25 jan 2003 - 23h50

Um passeio pelo CT do Caju

Mais do que futebol,
o Atlético Paranaense está formando cidadãos para o mundo. O professor Antonio
Carlos Gomes explica toda estrutura que o clube montou num dos mais modernos
locais de treinamento do mundo.

Para quem não é de
Curitiba a chegada ao CT do Caju pode parecer estranha. Afastado do centro da
cidade, o cenário confunde-se com os famosos pinheiros da região Sul e as casas
humildes do bairro Umbará. No meio do caminho, vários campos de futebol e diversas
pessoas vestindo o vermelho e preto do Atlético. Já dá pra sentir que estamos
chegando.

Na entrada, um belo
portal e uma sala de imprensa que homenageia a jornalista Sônia Nassar, falecida
há dois anos. Soninha nunca escondeu sua predileção pelo Furacão. Foi-se embora
bem no ano da maior conquista do clube. Melhor para ela. Assistiu de camarote.

Para recepcionar
os convidados do dia (integrantes do site Furacao.com, Rubronegronet e da Confraria
do ETA), o assessor de imprensa Carlos Guimarães. E foi Carlos quem nos levou
ao nosso anfitrião: Antonio Carlos Gomes. E lá fomos nós descobrir o que é realizado
dentro do CT do Caju e que grande parte da imprensa não conhece (por isso criticam).

A
Supervisão Científica foi o tema da palestra proferida. Palestra, diga-se de
passagem, encomendada pelo próprio presidente Mário Celso Petraglia, num almoço
realizado há três semanas, com as mesmas pessoas, num hotel de Curitiba. Ponto.
Supervisão Científica no data show e olhos colados na parede. Estava
começando a palestra do professor que chegou ao Atlético no ano 2000.

A primeira explicação
foi a de que como o futebol é regido na atualidade. Antonio Carlos Gomes explicou
que a cultura do futebol é pobre, regida pela emoção, por interesses políticos
e financeiros. A solução para esse problema seria a de adaptar o futebol para
a cultura esportiva, onde os princípios pedagógicos, as leis biológicas, a biomecânica,
a psicologia façam com que seja criada a ciência acadêmica. E é a partir daí
que o professor começa a aparecer no Atlético.

Antonio Carlos Gomes
explicou, em mais de duas horas de palestra, as áreas de apoio social, educacional
e de saúde. Tudo funcionando dentro do próprio Centro de Treinamentos do Caju.
“Tudo no Atlético está interligado. Nossas categorias têm o mesmo tratamento,
seja do infantil ao profissional”, disse o professor.

Valores

Os grandes valores
do Atlético em 2003 já saíram do forno. Enquanto que de 1995 ao ano 2000 nenhum
grande atleta veio das categorias de base, neste ano teremos 13 atletas para
compor o time principal e que foram criados no CT do Caju. “Trabalhamos
muito a cabeça desses garotos. Damos todas as condições para que eles possam
mostrar um bom futebol. Dispomos de psicológo a nutricionista e de médico a
dentista. Não falta absolutamente nada. Cuidamos até dos estudos desses meninos.
A gente não quer vibrar com um gol de um craque hoje e amanhã vermos ele jogado
num bar. Trabalhamos pelo social”, afirmou Gomes.

E o trabalho é mais
do que perfeito. Logo na entrada, à esquerda, do prédio principal do CT, Miguel
Figura cuida da biblioteca dos jogadores. “É um prazer trabalhar no que
a gente gosta e com quem a gente gosta. Nesta sala não apenas entretemos os
craques com leitura ou joguinhos. Temos esse quadro que muitos jogadores utilizam
para estudar. Contratamos um professor para nos auxiliar e já tem gente (do
profissional), que chegou aqui ‘ruim de cabeça’ e já está na 8º série”,
disse Figura

Subindo as escadas
do CT, encontramos a sala do professor Antonio Carlos. Há equipamentos que você
nem imagina que existem. Uma das máquinas mais curiosas é o ‘calculador de impulso’.
No time atleticano os zagueiros Ígor e Daniel são os campeões de impulsão. À
frente da máquina, um monitor, vídeo cassete e outro equipamento não menos curioso.
O objeto detalha a ‘história’ de um jogador numa determinada partida.

Para quem não sabe,
todos os jogos do Atlético são registrados numa câmera bem acima da torcida
adversária. É o ponto ideal para ver o desempenho dos atletas. Se o Rogério
Corrêa deu 30 piques por partida, o Alessandro errou 8 passes, ou se o Ígor
saiu da zaga bem na hora do gol do time adversário, o equipamento vai fazer
a leitura automaticamente.

Mais passeio

Saindo do prédio
central, caminhamos para o departamento médico. Na sala de fisioterapia um garoto
do juvenil era cuidadosamente tratado. Já nas salas dos médicos Henrique Carvalho
e Igor Shiminacio o movimento era tranqüilo. Para animar o ambiente, só o massagista
Bolinha, que brincou com a caravana atleticana. “Só quero ver o que vocês
vão falar”, disse o massagista.

Numa salinha nas
mesmas dependências, foi instalada a rouparia. Chuteiras, calções, meias e faixas,
todas detalhadamente separadas por José Carlos Fumassa e Marcos Antonio, são
os destaques. Enquanto isso, do lado de fora, os jogadores do elenco profissional
faziam uma atividade de alongamento, ao som de um pagode, comandado pelo preparador
físico Sulivan Dala Valle.

Mais a frente, duas
novidades: um lago artificial que serve para os jogadores pescarem quando estão
concentrados e um campo de paredão, que serve para treinamento específico de
pontaria. “Realmente o nosso time está precisando de um bom batedor de
faltas”, disse Antonio Carlos Gomes, sempre respondendo perguntas no meio
do caminho.

Já no campo com arquibancadas,
a comitiva, agora acompanhada do administrador do CT, Péricles, acompanhou o
alojamento do grupo de coreanos que está fazendo estágio no Atlético há mais
de um ano. “Eles são umas figuraças”, garantiu Péricles. Do outro
lado, um alojamento com mais de 25 beliches acomodam meninos que chegam de outras
cidades para fazer testes no Furacão. “Nossa metodologia é fácil e barata.
O garoto fica uma semana com a gente. Analisamos cinco fatores: indicação, psicologia,
físico, habilidade e a técnica. Se for aprovado, fica aqui mesmo no CT”,
disse Gomes.

Ao todo, mais de
2500 crianças já fizeram esse tipo de teste no Atlético desde a chegada do professor.
É o maior programa de descoberta de talentos do Brasil.

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O
site Furacao.com agradece a visita ao CT do Caju e deseja felicidades
e sucesso ao nosso cientista. Enquanto muitos criticam sem embasamento, procuramos
o caminho da verdade para elucidar um trabalho digno e mais do que profissional
que é realizado no bairro Umbará. Para quem ainda tem dúvidas em relação ao
trabalho de Antonio Carlos Gomes, procure conversar com ele. Tenham certeza
de que ‘tudo’ que é repassado para o público, não é, na verdade, tudo. Falta
mostrar muita coisa. Ainda!



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