Opinião: “Aceitável e Inaceitável”
Quando cobro um Atlético grande e competitivo, muita gente me critica, dizendo que sou exigente demais, que o time não será sempre campeão, etc.
Tento explicar que o que pretendo é que o Atético tenha uma visão “pra frente” e não se acomode nunca, brigando sempre para estar entre as grandes forças do cenário nacional.
Pois bem. Passam-se quase dois anos do título nacional e, aos poucos, o Brasil já não se assusta mais com o “Furacão do Brasil” ou com o “Caldeirão do Diabo”. O Atlético está simplesmente perdendo todo o prestígio que conseguira – isto é inaceitável.
Conseguir um vice-campeonato da Copa Sul Minas 2002, disputando a final com o Cruzeiro, uma das maiors forças do nosso futebol, isto é aceitável. Mas disputar um Campeonato Brasileiro com Gílson Nunes no comando da equipe e passar longe da classificação, isto é inaceitável.
Aceitável era o Atlético desde 1995. Todo ano figurando entre as grandes forças do futebol nacional (e internacional também, em algumas oportunidades). Quando não nos classificávamos, chegávamos perto, estávamos sempre em busca do topo da tabela. Isto era aceitável e por isso sempre fui um dos que defendeu a paciência com o projeto da então diretoria, sabidamente de longo prazo. Mas o que está sendo feito após o título, isto é inaceitável.
Perder para o Grêmio de Maringá em plena Baixada é inaceitável. Ficar abaixo dos quatro primeiros colocados no exíguo Campeonato Paranaense é inaceitável. Levar um banho de bola do Sport-PE na Baixada é inaceitável. Ter que aturar a indiferença de Kleberson, a ruindade de Fabrício – o queridinho dos empresários -, a insolência de Dagoberto, a ineficiência de Ivan, Ígor, Rogério Corrêa… isto é inaceitável. Até perder para o Atlético-MG, que tem uma equipe excelente e lidera o certame, seria aceitável. Mas ser derrotado pela fraca equipe do Fortaleza, esta com um jogador a menos, e ver o time sequer ter uma oportunidade de gol, isto não dá pra aceitar.
É isto que eu penso, torcedor atleticano. Quando critico o time, não é porque quero que o CLube seja sempre campeão, pois sou crescido o suficiente para saber – e aceitar – que não vai ser. O que quero é um time competitivo, tal como era antes de 2001. De que adianta conquistar o outro e entregá-lo ao bandido? Vamos aceitar que tudo o que conquistamos seja assim desperdiçado?
Eu não aceito.
Ricardo Campelo
colunas@furacao.com