Hoje com 43 anos e morando em Foz do Iguaçu, apesar da cidade possuir um seleto grupo de atleticanos, somos maldosamente castigados pelo destino,que nos condena a não assistir aos jogos do CAP, ao vivo e no nosso templo, por intensa falta de tempo e pela própria distância que nos separa de Curitiba.
Mas o que é distância? Muitas vezes próximo, conseguimos estar longe. Lembro das discussões de família e aí se vão longos anos, onde coxas e atleticanos, atletas profissionais da família cujo salário não existia, e onde simplesmente o recebimento de passe de bonde e um par de chuteiras eram a gratificação para defender a camisa, nós os atleticanos já fomos pobres e se não fosse o esforço dos esquecidos e antigos atletas, dirigentes, torcedores e voluntários não seríamos o que somos.
Outras lembranças voam na mente, como no dia que meu pai me deu um disco LP em vinil dos The Monkeys, na Brunetti Discos na saída de um Atletiba, em que ganhamos de 4×2, época em que desciam juntas as duas torcidas até o centro sem que houvessem brigas, ou melhor que não eram tão violentas.
Silenciosamente sofria com as vitórias dos times do eixo Rio-SP, e
assisti o surgimento do Guarani, Ponte Preta e a consagração dos times do Rio Grande do Sul, muitas vezes arrebatado por não ser o meu Atlético, o vitorioso. E por aqui a autofagia nos fazia cegos, sob o pretexto da rivalidade e da competição, o CAP foi por muito tempo vítima da armação dos times de outros estados e até dos daqui mesmo.
Enfim viramos a mesa. A alegria atual é por conta de nosso do título
nacional, de nosso bi estadual, de nossa baixada, de nossa torcida, e
finalmente do reconhecimento e respeito nacionais, que nos lava a alma e nos deixa leve a flutuar.
Flutuar é o que sentimos quando ouvimos nosso hino e Genésio Ramalho, foi uma dessas pessoas que flutuavam, o conheci rapidamente ainda em minha infância, e em 2000, conheci seu filho Genésio Anibal Ramalho e tive a honra de fotografar o bisneto do compositor em sua estréia na assistência do jogo Atlético e Irati.
Genésio em sua simplicidade de pessoa, conseguiu exprimir com a mais
absoluta clareza e perfeição o que sente um atleticano e mais, fez o hino a uma bandeira, como torcedor compositor e não como compositor
contratado, como é o caso de muitos outros hinos. Tocado o hino a torcida se inflama, e parece que espiritualmente todos os atletas, torcedores e dirigentes já falecidos fazem hino com a nossa amada torcida.
Morre o Genésio, mas morre feliz, nasceu para a nova vida e conseguiu o feito que muitos não conseguiram, o de ver ou sentir a estrela cravada no nosso uniforme. Brilha uma estrela em nosso peito e brilha outra em nossa constelação rubro-negra.
O céu ganhou um excelente compositor que fará coro com nossa torcida lá de cima. Genésio a torcida atleticana reconhece o teu valor.