O Caldeirão renasceu
O Especial Arena da Baixada 4 anos é constituído por cinco capítulos: Construção, Inauguração, Jogos Mais Importantes, Artilheiros e Estatísticas. A pesquisa e os textos são de Cleverson Freitas, Marçal Justen Neto, Sérgio Tavares Filho, Juarez Villela Filho e Eduardo Aguiar. |
A partida só seria realizada à noite, mas desde manhãzinha a torcida já estava pronta, uniformizada. A cidade tomada de camisas rubro-negras.
Mais de dois anos de espera estavam chegando ao fim. Durante todo esse tempo, aquela sensação de criança na véspera do Natal, esperando pelo presente. Mal podia acreditar: eu estava indo para a inauguração da Arena.
Torcida aguarda ansiosa a estréia da Arena
Assim como eu, milhares de atleticanos estavam ansiosos. Nervosos.
Empolgados. A cidade só falava nisso havia semanas.
Cheguei ao estádio, enfim. Estádio que eu vi ser reconstruído, pedra sobre pedra, junto aos Amigos do Mirante.
Ao entrar no primeiro lance da arquibancada, o coração quase pára.
– Meu Deus, que que é isso? -, perguntei. Meu tio que estava comigo nem respondeu: estava boquiaberto, inerte.
Só quem esteve lá naquela noite entende o que aconteceu. Foi um momento mágico, realmente. Indescritível.
Demos um “rolê” para conhecer o território. Estávamos, literalmente, perdidos lá dentro.
Passamos pela praça de alimentação do anel inferior. Embasbacados, novamente. Havíamos deixado a Idade da Pedra!
Show de fogos para ficar na história
Subimos rumo ao segundo anel, e nos alojamos no setor “J”. De lá, assistimos à solenidade de inauguração: discursos, recursos multimídia, show de luzes, raio-laser, fogos… E, é claro, uma sonora vaia para o governador coxa-branca. Serviço completo.
Uma moça com um tremendo vozeirão entra em campo. Com vestido vermelho e preto, é claro. Canta o Hino Nacional, em seguida o Hino do Atlético. Não é brincadeira: a esta altura, tinha muuuuita gente indo às lágrimas.
Finalmente, o rubro-negro entra em campo. A formação inicial: Flávio; Luisinho Netto, Marcão, Gustavo e Vanin; Clóvis, Renato, Ricardo Miranda e Adriano; Lucas e Kelly. O técnico era Antônio Clemente. Alberto, Douglas, Kléber, Sídney e Kleberson entraram no decorrer da partida.
Não demorou muito para acontecer a primeira explosão de alegria no novo Joaquim Américo: logo aos 13 minutos, Lucas põe a bola na rede do Cerro Porteño e marca o gol histórico, o de número 1.
Os paraguaios, enjoados, não se entregaram e empataram no início do segundo tempo, com Gauchinho.
Os minutos vão passando e a coisa ficando preta.
– Putz, será que vamos empatar na estréia?, perguntava a mim mesmo.
Que nada. O lateral Vanin, um nordestino que chegou por aqui no anonimato, arrancou pela esquerda, arriscou de longe e… zás! No ângulo! Um golaço sob medida, aos 47 do segundo tempo, para um jogo histórico como aquele.
Jogadores comemoram gol de Vanin
A torcida cantava, uivava, chorava. Havia renascido o Caldeirão do Diabo.
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O QUE ELES DISSERAM
“Me arrepiei todo quando cheguei na nova Baixada. É a coisa mais bonita e espetacular que conheci. É uma satisfação ser atleticano e viver esse momento”. Nílson Borges, ex-jogador e auxiliar-técnico.
“Agora, estamos definitivamente em casa, na nossa Baixada, no nosso Caldeirão. Desta vez para nunca mais sair”. Mário Celso Petraglia, presidente, ao encerrar seu discurso na solenidade de inauguração.