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11 dez 2019 - 11h58

O estranho caso dos torcedores que cobram gratidão mas são ingratos

Início de 2018. Um simpático tiozinho de trinta e tantos anos e cabeça tomada por cabelos brancos assume o time aspirante do Furacão. Com muita educação e, principalmente, competência, logo conquista toda a torcida. Faz – pela primeira vez – um Athletico alternativo vencer o estadual. E em cima do maior rival. E revelando grandes jogadores.

Poucos meses depois, é chamado interinamente para assumir o Furacão principal. O cenário não é dos melhores: somos penúltimos do Brasileirão, atrás até do humilde Paraná Clube. Novamente, com muita dedicação e competência, faz o Athletico disputar uma vaga na Libertadores via Brasileirão. E mais: faz história conquistando a Sul-Americana pela primeira vez.

2019 começa e só agora a diretoria se coça para efetivá-lo no cargo. Mesmo vindo da segunda maior conquista da história do clube, segue recebendo um dos piores salários da Série A. Recebe proposta formal do Atlético-MG para ganhar mais. Balança, mas fica. Que bom! Porque aqui vence mais dois títulos inéditos: a pitoresca Suruga e a muito sonhada Copa do Brasil.

Antes da final, ele diz que pode pedir o boné após a decisão. Diz estar muito cansado. Nas coletivas, um festival de declarações de uma pessoa claramente confusa. Por vezes, diz que não se imagina longe daqui. Em outras, dá a entender que pode sair no fim da temporada. A maior parte da torcida não dá a menor bola para as palavras que apontam o fim de ciclo. E se agarram com unhas e dentes nas frases que dizem que deve ficar.

Tiago Nunes decide cumprir o contrato e partir para um time que pagará algo próximo do dobro do que o Furacão ofereceu e com uma visibilidade ainda maior. Escolha mais do que normal. Não para os mimados.

Para esses, ele é um traidor. Um mercenário. Imagino que todos esses trabalhem apenas por amor às suas empresas e que jamais aceitariam uma proposta para ganhar mais do que o dobro em um concorrente.

O fato é: Tiago Nunes teve falhas de comunicação que chatearam a torcida antes de sair: sim. Mas não é possível que um torcedor do Furacão que o acompanhou nesses últimos dois anos acredite que ele é um mau caráter. “Ah, mas ele não podia levar tantos profissionais da nossa comissão. Ele não podia querer levar nossos jogadores.” Aí cabe a nossa diretoria segurar os profissionais valorizando-os. É mais do que normal ele querer trabalhar com quem confia.

Por mais que você reprove toda a novela da saída dele, o que é maior? As picuinhas de uma saída conturbada ou a lindíssima história que ele comandou aqui. “Ah, mas não foi só ele. Tem um grande projeto por trás.” De fato, o projeto é lindo. Mas não levantava uma taça grande há 17 anos.

Desde a saída, graças a uma nota oficial, virou um mantra cobrar gratidão do treinador que ganhou as maiores oportunidades da carreira aqui. (Ganhou, não. Conquistou desde os aspirantes.) Mas e a torcida? Não deve ser grata? Como diz a nota, “gratidão é a voz do coração”, não é mesmo? Espero que toda essa revolta seja cabeça quente. E que logo a maioria da torcida saiba voltar a dar valor a um cara legal que mudou a nossa história. Se não conseguir mais idolatrar, que saiba ao menos respeitar. “O tempo é o senhor da razão.”



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