Opinião: “Eu chorei. E ainda choro”
A última vez que chorei pelo Atlético foi de alegria. Estava em São Caetano, ao lado de minha namorada, que percebeu o meu ‘desespero de felicidade’. Foi logo após o gol do Alex Mineiro, na metade do segundo tempo da partida final de 2001. Muita história se passou pela minha cabeça.
Lembrei do tempo em que os treinos eram realizados no Flamenguinho porque o Atlético não tinha onde treinar. Chorei porque da minha memória não saía a raiva que sentia dos coxas porque me esfregavam uma estrela dourada.
“Você está chorando ainda?”, desafiava a voz dela ao competir com a Fanáticos que puxava o grito de campeão brasileiro. Eu chorava, sim. Era um choro de liberdade, de saber que eu também estava entrando no grupo dos grandes e que os tempos de Pinheirão, para mil e quatrocentos pagantes, numa noite de inverno, já estava sepultado.
Em São Paulo minhas lágrimas eram mais que sinceras. Mesmo com o Atlético próximo ao segundo gol eu não esquecia de Mastrilo, Carlinhos Pé-de Vento, Biluca, Fião, Oswaldo, Pirata, Tico, Gune, Gilson e João Carlos Cavalo.
Eu fui campeão brasileiro. Posso contar para os meus filhos que eu vi o meu time ser o melhor do Brasil. Nunca vou mentir que não deixei de chorar naquele 23 de dezembro de 2001. Pensei que com o Atlético sendo vencedor do melhor campeonato do mundo, ele também seria o melhor time do mundo.
Não. Não somos o melhor time do mundo. Não somos o melhor time da América. Não somos o melhor time do Brasil. Não somos o melhor time do Paraná. Não somos o melhor time de Curitiba. Não somos o melhor time da região Água Verde-Rebouças. Somos apenas um time. Um time que me faz chorar. Não de felicidade. Um time que me faz relembrar Mastrilo, Carlinhos Pé-de Vento, Biluca, Fião, Oswaldo, Pirata, Tico, Gune, Gilson e João Carlos Cavalo e saber que éramos felizes. Naquele tempo eles também não pensavam que eram bons.
Sérgio Tavares Filho
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