10 abr 2003 - 0h35

Diego: “Quero fazer história”

O goleiro Diego foi contratado pelo Atlético no início de 2003. No ano passado, defendendo a meta do Juventude, foi eleito o melhor goleiro do Campeonato Brasileiro. Credenciado por esta conquista, chegou ao Furacão com status da grande contratação do ano. Assinou contrato por quatro anos e faz planos ambiciosos. Pensa em marcar seu nome na história do Atlético e chegar um dia à Seleção Brasileira. Emuma conversa descontraída com a equipe da Furacao.com, Diego conta um pouco da sua carreira, de sua vida pessoal e dá sua opinião sobre os mais variados assuntos. Confira:

Você pratica algum outro esporte?
Eu gosto muito de tênis. Quando eu estou de férias, o esporte que eu pratico bastante é tênis. No CT tem quadra de tênis, mas lá eu ainda não joguei.

Quais as principais diferenças entre morar em Caxias do Sul e Curitiba?
No aspecto do clima, é a mesma coisa. Curitiba é muito parecida com Caxias no sentido de que no mesmo dia faz calor e faz frio. Aqui acontece muito isso. Aqui chove bastante, faz frio e Caxias é a mesma coisa. Mas é uma cidade na qual eu estou gostando muito de morar.

Você está morando só com sua esposa aqui?
Não, meu pai e meu irmão mais novo também vieram para Curitiba .

Em Caxias, você tinha até fã-clube. E aqui, o assédio feminino está sendo grande?
Sim. Até neste sábado aconteceu um fato engraçado. Neste sábado, alguns torcedores foram ao CT, naquele passeio do Atlético. Algumas meninas vieram falar comigo para me dar as boas-vindas e desejar boa sorte. E elas me deram bichos de pelúcia, flores, cartas, muita coisa. Mas lá em Caxias era pior. Chegou a um ponto em que eu não podia sair na rua, sabe? Tinha um assédio muito grande.

Você coleciona alguma coisa?
Não, não costumo. Eu tenho guardado algumas camisas de outros times, mas não tenho uma coleção. Como lazer, eu gosto de pescar. Tenho todo o equipamento, pescava muito em Caxias do Sul.

Antes de jogar futebol, você pensou em seguir outra carreira?
Desde que eu me conheço por gente, quando era criança eu sempre dizia que seria jogador de futebol quando crescesse. Eu até gosto de contar como foi minha história no futebol. Lá em Itaqui, onde eu nasci, eu queria porque queria jogar na linha, de qualquer jeito. Isso eu tinha 8, 9 anos. Por insistência minha e dos meus irmãos, o meu pai organizou um time de futebol de salão, o Cantão Sports. Daí ele organizou e nós disputávamos o campeonato estadual. Quando começou isso aí ele conseguiu seis jogadores. Futebol de salão é um goleiro e quatro na linha. Eu era tão ruim na linha que conseguia ser o único reserva no time do meu pai. Imagine, o time era do meu pai e eu era reserva. Mas no ano seguinte eu fui para o gol e foi onde eu me achei.

Foi uma decepção para o pai, então?
Não, acho que ele viu que não dava (risos).

Seus irmãos jogaram também?
Meu irmão do meio, o Tiago, jogou no Internacional até os Juvenis. Mas depois ele passou num concurso de processamento de dados na UFRGS e largou a carreira.

Você tem um nível social mais elevado que a média dos atletas de futebol. Como foi lidar com isso, especialmente nas categorias de base?
Minha base de tudo sempre foi a família. É onde eu me apoio. Eu posso falar que sou um privilegiado nesse aspecto. Se nós formos analisar no futebol, a educação que eu tive é acima da média. Eu completei o segundo grau e estava fazendo faculdade. Eu estava cursando Educação Física em Porto Alegre e até vou tentar transferir para cá. É difícil você ver um atleta de futebol fazendo faculdade. E uma coisa que eu acho muito importante na vida do ser humano é o estudo. Tudo isso eu devo ao incentivo do meu pai, que sempre me deu força e sempre me cobrou.

