A história de Flávio
Setembro de 1994. No estádio Rei Pelé, em Maceió, o CSA derrota o CRB na prorrogação e conquista o título alagoano, impedindo o tricampeonato do principal rival. Comandando o ataque da equipe estava o jovem Catanha, de apenas 22 anos. Hoje, ele defende um clube cuja camisa tem o mesmo azul claro, mas conta com um prestígio muito maior do que o CSA: trata-se do Celta, da Primeira Divisão espanhola.
Porém, outro jovem era o principal destaque daquela equipe que conquistou o título com uma campanha de 30 vitórias e somente três derrotas: o goleiro Flávio, de 23 anos. Há nove anos no clube, Flávio sonhava em ser marceneiro e jogava futebol nas horas vagas como atacante. Aprovado em um teste, tornou-se goleiro do time juvenil do CSA e conquistou os títulos estaduais de 91 e 94.
Agosto de 1995. Quase um ano depois, o goleiro experimentava sua primeira experiência no futebol fora do futebol alagoano. Fazia sua estréia com a camisa do Atlético Paranaense, no primeiro jogo do Campeonato Brasileiro da Série B, contra o Goiatuba.
Fora contratado dias antes, jutamente com o lateral-esquerdo Ivan, seu companheiro no CSA. O time paranaense, sob novo comando na diretoria, havia investido em vários outros atletas desconhecidos: o zagueiro Jean, o meia Tico e os atacantes Oséas, Cute e Helinho.
A estréia de Flávio não foi boa. O Atlético perdeu por 2 a 0 para o Goiatuba e o goleiro acabou deixando o time titular. O reserva Bira assumiu o posto para a partida seguinte, contra o Barra do Garças, também fora de casa. O Furacão venceu por 4 a 3, mas Bira também não agradou. O experiente Ricardo Pinto foi contratado e tornou-se ídolo da torcida, ajudando na conquista do título brasileiro.
Bira acabou sendo dispensado, mas Flávio se manteve na reserva de Ricardo. Nos treinos realizados na antiga Baixada, sua agilidade e boa colocação impressionavam os torcedores, que tinham certeza que poderiam contar com o reserva em uma eventualidade.
Em 96, a chance apareceu. Riardo Pinto foi covardemente agredido pela torcida do Fluminense e desfalcou o Atlético nas rodadas finais do Brasileiro. Porém, o técnico Evaristo de Macedo optou pelo veterano Ivan, mantendo Flávio na reserva.
O goleiro só teve sua oportunidade em 97, no jogo contra o Criciúma. Abel Braga o escalou como titular e Flávio não deixou mais o time. Entrou para a história como um dos jogadores mais vitoriosos do Clube Atlético Paranaense.
Além do título da Série B de 95, conquistado na reserva, Flávio acumulou os troféus dos Campeonatos Paranaenses de 98, 2000, 2001 e 2002, da Copa Paraná de 98, da Seletiva de 99, culminando com o título do Campeonato Brasileiro de 2001.
Já foram mais de 300 partidas com a camisa rubro-negra e muitos gols evitados, garantindo vitórias que foram decisivas nas conquistas recentes do Furacão. Ao lado disso, Flávio ganhou o respeito e a admiração da torcida, que reconhece nele um dos melhores arqueiros da história do clube, figurando ao lado dos lendários Caju, Laio, Roberto Costa, Rafael e Ricardo Pinto, hoje seu treinador.
Em 2002, Flávio pouco pôde fazer para salvar a má campanha do Atlético. Ajudou na conquista do título paranaense, mas não evitou os fracassos na Libertadores e no Campeonato Brasileiro. Pela primeira vez desde que chegou ao clube, em 95, conviveu com um problema grave de contusão. Seu afastamento do time titular para tratar de dores na coluna coincidiu com o decaimento técnico do time, que ficou vários jogos sem conseguir vencer.
Fora de campo, Flávio é uma pessoa tranqüila e atenciosa com os fãs. Muito religioso, faz sempre questão de ressaltar a importância da fé em sua vida e em sua carreira. Sua esposa é figura muito importante em sua vida, ajudando-o a decidir as renovações de contrato e lhe dando conselhos profissionais.
O jornalista Carneiro Neto foi o autor do apelido “Pantera”, que Flávio carrega com orgulho, haja visto que se trata de um elogio à sua agilidade e à velocidade com que se atira para praticar suas defesas. Prestes a completar 32 anos, o goleiro Flávio atravessa por um momento de estabilidade em sua carreira. Ele espera continuar no Atlético por mais algumas temporadas para depois voltar a Maceió, onde quer pendurar as chuteiras defendendo o CSA, seu primeiro time.