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26 dez 2001 - 7h56

Os Davis e os Golias

Londres, Inglaterra. Novamente não posso deixar de escrever à Furacao.com. Não me agüento de felicidade.

O que se viu em São Caetano no domingo, 23/12, não foi apenas um jogo decisivo com times, aos olhos de alguns, sem expressão. Mais que isso, foi o reprise de uma luta campal que aconteceu há muito, muito tempo atrás. E que surpresa a nossa! As coincidências são tamanhas que qualquer desavisado poderia ter se perguntado: Foi só um jogo de futebol? Quem viu, ouviu ou leu sobre isso, sabe que não. Não foi só um jogo de futebol, pois havia uma pedra e essa pedra foi atirada com tanta violência no meio dos olhos de um gigante arrogante que este caiu morto sem nem ao menos ter tido tempo de entender o que estava se passando.

Nesses tempos modernos (?) o nosso gigante veio representando a “Elite” do futebol brasileiro, cheia de vícios, desorganização, preconceitos e, porque não, uma boa dose de arrogância temperada com despeito, afinal “eles” têm nome e tradição e isso ganha tudo. No Manual Prático da Ignorância, no qual “eles” foram alfabetizados, não existem considerações sobre jogo limpo, respeito pelo oponente e a palavra “Tapetão” simboliza toda uma ideologia baseada no “nós estávamos aqui primeiro”. Oh! Pobres meninos maus! Como sempre, se comportando mal. Papai Noel achou que voces mereciam um castigo, e ele espera sinceramente que vocês tenham aprendido a lição. Não precisa nem pedir desculpas, o Brasil inteiro sabe que vocês estao envergonhados e arrependidos.

Em São Caetano, a tristeza deve ser grande no dia de hoje mas, apesar de novamente ter deixado escapar um título tão importante, essa tristeza deve ser acompanhada com um imenso sentimento de orgulho pois, pela segunda vez consecutiva e apesar de todas as dificuldades, o Azulão desempenhou primorosamente o papel de Davi e mais uma vez se consagrou como um dos (verdadeiros) “Grandes” do futebol brasileiro. Não poderia existir adversario mais valoroso e digno de uma final de um campeonato tão disputado. Para todo atleticano, esse título tem um sabor especial pois o adversário foi osso duro de roer. E como explicar ao torcedor incrédulo uma segunda derrota numa final? Na humilde opinião de um apaixonado por futebol que sou, a explicação é bem simples: para um time, não basta apenas ser habilidoso, ele também tem que se sentir amado, assim a vontade de vencer e a confiança se multiplicam. Como já foi dito inúmeras vezes, a torcida é o décimo segundo jogador. Ao São Caetano faltou a “massa crítica”, “a fissão nuclear”,” a reação em cadeia”. Coisas que o Atlético teve de sobra.

Mais que um grande jogo, o que se viu foi uma aula de futebol, de paixão e dignidade. Aqui, Portugueses e Espanhóis, acostumados com as barbaridades do futebol no Brasil, se encantam e tecem elogios ao Furacão. Leio um artigo de um jornal Argentino que se rende ao brilhantismo do campeão e o adota como filho pois, a sua sede fica na Rua Buenos Aires! Gracias, hermanos!

O futebol é assim: praticado com paixão ele contagia, nos faz chorar e rir ao mesmo tempo e nos põe mais perto do céu.



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