Eu sou o Lucas do Atlético!
Lucas chegou ao Atlético em 1998. Daquele ano até o início de 2000 o rubro-negro conheceu um dos craques de maior caráter dentro do clube. De família simples do interior de São Paulo, Lucas começou a carreira no Botafogo de Ribeirão Preto, assim como outros dois atleticanos, Gustavo e Cocito. Sua habilidade e velocidade chamaram atenção dos olheiros do Atlético, que logo viram no garoto um futuro promissor. Sua estréia no profissional do Furacão foi no jogo de entrega das faixas de Campeão Paranaense, em agosto de 1998, contra o Flamengo (1 a 0 para o time carioca). Com uma apresentação apenas mediana, os torcedores acharam que o atacante seria apenas mais um a vestir o manto sagrado.
Veio o Campeonato Brasileiro. Lucas aparecia no banco de reservas. Poucas vezes entrava nas partidas. Seu primeiro gol foi contra o Guarani, na Vila Capanema, quando vencemos por 4-1 o time campineiro. Em 1999, o auge da carreira. Ao lado de Kelly, Adriano e Kléber, compôs o quarteto fantástico e levou o rubro-negro a participar da Libertadores de América. Além disso, foi o autor do gol histórico de inauguração da Arena da Baixada e marcou um gol contra o Paraná que lhe valeu uma placa no estádio.
O início do ano 2000 foi marcado pela competição mais importante das Américas. Era a primeira vez que disputávamos uma Libertadores. Lucas levou o Atlético a fazer a melhor campanha entre as trinta e duas equipes na primeira fase. Por uma fatalidade, fomos eliminados nos pênaltis, numa partida dramática contra o Galo Mineiro. Antes de partir, Lucas deu o título de Campeão Paranaense ao Atlético. Um título ganho em cima dos coxas, o que é mais gostoso. E agora? Por onde anda o nosso amigo? O jornalista Sérgio Tavares Filho, com exclusividade para a Furacao.com, soluciona o caso.
Como é a cidade em que você vive? A torcida pode ser comparada com a do Atlético?
Antes de começar, queria tambem dar os parabéns pelo grande trabalho que vocês vêm fazendo. Minha cidade é relativamente grande, com 300 mil habitantes, muito fria e com muitas chuvas. Não tem muitos atrativos, mas para descanso e sossego é ótima. Hoje moro com o Vânder (ex-Ponte Preta) e o César (ex-Portuguesa). Morei sozinho no início, mas achamos melhor morar juntos. Nossos vizinhos são tranqüilos. Eles não são eufóricos como os brasileiros. Sempre nos saúdam, mas ficam na deles. Tenho amigos franceses, mas não tenho muita intimidade. Eles são frios. O meu melhor amigo aqui é um português, que foi meu intérprete quando cheguei. A torcida é legal, mas muito tranqüila também. Batem palma pra tudo. Se o outro time marca gol, eles também batem palma. Lógico que às vezes vaiam.
Qual foi a sua maior dificuldade quando chegou? Você disse que precisou da ajuda de um intérprete, é isso?
A adaptação foi difícil em todos os termos. Na vida, aprendizagem da língüa, outra cultura, outras manias, diferença de clima etc. No futebol, a diferença de esquema tático, o futebol mais truncado, o jogo em um toque. Esses estão sendo os principais motivos de minha difícil adaptação .Aqui eles dão muito valor ao esquema tático, se você não faz o que eles querem, você está ferrado. No Brasil você tem uma liberdade maior, porque usa da criatividade e a técnica e raros treinadores no Brasil tem uma análise tática bem montada. Trabalhei com dois treinadores que acho que são os melhores em termos táticos, lógico que não conheço outros grandes nomes do futebol, mas Vadão e Luxemburgo dão muito valor para essa parte.
O futebol francês também é “pesado”?
Aqui tem muito mais força e os árbitros deixam correr solto. É difícil você ver expulsões. Agora sei porque dizem que aqui tem menos falta que no Brasil: os árbitros não dão falta. Aí no Brasil, quando encosta o juiz já dá falta.
E a situação do Rennes no Campeonato Francês?
O Rennes está em décimo lugar com 7 pontos. O líder é o Auxerre que tem 14 pontos em 6 rodadas disputadas. Começamos mal, mas agora estamos melhor.
Quais brasileiros estão jogando na França?
Tem muitos brasileiros aqui, não sei exatamente e posso errar a quantidade e nomes. No Rennes, além de mim, há o César e o Vânder. No Lyon, tem o Anderson, o Edmilson, o Caçapa e o Juninho, o PSG tem o Ronaldinho, o Aloísio e o Alex, o Olympique tem o Fernandão e o Dill, o Bastia tem o Ferreira e o Sedan tem o Oliveira. Tem um jogador que era do Malutrom, que não sei o nome, no Lille (Nota da Furacao.com: trata-se do zagueiro Rafael).
Do que você mais tem saudades aqui do Brasil?
Na parte pessoal tenho muita saudade da minha família e amigos. E lógico do Brasil. Na parte profissional, tenho saudade dos gols que fiz no Brasil e uma grande saudade dos tempos de Atlético.
Até quando você tem contrato? Pretende voltar antes disso?
Meu contrato vai até 24 de julho de 2005. Ainda falta muito, mas não sei se fico todo esse tempo aqui. Meu desejo é de fazer uma boa temporada e ir para uma grande equipe, mas se isso não acontecer, quero fazer mais algumas temporadas e ir para o Brasil, recuperar minha imagem, que está meio apagada.