Novos tempos
Pode parecer infiel de minha parte. Até mesmo racional de mais, mas ao ler o texto da seção ‘Fala, Atleticano‘ do dia 21 de agosto, titulado “Cifrão Futebol Clube”, e escrito por Márcio Macedo, fui obrigado a descordar e escrever esse em resposta.
O Furacão está ruim hoje por causa da incompetência, e não por problemas emocionais. O fato de um jogador não ter “amor” pelo clube é grave demais para certas pessoas. Acreditar nisso é um erro. Hoje, não só o nosso Atlético, mas todo o futebol brasileiro, está passando por uma reestruturação. Os clubes no futuro não serão mais clubes, e sim empresas. Exigir o amor de um jogador pelo clube, é o mesmo que exigir de um funcionário da Ford, amor pela Ford. O que esse tem é um enorme respeito pela fábrica, afinal esta é a empresa que o emprega e permite a ele desenvolver-se tanto econômica como pessoalmente.
Hoje, não podemos mais ter a visão de que o jogador deve jogar por amor. Isso é passado. Meu avô exige isso dos que jogam pelo seu time, pois foi criado em um mundo onde o futebol era jogado com emoção. A evolução no futebol era muito pequena. O jogador geralmente começava e terminava sua carreira no mesmo time. Jogar futebol era um lazer. Não era como hoje, profissional.
O amor deixou de ser um determinante. Hoje o essencial é a tática, o entrosamento, a visão de jogo. Isso sim é eficaz. Se amor ao clube realmente importasse, então porque não contratam nós torcedores? Sem dúvida nenhuma ganharíamos todos os jogos. Infelizmente não funciona, não sabemos jogar. O sentimento é secundário, a competência é o principal.
Torcer é emocionante, como todos dizem. Gritamos, xingamos, batemos, nos revoltamos. Tudo isso devido ao nosso amor incondicional, que nos faz acreditar que tudo é possível. Talvez seja por isso que cobremos deles em campo o mesmo amor.
O que devemos cobrar dos jogadores não é amor, é habilidade, força de vontade e respeito. Assim como outros profissionais precisam ter certas competências para serem bem-sucedidos, estas são as que se deve ter para jogar futebol, a profissão da bola.
Deixem o amor conosco. Ele nos faz exigir e cobrar resultados dos jogadores. Incentiva-los. Ele os leva ao estádio e os faz gritar. Este sim, é o amor útil.