O orgulho de ser atleticano
Nas vezes em que meu filho e eu conversamos sobre os rumos do nosso querido Atlético, em muitas delas acabamos na mesma opinião: nada, mas nada mesmo poderá fazer com que por um segundo se quer possamos renegar nosso imenso orgulho de ser atleticano. Temos tido uma árdua luta em defesa de nosso querido Furacão em muitos sites por aí.
Tenho visto nestas colunas, algumas manifestações de Atleticanos motivadas pelo momento. Eu consigo até entender a revolta com nosso time ao perder para o Vitória por 1×0 e ver no domingo seguinte este mesmo Vitória levar 4×1 da Ponte Preta. E essa mesma Ponte ter lavado um verdadeiro “banho” do Atlético uns adias atrás na Arena.
Mas paixão é paixão. Não existe explicação. Como não deixar de ver esses puros Atleticanos ficarem revoltados com isso?
Já passei muito por isso. Quantas vezes, lá na distante Criciúma, onde morei por 3 anos (92 a 95), vi meu querido time passar vexames após vexames. Mas, perante aqueles também fanáticos catarinas, defendi sempre que ser Atleticano é um privilegio. Eles não conseguiam entender essa minha paixão. Como ser tão “fanático” com o time na segunda divisão e apanhando tanto?
Sempre respondia: “Vocês não perdem por esperar. Um dia, não muito distante, meu time será um dos grandes do Brasil e seremos campeões brasileiros”. Quanto risos, quanto sarro….
E esse dia chegou. Quem poderá esquecer aquele 23 de dezembro de 2001? Nem um morador de Curitiba. Principalmente “eles” que perderam o “selinho” de cantarem que eram os únicos campeões. Ninguém dormiu naquele dia 23.
E hoje, depois de tantos acontecimentos, tive mais uma grande felicidade em ser Atleticano.
Estava numa grande expectativa para assistir o Vadão no Bate Bola, da ESPN Brasil de ontem, 08/07, como o convidado especial. Principalmente por tratar-se de um programa que tem a maior credibilidade junto à mídia de São Paulo.
Que banho. Foi uns 5 a 0. Que diferença. Que atleticano é o Vadão.
Primeiro: Deu um verdadeiro “cala-boca” nos paulistas quando falou do Ilan. Liquidou a todos. Mostrou descaradamente o bairrismo e intolerância com o nosso jovem goleador. Não deixou pedra sobre pedra.
Depois, sobre nossa equipe. Mostrou que 80% do time é novo. Novo nas caras e novo na proposta. Ninguém muda como o Atlético mudou aqueles grandes campeões de 2001 por novos meninos e sai por aí ganhando tudo. Lembram-se que o Santos campeão de 2002 só se classificou entre os 8, graças àquela maravilha do Gama (4 a 0 sobre “eles) e ainda SÓ pelo saldo de um gol a mais que o Cruzeiro. Mas levou 18 anos para acertar o pé esse Santos. Tentaram com os rincões, edmundos, marcelinhos-carioca, carlos germanos, violas e um sem número de “craques”. Quase quebraram o clube. E descobriam que só com a molecada é possível.
Que bom que não cometemos o mesmo erro. Trazer “esses” medalhões da noite é fria.
Depois o Vadão falou do Kleberson. Mostrou o que é um menino vindo de uma família humilde do interior do Paraná, vencer em um time fora do eixo Rio/SP e tornar-se Campeão Brasileiro. Nem isso garantiu sua vaga na Seleção. Precisou muito para chegar lá. Venceu. Tornou-se pentacampeão mundial.
Deu um show na final da Copa. Bola na trave. Deu o passe para o gol do título. Vi muito coxa-branca vibrar dom o Kleberson naquela Copa. Lembram-se disso tudo?? Vida nova, nova “mina”, novos sonhos. E o que aconteceu? 158 mil propostas e nada. Como é que fica a cabeça de menino com tudo isso? E o Vadão “matou a pau” quando disse: “E se fosse o meu filho? Como seria a minha postura?” É, tem que parar e refletir…. Como anda a cabeça desse menino sabendo que tudo, mas tudo mesmo, poderá não se realizar?
Tudo o que pensou para sua familia, amigos, passa pela independência financeira. E por muito que possa estar ganhando no Atlético, é menos que a metade que o Jameli (outro participante do Bate Bola na ESPN) ganha no Zaragoza da Espanha (time da 2ª divisão da Espanha).
Finalmente, a satisfação com nosso treinador foi completa, quando relatou: “O Atlético dentro de 3 a 5 anos será definitivamente auto-suficiente financeiramente pelo que investiu nas divisões de base ontem, hoje e amanhã”.
Para fazer uma comparação com nossos “vizinhos” que devem mais de 50 milhões, é sem dúvida uma ótima perspectiva. Afinal, não sou atleticano só até o jogo com o São Caetano. Sou atleticano sempre. E para todo sempre.
Parabéns, Vadão. Pode ser que não seja o maior técnico do mundo, mas é um cara muito honesto. Prefiro um Vadão com essa visão do meu Atlético do que um outro aventureiro qualquer. E, convenhamos, não tem muito melhor por aí.
Mas a vida e o Campeonato Brasileiro 2003 continua. Espero que possamos melhorar e muito jogando fora da Arena. Porque aqui, o buraco é muito mais em baixo. É covardia nossa contra qualquer time. Jogar na Arena é ter que enfrentar 30.000 jogadores. 11 em campo e o restante na arquibancada.
Só espero que eu e uns 15.000 atleticanos não termos que viajar pelo Brasil todo para que nosso time tenha novamente a nossa alma. A Alma da Arena.