Equipe Furacao.com conversa com o goleiro Diego

Depois de jogar no time formado pelo seu pai, como foi sua trajetória até chegar ao profissional?
Depois que eu fui para o gol, passei a gostar e a me dedicar cada vez mais. Na minha casa tinha um campinho de futebol. Meu pai trabalhava no Banco do Brasil e chegava em casa todo dia ao meio-dia. Ele cansado, louco para almoçar, descansar um pouquinho e depois voltar para o serviço. Eu pegava a bola e jogava pra ele: “Toma aí. Tu só vai almoçar depois que fizer um gol em mim”. E ele ficava chutando, chutando e eu defendendo. O pai é muito parceiro nesse aspecto, tanto que ele hoje mora em Curitiba.

Ele também jogou futebol?
Sim. Ele chegou a ser profissional pelo Santo Ângelo, mas depois seguiu carreira no Banco do Brasil.

E a família torcia para qual time?
Grêmio. A família era gremista, mas hoje é Diego Futebol Clube.

Voltando à sua carreira, como você chegou aos profissionais?
Começou tudo como brincadeira. Mas depois meu pai foi transferido e a gente foi morar em Porto Alegre. Como ele trabalhava no Banco do Brasil, eu e meus irmãos fomos jogar futebol de salão na AABB. Eu tinha 13 anos e um dia nós fizemos uma partida contra diretores da AABB. Alguns deles eram ligados ao Grêmio e eu fui muito bem nessa partida. Então, fui convidado para fazer teste no Grêmio. Daí eu passei no teste dos Infantis do Grêmio e fiquei lá até os Juvenis. Era maravilhoso, porque meu pai era gremista doente.

Você chegou a jogar ao lado de algum jogador famoso?
Joguei com o Ronaldinho. Também na mesma época estavam o Eduardo, que hoje é reserva do Danrlei, o Fabrício, que hoje é zagueiro do Coritiba.

E como foi enfrentar o Grêmio na estréia do Campeonato Brasileiro?
Normal porque eu joguei muito contra o Grêmio quando estava no Juventude. Então não teve nada de especial nessa partida.

Por que você saiu do Grêmio?
Foi no Grêmio que eu passei o pior momento da minha vida. Isso eu posso dizer com certeza. Eu tive uma lesão muito séria no quadril, no lado direito. Fiquei oito meses parado, em 96, quando estava no segundo ano do Juvenil. Quando eu me recuperei e comecei a treinar novamente, uma semana depois tive um problema no pé esquerdo e tive de fazer uma pequena cirurgia. Foram mais quatro meses. Ou seja, um ano perdido. E daí o que aconteceu? Quando eu me recuperei, as pessoas diziam para mim para eu desistir do futebol. Diziam que eu não daria certo, que era para eu deixar tudo e estudar. Muitas pessoas não acreditavam em mim.

Pessoas do Grêmio?
Do Grêmio e pessoas próximas de mim também. Mas eu sempre dizia: “É o que eu quero, é o meu grande sonho, eu sempre lutei por isso e eu não vou desistir agora. É o primeiro obstáculo que eu estou enfrentando na minha vida e vou fazer de tudo para superar”. Mas eu acabei sendo dispensado do Grêmio.

Em razão da contusão?
Isso e também porque o Eduardo, que hoje é reserva do Danrlei, estava jogando e eu perdi espaço. As pessoas diziam pra mim: “Vai estudar, vai trabalhar porque futebol não dá para ti”. E eu dizia: “Vou estudar e vou jogar também”. Aí surgiu uma chance. É o destino, não é? Isso aconteceu em abril de 1997. Era meu primeiro ano de Juniores, já tinha saído do Grêmio e tinha feito vestibular em Porto Alegre. Eu não tinha perspectiva nenhuma mais da minha vida quando ao futebol. Eu sempre pensava que ia dar certo, mas não tinha nada certo. Nesse tempo eu fiquei treinando num time chamado Santos de Porto Alegre, que treinava no Parque Mariano Brasil, em frente ao Shopping Praia de Belas. Eu treinava mais para me movimentar. Numa manhã eu acordei e falei para o meu pai ligar para o Juventude. Lembrei que quando eu estava no Grêmio tinha havido um interesse deles em me contratar por empréstimo. Era minha última cartada. O pai telefonou no mesmo dia e conversou com o José Mário Mondadoli, que era gerente das categorias de base. Ele contou a minha história e o José Mário disse que eles estavam precisando de goleiro. Falou que dois goleiros iriam fazer teste naquela semana e que eu também poderia participar. Ficaria a cargo do técnico escolher com quem ficar. E o treinador era o Murtosa, que hoje é auxiliar do Felipão. Eu cheguei na segunda e nós iríamos treinar até a sexta-feira. No sábado eles dariam a resposta. Ali eu dei a minha vida naqueles treinamentos. No sábado, eu me atrasei e cheguei só dez minutos antes de o treino começar. Quando eu cheguei no campo, os outros dois goleiros já estavam fardados, prontos para treinar. Quando eu fui pegar minha roupa com o roupeiro, ele falou assim: “Sobe lá na gerência que o Zé Mário quer falar contigo”.

