21 maio 2003 - 1h28

Opinião: “Diálogo”

– Lúcia! Traz mais um pouco de álcool que o carvão não tá dando conta.
– Mas pai, essa já é a segunda garrafa.
– Fica quieta e passa o litro pra cá. Costela a gente tem que manter o fogo direto senão fica uma porcaria.
– Que horas a gente sai de casa, pai?
– Meio dia tá bom. A gente desce na Rui Barbosa e vai andando.
– Vai dar tempo?
– Claro que vai. Eu fazia muito isso quando não pagava R$15.
– Não, pai. Tô falando da costela. Vai dar tempo da gente comer e ir?
– Claro, filha. Ainda são 10h30. Mais uma hora e a gente se esbalda. Sofia!!! Traz mais uma cerveja.
– Eita lá. Vai devagar, homem. Lembre que o Juninho e a Lúcia vão hoje com você.
– Fica sossegada, meu anjo. Só tô com medo da fila pra entrar. Cadê aquele nosso rádio que a gente ganhou no casamento?
– Eu não ia falar, mas agora vou. O Edvaldo quebrou na semana passada. Foi subir no armário e virou tudo.
– Tem problema, não. Queria saber do movimento lá pelo centro. Hoje vai tá bonito.
– Quer mais uma cerveja?
– Traga, amor, traga. É a última antes da gente comer. Já vai chamando a gurizada.
– Lúcia!!! Juninho!!! Edvaldo!!! tá na mesa.
– Tá muito boa essa costela, pai.
– Era pra ficar assim mesmo. Desde às 6h fazendo essa carne.
– Vâmo, apurem! Se a gente não pegar o Colombo-CIC de 12h45 a gente se atrasa. Cuida da louça, Sofia?
– Isso não é novidade. Bom divertimento pra vocês.
– Pai, você viu que a tarifa do ônibus baixou?
– Vi sim, Lucinha. Pelo menos isso. Quer sentar, Juninho?
– Não, prefiro ficar em pé pra se acostumar com daqui a pouco. Hoje vai ter festa, né pai?
– Vai sim, filho. Vai sim.
– Pra qual lado a gente vai agora, pai?
– Andamos umas cinco quadras nessa direção e já chegamos. Que estranho, pensei que ia ver bastante gente na rua. Não tem ninguém. Vamos mais rápido.
– Pai! Não tem nem camelô aqui por perto.
– Tô achando que aconteceu alguma coisa, mesmo. Veja se o pai não se enganou no dia do jogo.
– Não. Tá escrito no ingresso que Atlético e Flamengo jogam hoje, 25/05, na Baixada.
– Mas tá tudo fechado. O que será que houve?
– Não sei, mas eu tô com medo, pai.
– Medo do quê, Lucinha?
– De tudo… não tem ninguém aqui.
– Esperem aqui na frente, crianças, que eu vou reclamar.
– PRA QUEM, PAI. PRA QUEM?

Sérgio Tavares Filho
colunas@furacao.com



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