Mário Sérgio volta com estilo
Mário Sérgio Pontes de Paiva é carioca e tem 52 anos. Começou a carreira de treinador no Corinthians, em 93. Já dirigiu o Vitória (97 e 2001), Corinthians (93 e 95), São Paulo (98), o próprio Atlético (2001) e o São Caetano (2002-2003).Mário pediu demissão da equipe do ABC Paulista depois da derrota para o lanterna Goiás por 2 a 1, na 20ª rodada do Brasileiro.
No Azulão, a principal característica do time era a versatilidade, a começar pelo esquema de jogo – variando entre o 3-5-2 e o 4-4-2. O treinador não adotava uma formação fixa, modificando-a de acordo com o adversário. Outra marca de Mário Sérgio no São Caetano era de apenas anunciar a escalação do time momentos antes da partida.
Além de tentar a reabilitação do Atlético no Campeonato Brasileiro, um dos maiores desafios do novo treinador do rubro-negro será a tentativa de se manter no cargo até o final da competição. Nos últimos quinze meses, o Atlético teve nove técnicos diferentes, o que justifica, em partes, os maus resultados obtidos em campo.
A política do clube parece estar mudando. Em entrevista depois do jogo contra o Vasco, o presidente Mário Celso Petraglia afirmou que não gosta de trocar o técnico da equipe durante o campeonato. “Fizemos isso no ano passado e não adiantou nada. Mas agora não teve outro jeito, precisávamos mudar”, resignou-se ele.
Desde Geninho (que saiu do clube em maio de 2002) até Mário Sérgio (contratado nesta segunda-feira), outros sete treinadores comandaram o time: Riva de Carli, Valdir Espinosa, Gilson Nunes, Abel Braga, Heriberto da Cunha, Lio Evaristo (de forma interina) e Vadão. Confira um pouco sobre cada um deles:
Geninho
Assumiu o Atlético em setembro de 2001, com a missão de classificar o time entre os oito melhores do Brasileiro. Sob seu comando, o Atlético teve uma série invicta de 12 jogos, terminando a fase de classificação em segundo lugar. Com o time nas mãos, o treinador aproveitou o trabalho realizado por Mário Sérgio e fixou o esquema tático 3-5-2. Foi assim que Geninho entrou no rol dos grandes técnicos do futebol brasileiro, com a conquista do Campeonato Brasileiro de 2001. Apesar do título, o treinador não conseguiu suportar a péssima campanha na Libertadores e a perda do título da Copa Sul-Minas. Após oito meses no comando do Atlético, foi dispensado em maio de 2002, encerrando uma campanha de altos e baixos no clube.
Riva de Carli
Com a saída de Geninho, as especulações sobre o novo comandante rubro-negro apareceram. Para o término do Supercampeonato Paranaense, a diretoria preferiu apostar no trabalho do ex-preparador-físico do time, Riva de Carli. O trabalho deu certo (o Atlético conquistou o Supercampeonato) e Riva foi efetivado no cargo de treinador. Efetivado, com uma inovação. A diretoria decidiu investir numa equipe de treinadores, composta por cinco profissionais. Riva foi o responsável por agrupar as conclusões dos outros quatro companheiros, um para cada setor do time (goleiro, defesa, meio e ataque). A missão da nova equipe de treinadores, em princípio, era fazer o time retornar à Libertadores, com a conquista da Copa dos Campeões. A experiência não deu certo e o clube voltou do Nordeste com três derrotas em três jogos. Era o fim dessa nova filosofia de trabalho.
Valdir Espinosa
Para a disputa do Brasileiro 2002, o Atlético investiu num treinador conhecido nacionalmente. Espinosa assumiu o time nos preparativos para a competição, com a tarefa nada fácil de manter a boa campanha de 2001. Sob seu comando, o Atlético teve um bom começo na competição, mas após uma seqüência sem vitórias dentro da Arena, o treinador não resistiu às pressões da torcida e foi demitido. Em 14 jogos no Brasileiro, Espinosa venceu seis, empatou quatro e perdeu outras quatro partidas.
Gilson Nunes
Indicado por Luiz Felipe Scolari, Gilson Nunes não correspondeu às expectativas e teve uma passagem relâmpago no Furacão. Como as vitórias não apareceram, Gílson ficou no clube menos de três semanas, com quatro jogos (2 empates e 2 derrotas).
Abel Braga
Para tentar um “milagre” no Brasileiro 2002, o Atlético apostou num ex-treinador do clube. Abel Braga reassumiu o Atlético depois de quatro anos, quando foi campeão paranaense de 98 pelo rubro-negro. A missão era muito difícil, pois o time tinha que vencer cinco das sete partidas que restavam na competição. Como não conseguiu o feito, foi dispensado no final do campeonato.
Heriberto da Cunha
Para a temporada 2003, o Atlético retornou à uma velha fórmula: contratar um treinador promissor, mas sem muita fama. Heriberto da Cunha chegou a Curitiba trazendo na bagagem uma boa campanha no Brasileiro da Segunda Divisão, pelo Sport. As desconfianças da torcida, que já eram grandes, aumentavam a cada jogo. O time não convencia e, na maioria das vezes, também não vencia. Nas seis partidas que Heriberto comandou o Atlético, um saldo negativo: duas vitórias, um empate e três derrotas. Sob seu comando, o Atlético conseguiu a “proeza” de perder para o Grêmio Maringá por 3 a 2, a primeira (e única) vez que um time do interior venceu na Arena. Era o fim de uma morte já anunciada.
Lio Evaristo
Com a demissão de Heriberto da Cunha, o Atlético necessitava de um novo comandante. Vadão foi contratado na véspera do jogo contra a Portuguesa Londrinense, mas preferiu assumir o cargo apenas após a partida. Para esse jogo, o treinador interino foi o técnico do time de Juniores, Lio Evaristo. Sob seu comando, 100% de aproveitamento. O Atlético venceu a Lusinha por 1 a 0, aliás a última vitória do time fora da Arena.
Oswaldo Alvarez
O treinador chegou a Curitiba com missão de tentar o inédito tetracampeonato paranaense, além de fazer o Atlético voltar a se destacar numa competição nacional, com a disputa da Copa do Brasil e do Brasileirão. Em seu currículo, uma boa passagem no próprio Atlético na temporada 99/2000, quando conquistou o Torneio Seletivo (99), brilhou na Libertadores e foi campeão paranaense em 2000, em cima do grande rival Coritiba. Mas em campo, o time não correspondeu: foi eliminado nas quartas-de-final do Paranaense (num empate por 0 a 0 contra o Londrina); foi eliminado na segunda fase da Copa do Brasil, com duas derrotas para o Sport (3 a 2 na Baixada e 1 a 0 na Ilha do Retiro); e fez uma campanha que o próprio presidente Petraglia considera “medíocre” no Campeonato Brasileiro – ocupa da 18ª colocação, com 26 pontos, em sete vitórias, cinco empates e onze derrotas, com aproveitamento de apenas 37,68% dos pontos disputados. Sob o comando de Vadão, o Atlético jogou 29 partidas, com nove vitórias, sete empates e treze derrotas. O mais curioso, é que o time de Vadão não conseguiu vencer longe da Baixada: em quinze partidas fora da Arena, foram cinco empates e dez derrotas. No Campeonato Brasileiro, o Rubro-Negro tem a pior campanha sem mando de campo, com apenas três empates e nove derrotas, num aproveitamento de 8,33%.
Pesquisa e texto: Patricia Bahr