Daí você pensou que estava fora?
Foi a primeira coisa que eu pensei. Olho pro lado e estão os dois goleiros prontos. E quando tem isso de falar com o gerente é porque deu problema. Então eu fui praticamente chorando. Triste, triste. Eu baixei a cabeça e vi meu sonho acabando naquele momento. Daí eu subi, o Zé Mário viu que eu estava chateado e falou: “O que tu tens?”. Eu disse que estava triste, ele perguntou por quê. Ele disse: “Olha, o Murtosa observou vocês três e dos três tu é o que tem mais condição. É com ti que nós vamos ficar”. Eu lembro disso e chego a arrepiar. Foi o dia mais feliz da minha vida. Meu mundo tinha acabado e, no momento seguinte, deu tudo certo.

E algum dos outros ficou?
Não, foram os dois dispensados. Só para você ter uma idéia: naquele dia, eles me liberaram para ir para casa e falaram para eu voltar na segunda. Eu disse que não queria ser liberado e já treinei no mesmo dia. Daí três meses depois eu já era titular dos Juniores, no ano seguinte. Em 98, eu passei a treinar com os profissionais e fiquei como terceiro goleiro. No ano 2000, no meu primeiro ano só como profissional, me tornei titular no segundo semestre de outubro.

Quem era o titular no começo da Copa João Havelange?
O titular era o Júlio César, que hoje está no Gama. O segundo goleiro era o Humberto e eu era o terceiro. Mas quando o técnico Roberval Davino chegou no clube, ele me falou: “Olha, tu é o terceiro goleiro porque eu tenho de seguir uma linha de trabalho. Mas para mim, tu é o meu titular. Espera tua oportunidade que logo, logo vai ser titular”. Não deu outra. Na metade da Copa João Havelange ele me colocou de titular e eu nunca mais saí.

Na sua chegada ao Atlético, qual a maior dificuldade que você encontrou: substituir Flávio, um ídolo da torcida ou superar o trauma da derrota em sua estréia?
Sinceramente, eu nunca me comparei ao Flávio. Eu acho que o Flávio fez a história dele e é um grande goleiro, tanto que para jogar tantos anos numa equipe grande como o Atlético um goleiro tem de manter a regularidade. Então quer dizer que ele jogou bem mais partidas do que mal. Eu nunca me comparei a ele. Eu não quero contar história aqui no Atlético. Quero fazer história. E como a gente faz história? Não sou só eu sozinho. O grupo tem de ajudar também. No momento que um grupo se destaca, vão aparecer os destaques individuais. Foi o que aconteceu no Juventude quando nos classificamos para as fases finais do Brasileiro no ano passado.

Mas você não sentiu uma pressão muito grande por causa das críticas?
Eu não ligo para isso. Sei que quando jogar bem, todo mundo vai falar que eu joguei bem. Quando eu jogar mal, todo mundo vai falar que eu joguei mal. Como eu sou goleiro, não posso errar. Se eu erro, nós levamos um gol. Se levarmos gol, vamos perder a partida.

