10 set 2003 - 20h15

Construtor de Muralhas

Desde o início do segundo turno, os goleiros do Atlético estão sendo treinados por um baiano discreto, trabalhador e compenetrado. Franscisco Cersósimo, o Chiquinho, foi indicado pelo técnico Mário Sérgio, que não abriu mão de sua participação na comissão técnica do clube nem mesmo diante da possibilidade de contar com o ex-ídolo da torcida Ricarto Pinto na função.

A amizade entre Mário Sérgio e Chiquinho é antiga. Os dois jogaram juntos no Bahia, em 1987. Mário já tinha 37 anos e estava no final da carreira. Chiquinho era reserva e estava iniciando sua trajetória. Depois disso, os dois voltaram a se encontrar na comissão técnica do Vitória, no início de 2001.

Depois de passar alguns anos no Bahia, Chiquinho se transferiu para o Camaçari, do interior baiano, onde encerrou prematuramente a carreira aos 27 anos. O motivo, segundo ele, foi o casamento. A esposa não concordava em acompanhar o marido jogador e ficar sujeita a se mudar de cidade a cada novo clube.

Chiquinho concordou e abandonou a chuteira e as luvas. Trocou os gramados pelas salas de aula e formou-se em Educação Física. “Foi a melhor coisa que eu fiz na vida”, afirma ele, admitindo que não teria muito futuro como jogador e revelando que a função de professor lhe cai muito melhor do que a de executor das lições.

Sua carreira como preparador de goleiros foi construída quase que inteiramente no Vitória. Passou pelas categorias de base e pelos profissionais, sendo o principal responsável pela revelação de jogadores como Fábio Costa, Paulo Musse, Juninho e Felipe, todos com passagens por Seleções Brasileiras. Trabalhou ainda com goleiros muito elogiados como o veterano Zé Carlos, ex-Flamengo e Jean, atualmente no Guarani.

No ano passado, foi convidado por Mário Sérgio para trabalhar com ele no São Caetano, onde treinou Sílvio Luiz, outro bom goleiro da nova safra. “Sou fã do estilo dos goleiros brasileiros. Temos excelentes jogadores na posição, que não ficam devendo nada aos europeus”, garante ele, com a experiência de quem já percorreu o mundo com as categorias de base do Vitória.

Chiquinho chegou ao Atlético no início do segundo turno do Campeonato Brasileiro de 2003, ao lado de toda a comissão técnica com a qual havia trabalhado no São Caetano: o recém-demitido Eudes Pedro dos Santos (auxiliar-técnico), Flávio de Oliveira (preparador físico) e o próprio técnico Mário Sérgio.

O preparador de goleiros atleticano tem convicção de que o futuro dos goleiros brasileiros dependerá de um trabalho seletivo nas categorias de base. Segundo ele, os goleiros têm de ser obrigatoriamente altos. “Você veja que o esporte brasileiro deu atenção ao biotipo apenas recentemente. Cito os casos do Guga, que tem mais de 1,90 m e da Seleção Brasileira de Vôlei. O Bernardinho só trabalha com jogadores altos e não tem como ser de outro jeito”, afirma Chiquinho.

Ele próprio tem certeza de que nunca seria jogador se começasse nos dias de hoje. “Eu tenho 1,80 m. Nunca seria goleiro profissional se começasse hoje e acho que isso está certo. A altura faz muita diferença na posição”, assegura.

Além da altura, Chiquinho diz que o bom goleiro também deve ter sorte. Segundo ele, todos erram. Porém, o bom goleiro é aquele que erra e o time não perde o jogo. “Eu digo para os goleiros com quem trabalho: façam o máximo para não errar. Mas se vocês errarem, façam o máximo para o time não perder”, ensina.

Seu principal pupilo na atualidade é Diego, eleito o melhor goleiro do Campeonato Brasileiro de 2002 pela Revista Placar, o que lhe valeu o troféu Bola de Prata. Além dele, estão trabalhando com Chiquinho os goleiros Cléber, Tiago Cardoso e Domagoj. Confira a análise do treinador de goleiros do Atlético sobre todos eles:

Diego – é um ótimo goleiro. Considero que o Diego está entre os dez melhores goleiros do Brasil e em breve chegará à Seleção Brasileira. Ele se cobra bastante, o que facilita o meu trabalho. Às vezes o que eu tenho de fazer é até tirar um pouco dessa pressão que ele mesmo se impõe. O Diego tem uma explosão fantástica e a favor de si o fato de ainda ser muito novo (24 anos).

Cléber – é um goleiro frio e muito rápido. Ele tem um estilo parecido com o do Diego. Tem um bom futuro no Atlético.

Tiago Cardoso – é muito jovem ainda e está se recuperando de uma contusão. Porém, é um goleiro de excelentes qualidades. Além disso, ele tem uma envergadura muito boa, o que o ajuda a chegar fácil nas bolas. Tem um futuro promissor.

Domagoj – estamos trabalhando há pouco tempo com ele, mas já notamos que ele é muito aplicado nos exercícios. Sua principal característica é o arrojo, a coragem de saltar nas bolas.



Últimas Notícias

Notícias

100 palavras

“Palavras não são friasPalavras não são boasOs números pros diasE os nomes pras pessoas” – TITÃS Um misto de sentimentos me tocou a alma na…