Três propostas para um novo Atlético
“Meu fácil me enfada. Meu difícil me guia.”
* * *
“Eu não sou sempre da minha opinião.”
P. Valéry
As frases acima são de um poeta francês, mas bem servem para a situação do Atlético. Não sou crítico de futebol, profissionais existem muitos, deixo a eles a tarefa das análises e comentários sobre o que está acontecendo com jogadores, técnico, bastidores, cartolagem. Na quarta, levei meu filho pequeno pela primeira vez à Arena, felizmente ele dormiu, não viu a falta de vergonha na cara e de raça, nem se humilhou ouvindo o coro de olé que vinha daquela curva lá do canto. A esperança de quem encheu a Arena foi pelo ralo. Apoio da torcida não falta, mas todos temos visto o Furacão despencar, desde que foi campeão. Cansei.
Cada um dá sua opinião, darei a minha. Mais do que isto, vou propor uma ação prática, difícil de engolir. Há pouco tempo atrás em uma enquête desta página, havia diversas opções para propor algo que possa mudar esta situação. Eu e mais uns poucos assinalamos: nada. Depois me convenci que temos mesmo que fazer algo, ao nosso alcance na condição de torcedores. Minha proposta, atleticanas e atleticanos, é simples, vou apresentá-la por partes:
1) Deixe de ir à Arena, pelo menos de vez em quando. Guarde sua grana para comprar um presente para você, sua família, namorada, ou dê comida para quem precisa.
2) Se você, como eu, não resiste e vai, mesmo antevendo sofrimento e vergonha, vire a sua camisa do lado do avesso. Quem quiser pode colocá-la de trás para a frente também.
3) Pelo menos durante alguma parte do jogo, com a bola rolando, vire de costas para o gramado.
Talvez assim alguém lá embaixo perceba que torcedor tem brio, coração machucado e vergonha na cara. Pode ser que eu veja tudo diferente daqui pra frente. Mas por enquanto, este campeonato acabou.