Processo
Críticas intermináveis ao Petraglia, torcida exigindo a saída do técnico no segundo jogo do time, poucos torcedores no estádio, seria a coxanização dos torcedores atleticanos? O que está acontecendo? Em minha opinião é tudo parte de um processo, fomos campeões do Brasil e merecendo o título, não por acaso como tinha sido a vitória dos coxas, o que rendeu pela primeira vez o respeito nacional a um time paranaense, também pela primeira vez um jogador paranaense triunfa na Copa do Mundo. Montamos times excelentes, nos tornamos referencial de clube a ser imitado, nossas estrelas são conhecidas internacionalmente, vários jogadores atleticanos passam com regularidade pelas seleções brasileiras. Eu poderia ainda citar uma sequência enorme de fatos que nos tornaram nesses últimos anos em um outro tipo de clube. Nossa identidade não é mais a mesma, não tem mais como ser. Não somos mais aquela torcida que aceita as derrotas com gritos de apoio porque não podemos mais ser; nunca mais seremos. Poderemos no entanto ser uma torcida que apoia apesar de tudo, mas o nível de exigência será sempre alto, não há mais como sermos “aquela” torcida, porque ela foi forjada por condições que não existem e não existirão mais. Ainda bem aliás. Então estamos condenados a ser essa atual torcida chata, exigente, até burra por não permitir a maturação dos times e do trabalho dos técnicos? Penso que não. Tenho certeza aliás, que essa é só uma fase, parte de uma transformação natural na sequência daqueles fatos que descrevi acima, vivemos um amadurecimento em que – acho – nos tornaremos algo parecido com a atual torcida do Grêmio, exigindo e apoiando ao mesmo tempo, seremos uma fusão dos dois temperamentos, aquele anterior de aplaudir até em derrotas e esse atual de vaiar qualquer coisa que não seja a vitória e a grande jogada, como se houvesse time no mundo que mantivesse fases assim. Mas como se dará essa transformação? Pela reflexão da própria torcida, pela discussão pública dos mais lúcidos com os mais emocionais. Dos torcedores mais antigos com a multidão que aderiu e continua aderindo ao time. As arquibancadas da Arena e os sites são o espaço para cobrar lucidez, inteligência dos torcedores que insistem em não perceber a exigência excessiva, somos nós que fazendo o que eu estou fazendo agora e que tenho feito conversando pessoalmente com que vaia errado que vamos fazer essa estranha fase de transição passar. Mas é óbvio que nunca mais deixaremos de ser exigentes, mas deveremos ser inteligentemente exigentes.
Quanto à derrota no Atletiba, não tem grande significado, o Atlético jogou melhor e sem exagero nenhum merecia a vitória, o empate já seria injusto. A falta que ocorreu um pouco antes do gol coxa não aconteceu e o jogo foi dominado por nós. Os coxas não vencerão o campeonato, seremos tetra-campeões. Deixamos a vitória número 100 para um Atletiba que valha alguma coisa, o que aliás é regra dos últimos anos, os coxas só vencem Atletibas que não valem nada. Foi engraçado ver os times entrarem no gramado, de um lado os grandes jogadores atleticanos iam do mundialmente conhecido Kléberson ao nacionalmente famoso Alessandro, passando pelas estrelas sulamericanas Dagoberto e Jean. De verde e branco no gramado as estrelas iam de nomes famosíssimos no bairro até jogadores bem mais importantes, consagrados em toda a região metropolitana. Por fim gostaria de notar que no termo Atletiba, a parte que cabe ao furacão é escrita com letra maíscula e a parte que cabe ao coxa tem letras minúsculas – a gramática repete o destino inevitável de cada clube.