1 dez 2002 - 21h50

O Dossiê de Dagoberto

Nos últimos anos, a principal característica do Atlético é a revelação de novos talentos, seja com contratação de nomes desconhecidos e que despontam no cenário nacional (casos de Kléber, Alex Mineiro e Adriano), ou com a promoção de atletas das categorias de base (como Kleberson e Fabiano). O “menino dos olhos atleticanos” da vez é o meia atacante Dagoberto, um prata da casa que tem tudo para seguir o caminho promissor de outros jogadores revelados pelo Furacão. Ele foi a principal sensação do futebol paranaense nesta temporada, recebendo o título de DaGOLberto.

Dagoberto Pelentier nasceu em Dois Vizinhos, mas foi criado em Enéas Marques, no norte do Paraná. No interior, dividia as peladas com os amigos com o trabalho na roça e os estudos. Em 98, chegou ao PSTC de Londrina, mesmo time que revelou o pentacampeão Kleberson. Foi contratado pelo Atlético em 2001 e, este ano, subiu para o profissional. Logo no primeiro jogo da temporada, o garoto mostrou a que veio: jogando contra o Cruzeiro, pelo Sul-Minas, o Atlético jogou com quase todo o time reserva; Dagoberto estava em campo e foi destaque.

Seu futebol habilidoso fez com que Geninho se preocupasse em não queimá-lo com a torcida. Por isso, o jogador figurava entre os reservas e entrava no decorrer das partidas, para ir adquirindo experiência. Mas o grande momento de Dagoberto foi no Torneio de Toulon, na França, com a Seleção Brasileira; o jovem atacante de 19 anos foi o principal destaque do time campeão.

Seu futebol rápido e ousado, sempre buscando o ataque, o gol, proporcionou algumas pirotécnicas que encantaram os torcedores. Dagoberto, por diversas vezes, chegou a ser comparado com Zico.

No Campeonato Brasileiro deste ano, Dagoberto foi regular. Com as constantes contusões dos atacantes Kléber, Alex Mineiro e Ilan, aliado a má fase do ataque titular, ele se transformou numa figura constante no time.

Daboberto marcou 5 gols no Brasileiro, dividindo a vice-artilharia do time com Fabiano. Foi também o vice-artilheiro do Atlético na temporada, com 14 gols (ficando atrás apenas de Kléber, que marcou 25). O gol marcado contra o Botafogo, poucos segundos após ter entrado em campo, projetou o jogador no cenário nacional. Ele também protagonizou outros lances de puro brilhantismo, aqueles que nos fazem acreditar que a barreira entre o futebol e a arte é muito estreita. Porém, com o decorrer da competição, o futebol imprevisível do jogador (e também do time) foi desaparecendo. E Dagoberto teve que amargar a despedida do campeonato como um simples coadjuvante, diante da má fase.

O nome de Dagoberto significa a principal esperança de que aquele velho futebol, imprevisível, visando sempre o ataque, que faz do gol uma obsessão, retorne ao time que um dia foi chamado de Furacão por arrasar, literalmente, seus adversários.



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