25 mar 2002 - 20h31

FURACÃO DOS ASTROS

por Fernando Fernandes


A força de atração sobre a massa é indicada por Vênus em Touro na 7 em quadratura com Netuno exaltado em Leão na 10. Este aspecto dá uma chave imediata para compreender a motivação básica de sua torcida: a identificação com o coletivo e o indiferenciado, o “perder-se na multidão”. É um impulso praticamente oposto ao que estimula, por exemplo, o torcedor do Botafogo do Rio de Janeiro, onde a idéia central é diferenciação (Saturno em Aquário). O Botafogo é a minoria irredutível e resistente (como os gauleses da aldeia de Asterix), enquanto o Atlético Paranaense é a força avassaladora da maioria a constituir uma unidade coletiva.

O Atlético é uma força guerreira que, pela exacerbação dos valores do calor e da paixão (Marte, Plutão), seduz e arrasta multidões atrás de si (Netuno-Vênus). Seu mapa lembra antigas hordas bárbaras (Marte-Plutão) marchando compactas, embriagadas por ritmos hipnóticos (Netuno) a celebrar a guerra. O torcedor atleticano tem a disposição da entrega sacrificial, a compulsão do sofrimento em nome do clube. Há um toque de masoquismo, de supervalorização da dificuldade como algo capaz de dar um sabor especial à vitória.



A torcida do Atlético tende a assumir um papel simbolicamente feminino (Vênus em Touro na 7, casa do cônjuge – no caso, a torcida) de apoio incondicional e amor idealizado (quadratura com Netuno) desde que o time, por sua vez, assuma o papel hipermasculino do combatente que luta até a última gota de sangue.

A carta do Atlético não recomenda a formação de um time de craques cerebrais e frios, nem de técnicos que armem seus times para a calculista obtenção de resultados. Há alguma coisa de arcaico neste clube, um eco longínquo de hunos e visigodos bradando sobre os escombros de velhas civilizações. A Arena da Baixada sugere um circo romano, ou um altar ao deus Ares.

O feito heróico e suado é tratado aqui como vitória digna de festa e histeria coletiva (e foi apenas um empate). É a celebração do combate pelo combate. É Vênus tomada de desejo e delírio diante de Marte em estado puro.

A presença da Lua em Sagitário, em conjunção com Júpiter na casa 2, indica um clube ao qual nunca faltarão recursos, se bem que tendam a surgir de forma inesperada ou parte deles possa ser desperdiçado em negócios de alto risco (quadraturas com Urano na 5). Esta configuração expressa também um potencial de conflitos e de turbulência da torcida, com possibilidade de excessos. Violência e comportamentos anti-sociais não são improváveis com tais aspectos, reforçados pelas quadraturas do Sol a Marte e Plutão. O Atlético é conhecido como o Furacão, adjetivo surgido durante a arrasadora campanha do clube em 1949. Naquele ano, Urano em trânsito nos primeiros graus de Câncer ativava a quadratura T de Sol, Marte e Plutão. Urano, significativamente, rege furacões.


O Atlético Paranaense tem um casamento perfeito com o mapa de Curitiba, sua cidade natal. As duas conjunções Sol-Mercúrio em Áries estão superpostas (Curitiba foi fundada em 29 de março de 1693, às 10h). O Sol do Atlético, na casa 6 (trabalhadores), está na cúspide da 11 de Curitiba (clubes), explicando a contradição de um clube fundado pelas elites que se transforma numa paixão popular. Vênus rege o Ascendente taurino de Curitiba e está em Peixes, em conjunção com Urano do Atlético (atração súbita e excitante). A Lua do clube está em conjunção com o Saturno sagitariano da cidade na casa 7, mostrando uma associação durável e, ao mesmo tempo, um efeito de freio moral: a conservadora Curitiba impõe limites às emoções da torcida atleticana que, de outra forma, poderiam manifestar-se mais turbulentamente. Neste sentido, o interaspecto é positivo, impedindo que a “panela de pressão” que é o mapa do Atlético resulte em violência generalizada.

Os Ascendentes do clube e da cidade estão em signos opostos, outra indicação de complementaridade. O intenso Atlético (Escorpião) vivifica a cidade aparentemente fria e contida (Touro e Urano na 1). Prova disso foram as duas partidas da final do campeonato de 2001, contra o São Caetano. Na primeira, em Curitiba, a TV não cansou de mostrar para o Brasil a emoção de homens, mulheres e crianças que comemoravam cada gol do time com lágrimas nos olhos e o coração na mão. Na segunda, em São Caetano, havia quase tantos curitibanos quanto paulistas no estádio. E havia outra multidão, ainda maior, pronta para promover um carnaval na capital do Paraná. Jamais se viram tantas bandeiras pelas ruas da cidade. Todas com o tom vermelho da paixão, do incêndio e de Marte.



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