Você não sentiu que seu começo foi ruim no Atlético?
Não, para mim foi normal. Quando eu cheguei aqui o Atlético tinha chance de nem se classificar no Paranaense. Minha estréia foi no último jogo do Heriberto. Logo depois ele saiu. Quando chegou o Vadão, o grupo ficou com novo ânimo. Tanto que nós nos classificamos. Com dificuldades, mas nos classificamos e no jogo contra o Londrina tivemos chance para ganhar. Nesse aspecto eu sou tranqüilo. Quando eu levo um gol, eu não abaixo a cabeça. Na hora eu fico chateado, fico brabo. Mas eu penso: “Eu não posso levar mais um agora. Quando a bola vier, eu tenho de estar calmo para defender”.

A gente nota que você fala bastante. A impressão que a gente tem da arquibancada é que o time do Atlético fala pouco em campo.
É um time calado. Isso nós conversamos entre nós e sabemos que temos de conversar mais. Eu sempre procuro falar o que está certo e o que está errado, até pela minha experiência. No ano passado, eu fui capitão do Juventude. Então, eu procuro sempre falar. Antes do jogo, eu tento animar todo mundo, é uma característica minha. Nós conversamos com o Vadão para corrigir os erros e para não nos abatermos. Não podemos nos abater na segunda rodada de um campeonato que tem 46 jogos.

Como é o seu relacionamento com o Ricardo Pinto?
O Ricardo é uma pessoa que eu aprendi a admirar muito. Ele é muito tranqüilo e conversa bastante comigo. Ele me dá força porque eu me cobro muito. Meu maior crítico sou eu mesmo. Quando eu levo um gol, vou pra casa e quero ver o lance de novo para ver o que fiz de errado. Nesse aspecto, o Ricardo tem me controlado muito. Ele diz que não é bom eu me cobrar exageradamente.

Antes dele, você teve outros preparadores?
Tive o Ilo Guarany Roxo, que hoje é treinador do Danrlei e o Barbirotto, que foi goleiro do São Paulo e continua no Juventude.

Como são os treinamentos do Ricardo?
O que eu acho muito importante num treinador é a sinceridade dele. Ele diz pra gente: “Eu vou treinar vocês da maneira como eu gostava de ser treinado. E vou cobrar de vocês da maneira que eu gostava de ser cobrado”. Ele faz um trabalho para nós, não para mostrar para ninguém o que ele está fazendo. Isso dá muita tranqüilidade. Ele me equilibra nesse aspecto, pois eu me cobro muito. Quando eu perco um jogo, muitas vezes fico sem dormir. Fico chateado, não falo com ninguém. Isso acontece porque o futebol é minha vida. E eu dou minha vida dentro de campo.

E o Cléber, como foi o relacionamento de vocês na sua chegada?
Olha, eu conversei com ele na primeira noite que ficamos concentrados juntos. Eu falei para ele: “Se tu não ficasse chateado com isso, tu tava perdido. Tu ficou chateado com toda razão, porque tu tava jogando bem e tem um futuro brilhante”. Mas eu também tive minha chance e aproveitei. Eu disse para ele que ele não podia pensar em relaxar porque um dia ele vai ter a oportunidade, porque isso é natural, acontece com todo mundo.

Como você está sentindo o carinho da torcida?
Quando eu cheguei aqui, eu fui muito bem recebido por todos. Desde o porteiro do clube até o presidente. O carinho que tive foi fantástico. Eu tinha um certo receio porque eu joguei muito tempo num mesmo time e o Juventude era minha casa. Mas meu receio acabou logo no primeiro dia. Até mesmo o carinho dos torcedores foi muito bom. Fiquei chateado naquele jogo do Sport, mas sei que é uma coisa normal.

O que aconteceu naquele jogo?
Me vaiaram naquela partida, pediram a volta do Flávio. Mas depois eu fui aplaudido contra o Grêmio, então é normal.

Como você analisa a sua atuação naquele jogo contra o Sport, na Baixada, pela Copa do Brasil?
Eu falhei no terceiro gol. Mas é aquela coisa: ninguém presta atenção no batedor, na qualidade dele. Nosso azar no lance foi que ninguém tirou a bola e o cara aproveitou.

