instruções. Confira abaixo os textos dos torcedores rubro-negros:
4 abr 2019 - 12h19

Divisor de Águas?

É minha estreia escrevendo algo para este site. Quem sabe a primeira de futuras contribuições. Desde já, fica meu obrigado por poder compartilhar meus rabiscos e de antemão me desculpo caso não alcance os patamares desejados pelos exímios leitores deste site.

“E, de repente, há o estalo rutilante. O Brasil vai a Cannes, com um descaro suicida, e para perder, claro, para perder. Eu disse ‘descaro’ e explico: o cinema brasileiro não podia ganhar. Porque não tem um tostão e vive, e sobrevive, na base da cara e da coragem. O cinema brasileiro ainda anda de taioba. E ganhamos. Há 15 minutos, não tínhamos diretores, nem artistas, nem escritores, nada. De repente, aparece tudo, aos borbotões”.

Esse parágrafo acima faz parte da crônica “Futebol é paixão”, escrita por Nelson Rodrigues e publicada em 1958. Rodrigues compara a importância do trunfo brasileiro na copa da Suécia em 58 com a da “Primeira Missa no Brasil” (fato imortalizado no quadro de Portinari). A partir deste fato começava um novo Brasil. Recorri a essa nobre peça de Rodrigues para tentar ilustrar um pouco do que sentimos ontem frente ao majestoso Boca Juniors. Seria esse um divisor de águas em nossa história?

A lembrança do jogo me faz pensar que sim. Era 21:30, horário de Brasília, do dia 02/04/2019. A boca fica seca e os olhos marejam. O som do apito marca o início daquilo que seria uma incrível história em forma de jogo de futebol. O time de maior projeção mundial na América do Sul (quiçá das Américas todas) chega como protagonista no palco da Arena da Baixada. Não era para menos: vice da libertadores 2018, série de jogos invictos e com uma camisa de envergar varais.

Até mesmo nós, os apaixonados mais eloquentes, nos colocávamos com um pé atrás diante de nossos visitantes. Os primeiros minutos demonstraram que nossos jogadores também sentiram um pouco disso, com as nítidas pernas pesadas e erros um tanto bobos. Pausa. Respiramos todos juntos, torcida e jogadores, para então embarcamos de vez no delírio. De fora, berramos como nunca – fato comprovado por Tiago Nunes que admitiu dificuldade na comunicação à beira do campo com os jogadores -; de dentro, nossos atores se soltaram e correram como um verdadeiro “Time de Guerra”. Orquestrados todos nós pelo genial Tiago Nunes, eu olhava ao redor, e entre uma música e outra começava a soltar gritos de “vai que dá, hein!”. E deu!

A verdade é que presenciamos uma obra de arte futebolística, um jogo aberto, com garra! Calamos a “hinchada del Boca”. Jogamos em pé de igualdade com o gigantesco time áureo e azul argentino, e CONSTRUÍMOS um placar de sonoros 3 gols (vai Marco véio!) sem sofrer nenhum. Vitória maiúscula, sem botar defeito. Dentro de nossa casa! Parafraseando a colunista deste mesmo site Michele Toardik, somos muito privilegiados sim de poder viver este momento do Furacão. Tenho carinho e saudosismo “das glórias do passado”, mas mais do que nunca, quero me deixar delirar nesse sonho incrível de saborear “os feitos do presente” com nosso Tiago Nunes e cia.

Ok, nosso Atlético (me perdoem a não inclusão do H, ainda estou em processo de aceitação da mudança) já vem há muito tempo em um processo de reestruturação. Mas acho que a cardíaca final, terminando com título da sulamericana que nos legou um orgulho e uma estrela internacional no peito, juntamente com o show frente ao Boca são MARCOS, me fazem acreditar que chegamos num divisor de águas em nossa história. Tenho a certeza de que, daqui a alguns anos, ainda vamos falar com olhos marejados deste que foi um jogo histórico.

Há a possibilidade de estar pensando isso ainda à flor de muita emoção? Com certeza! Mas mais do que nunca é hora de a gente deixar essa paixão e orgulho transbordarem de todas as formas. É hora de se deliciar assistindo esse time de meninos criados no Caju mesclados com veteranos gigantes, jogando da forma como todo torcedor rubro-negro gosta: com muita garra e com verticalidade! Me deixo acreditar que sim, já marcamos uma revolução em nossa história, que tem tudo para ser ainda mais gloriosa!
Saudações Rubro-Negras!



Últimas Notícias