2 jul 2002 - 10h47

Kleberson ainda está assustado com o título

Tudo está acontecendo muito rápido na carreira de Kleberson. Desconhecido do grande público até o ano passado, quando foi um dos destaques do Atlético-PR na conquista do Campeonato Brasileiro, o jogador paranaense foi a grande revelação da seleção brasileira na Copa. O volante foi um dos melhores em campo na final contra a Alemanha, atuando com desenvoltura, como se estivesse na Arena da Baixada, estádio do Atlético-PR. Ele parece assustado com a repercussão de suas atuações.



– Até chegar a Copa, nunca tinha falado com um jornalista estrangeiro. Aqui já dei entrevista até para a imprensa de Israel – disse o jogador, ainda na primeira fase da Copa.



Atuação contra Bélgica foi decisiva para o time



E por pouco Kleberson não fica só no jornalista israelense. Depois de conquistar uma vaga de titular nos treinos em Barcelona e chegar à Coréia do Sul pronto para jogar a Copa, ele foi caindo de produção até perder a posição para Juninho, às vésperas da estréia contra a Turquia. Abatido, era figura apagada nos treinos no Ulsan College, na Coréia do Sul. A ponto de chamar a atenção do ex-craque Júnior, que acompanhava os treinos como comentarista da Sportv.



– Acho que o Felipão perdeu um jogador. Kleberson saiu do time titular e nem opção passou a ser mais. Ele está abatido – comentou o ex-jogador da seleção.



E realmente ninguém falava em Kleberson até Felipão lançá-lo no segundo tempo da complicada partida contra a Bélgica, pelas oitavas-de-final. O Brasil ganhava de 1 a 0 e não jogava bem. Para garantir o resultado, o treinador pôs o jogador do Atlético-PR no lugar de Juninho. Queria segurar o resultado.



Kleberson entrou e fez muito mais. Melhorou a marcação e ainda criou toda a jogada do segundo gol, feito por Ronaldinho, que garantiu o time nas quartas-de-final. Foi o que bastou para que colocasse uma pulga atrás da orelha de Felipão. Depois de pensar muito, o treinador tomou a decisão de pôr o volante no lugar de Juninho, na partida contra a Inglaterra. O garoto de Uraí, no interior da Paraná, foi bem e não saiu mais do time.



O jogador teve atuação discreta no jogo com a Turquia, nas semifinais. Mas na final, contra a Alemanha, se superou e talvez tenha feito sua maior apresentação desde que se tornou jogador profissional. Marcou, desarmou, criou e ainda deu três chutes perigosos ao gol da muralha Oliver Kahn, um deles que acertou o travessão. Mas seu principal lance foi o passe para o segundo gol do Brasil, que garantiu o penta.



– O Kleberson fez uma grande jogada. Só precisei tirar o zagueiro com o corpo para o Ronaldinho fazer o gol – lembrou Rivaldo, ainda no domingo, depois do jogo.



O destino de Kleberson deverá ser o futebol europeu. Sua atuação na decisão despertou a cobiça dos grandes empresários e o Atlético-PR dificilmente terá forças para segurá-lo por muito tempo. Mas até lá, ele já deverá estar acostumado a falar com jornalistas estrangeiros. Agora todos querem saber quem é Kleberson.



– Sou uma cara simples – definiu o pentacampeão



Ele começou sua carreira no PSTC em 1997. E desde 1999, defende o Atlético-PR. Sua estréia na seleção foi este ano, na partida contra a Bolívia, quando o Brasil goleou por 6 a 0. Desde o início sua convocação foi contestada, mas o técnico Scolari apostou no seu futebol.



Já no Atlético-PR, Kleberson chamava a atenção pela qualidade de seus chutes. Na Copa, também mostrou bom passe, como na vitória contra a Alemanha, na decisão, quando deixou Ronaldinho na cara do gol para marcar o segundo.



Maurício Fonseca, do jornal O Globo



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