DOSSIÊ DE ADRIANO
Mesmo quando ele decidia jogos com sua habilidade, driblando tanto os adversários como os buracos dos campos de terra batida da periferia de Maceió, em Alagoas, seus amigos não acreditaram que ele iria tão longe. Destacando-se pela velocidade e pela garra demonstrada, o jovem Carlos Adriano de Souza Vieira insistia em querer ser jogador de futebol, lutando contra as dificuldades naturais do futebol e até mesmo pela má formação na estrutura física, fruto do problema social que lhe causava transtornos devido à infância pobre : a fome!
A mesma fome que sentiu junto com sua humilde família, transformou-se em luta pela sobrevivência. Adriano, quando teve a chance de fazer testes no Club Sportivo Alagoano, o CSA, não titubeou. Correndo muito e jogando com sua costumeira raça, foi se destacando, sendo logo promovido ao elenco profissional, onde foi tri campeão alagoano de 95 a 97. Nessa fase que o “olheiro” Antonio Carletto descobriu Adriano e o trouxe para a Baixada, no início de 1998.
A timidez, marca registrada do craque, ficou ainda mais acentuada. Foi logo apelidado de Gabiru, em alusão a uma espécie de rato magro do sertão nordestino, mas que serve de comida aos famintos homens do agreste. Demorou para estrear no Atlético pois fazia tratamento para ganhar massa muscular e fortalecer os ossos. Ainda havia resquícios de sua infância pobre.
Ajudou o Atlético a conquistar o título estadual de 1998, após 8 anos de jejum. Foi destaque do campeonato, tendo inclusive feito gols nas finais. Começava ali um verdadeiro caso de amor com a massa atleticana. Adriano ajudou ainda o Furacão a conquistar a Seletiva da Libertadores em 1999, fazendo o gol atleticano na final. Participou também dos títulos de Campeão Paranaense em 2000 e 2002, além da campanha do título de Campeão Brasileiro em 2001.
Em 2000, talvez seu momento mais complicado no Furacão. Oitavas-de-final da Libertadores, jogo em casa com o Galo Mineiro e a decisão foi para a loteria dos penaltis. Na quarta cobrança atleticana, Adriano bate por sobre a trave, abrindo caminho para que Guilherme desse a vaga para o rival mineiro. A sensacional campanha atleticana em sua 1ª Libertadores chegava ao fim e logo ele, que naquele jogo havia realizado outra grande atuação, errou. Naquela fatídica noite de quarta-feira, Adriano sentiu o quanto a nação rubro negra o ama. Saiu aplaudido de campo, mesmo aos prantos. O torcedor sempre soube valorizar os que demonstram amor e respeito ao Atlético.
Foi negociado com o Olympique de Marseille da França e ficou lá o primeiro semestre de 2001,onde enfrentou problemas de adaptação, na alimentação e com o preconceito racial. Voltou, sendo recebido pelo torcedores e com direito a recepção na Baixada com torcedores que tiveram uma certeza: Adriano voltou para levantar mais um caneco! E tinham razão, pois Adriano, juntamente com Souza, comandou o meio campo do Atlético na vitoriosa campanha que culminou com o Título Máximo da História Atleticana, o Campeonato Brasileiro.
Em 2002 foi um dos poucos poupados das críticas pela campanhas decepcionantes do time. Sua raça e determinação em todos os jogos foram sendo ainda mais realçadas. Adriano, assim como outro ídolo que eternizou-se como o “Craque da 8”, Sicupira, mostra aquilo que todo torcedor atleticano espera. Que a camisa rubro negra, só se vista por amor!