E no jogo contra o Grêmio, como foi o lance do chute do Rodrigo Fabri, que você rebateu?
Aquele lance foi o seguinte: ele chutou e eu me abaixei para fazer a defesa. Quando eu me abaixei, eu vi que a bola desviou e subiu. Se eu fosse normal na bola, ela ia passar por cima de mim e me encobrir. Mas eu levantei o tronco e a desviei com o ombro. Foi a reação que eu tive na hora. Mas isso as pessoas não analisam o lance, só a conseqüência.

Diego almeja ir para a Seleção Brasileira

Depois de jogar no time formado pelo seu pai, como foi sua trajetória até chegar ao profissional?
Contra o Paraná, você cometeu o pênalti de propósito?
Eu fiz de propósito. Fiz o pênalti porque o cara ia fazer. Achei que ia ser expulso. Eu assumo o que eu faço. Eu trago a responsabilidade para mim. Tem pessoas que acham que é errado de minha parte, que eu devia dividir a responsabilidade. Mas eu acho o contrário. Ele ia chutar para o gol vazio. Eu preferi puxar a perna dele e ter a chance de ele perder o pênalti.

Você sonha em ir para a Seleção Brasileira?
É meu grande objetivo. Quando teve o Mundial da Nigéria (Campeonato Mundial Juvenil em 99) eu era dos Juniores ainda. Telefonaram para o Juventude e pediram para eu ficar de sobreaviso, eu era o quarto goleiro da relação. Foram três: o Júlio César, do Flamengo, o Fábio, que está no Vasco e o Yamada, do Corinthians. Mas não aconteceu nenhum problema com eles e eu acabei não indo. Mas agora eu tenho a expectativa de ser convocado. Se você pensar, fui o melhor goleiro do segundo semestre do ano passado. E pela projeção que o Atlético tem, minhas chances são ainda maiores.

Quem são os melhores goleiros do Brasil hoje?
Na minha opinião, com toda razão o Marcos é o goleiro da Seleção. Por tudo que ele fez na Copa e voltou a fazer nesse ano, pelo Palmeiras. Se eu tivesse que escolher um goleiro para a Seleção Brasileira, seria o Marcos.

Isso para titular. E os outros dois convocados?
Eu me colocaria entre os três. E o terceiro seria o Dida. O Brasil tem muitos goleiros bons: Rogério Ceni, Dida, Júlio César.

Como foi a sua negociação com o Atlético?
Olha, eu fiquei sabendo do interesse do Atlético através da imprensa, ainda no final do ano passado. Nesse ano, eu estava preparado para disputar o Campeonato Gaúcho. Nós iríamos estrear no começo de fevereiro, contra o Inter. Mas no final de semana antes do jogo, fiquei sabendo que o Petraglia e o Carletto foram a Caxias do Sul. Eles decidiram num sábado. O Atlético fez uma proposta para ficar com 50% dos direitos federativos e o Juventude aceitou.

Você não chegou nem a ser consultado?
Não precisava nem perguntar! Eu queria vir para cá. Já estava forçando isso. Tanto que ficou acertado que eu ainda jogaria contra o Inter, mas eu disse para a direção que não tinha sentido, se já havia sido negociado com o Atlético.

E por que o Juventude aceitou te liberar?
Acho que a proposta do Atlético foi boa. Eles estavam com dificuldades financeiras, salários atrasados. E goleiro chega uma hora que não adianta pedir mais do que isso que não vão vender por mais do que isso.

Qual teu objetivo agora?
Eu tenho contrato de quatro anos. E pretendo cumprir.

Mas você sonha em jogar na Europa?
Eu penso assim: para eu jogar na Europa, tenho de ter feito uma grande campanha aqui no Atlético. Para fazer uma grande campanha no Atlético, tenho de estar sempre bem e o grupo tem de ser bom. Você só se destaca individualmente em uma boa campanha. E se surgir isso será bom também para o Atlético, pois renderá dinheiro ao clube.

O alemão Oliver Kahn é o melhor do mundo?
Na Copa do Mundo, ele foi o melhor goleiro. Levou a Alemanha sozinho.

Você é considerado um bom pegador de pênaltis?
Olha, vou contar uma história para vocês terem uma idéia. Quando eu era reserva do Juventude, fomos disputar a Taça Belo Horizonte, que é o segundo torneio mais importante de Juniores.

O Atlético foi campeão da Taça BH em 1996.
Pois então, fomos disputar a BH. A gente se classificou para as oitavas-de-final, junto com o Fluminense. O jogo estava 1 a 1, faltando um minuto para terminar, o treinador olhou para mim e disse: “Diego, vai. Vai para defender os pênaltis”. No treino anterior ao jogo, nós havíamos treinado cobranças de pênaltis e eu peguei muito. Daí quando eu entrei nesse jogo, foi eu botar os pés em campo e o juiz acabou. O goleiro, Adriano, saiu desesperado. Jogou as luvas no chão, começou a chorar e foi para o vestiário. Com toda razão, eu faria a mesma coisa. Eu não esperava aquilo. Estava na expectativa de ficar torcendo, mas tinha de aproveitar a chance. Resultado: defendi dois pênaltis e nós nos classificamos.

Daí virou titular?
Não. No dia seguinte, encontrei o treinador e forcei: “E aí professor, agora o senhor vai me dar uma chance?” Ele disse que não sabia, que ia decidir na hora. Mas no final o outro acabou jogando. Perdemos por 1 a 0 para o Colo Colo, do Chile, com falha dele. Nós voltamos para Caxias do Sul para disputar o Campeonato Gaúcho e eu pensei que aí seria titular. Perdemos por 1 a 0 para o Novo Hamburgo e o goleiro falhou de novo. Foi aí que ele me colocou e eu não saí mais.

Quem são seus melhores amigos no Atlético?
Eu converso mais com o Igor e com o Leomar. Os caras são gente boa demais.

Quais suas melhores qualidades?
Acho que saída do gol e reflexo rápido. Além disso, minha personalidade. Se tiver que tomar uma decisão rápido, eu tomo a decisão. Se tiver que me sacrificar pelo time, eu vou me sacrificar. Se precisar ir para a área cabecear, eu vou. No jogo contra o Londrina, eu ia para a área cabecear, mas não tivemos nenhum escanteio no final.

E seus piores defeitos?
Acho que se eu tivesse um defeito muito grande, não iria me destacar. As pessoas estão dizendo que eu tenho soltado a bola. Mas o que marcou? Aquele jogo contra o Sport, porque eu larguei e eles fizeram o terceiro gol. Nesse eu falhei, admiti. Já defendi bolas muito mais difíceis e poderia ter feito a defesa. Contra o Grêmio, o que aconteceu? Não falhei de maneira alguma. A bola desviou na perna do Igor e eu poderia ter tomado o gol se não tivesse erguido o ombro.

Como é a estrutura do Furacão?
Fantástica. Tem um profissional para cada área: a sala de musculação tem um instrutor, tem fisiologista, médico, dentista, tudo. Só não joga no Atlético quem não quer. Com a estrutura que nós temos e com os profissionais que trabalham para nós, não tem como um atleta ficar desmotivado.

Essa estrutura maravilhosa não pode deixar o jogador acomodado?
Se você pensar assim, até pode acontecer. Mas quem pensar em se acomodar porque tem tudo do bom e do melhor é cabeça fraca e não tem carreira longa.

Você está feliz no Atlético?
Muito feliz. É a chance da minha vida e eu quero aproveitar de todas as maneiras.

Está melhor ou pior do que você imaginava?
Muito melhor, em todos os sentidos. O Atlético hoje é um time grande: pela torcida que tem, pelo estádio que tem, pela estrutura que tem. Há times considerados grandes que não têm isso.

Você tem a pretensão de ser ídolo no Atlético?
Eu quero realizar um grande trabalho. Acho que ser ídolo é conseqüência. Você não vai ver eu tratar mal o torcedor. Quando gritarem o meu nome no estádio, vou abanar, vou bater palma. Esse carinho é bom de receber e é bom de devolver também. Às vezes termina o jogo, eu gosto de jogar a camisa para a torcida. Isso é importante. Acho que nem o torcedor do Atlético tem noção da força que ele tem. A força que eles nos dão realmente faz diferença. Uma coisa que eu gostei muito foi de visitar a Fanáticos. Fui lá, levei camiseta, eles me deram presentes também.



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