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19 set 2003 - 7h45

Atlético Eterno

Na trajetória de quase 80 anos do Clube Atlético dos Paranaenses, as histórias de superação e sacrifício sempre dividiram o mesmo espaço que as de conquistas. Anos sem títulos não foram menos marcantes do que os anos de glória. E a torcida também sempre amou o Rubro-negro em todos os momentos. A magia desse time transcende a obtenção de resultados. Não que eles não sejam importantes. Mas não são exclusivamente conquistas que talham um atleticano. É algo sobrenatural, que não sei explicar o que é. E essa é a maneira do Atlético conquistar adeptos. Ele exige amor incondicional. Por isso nossas arquibancadas nunca se esvaziam. Nem em longos anos de seca, como entre 58 e 70, ou entre 70 e 82, ou entre 90 e 98. Nem no iceberg chamado Pinheirão, onde sempre ia gente, em número um pouco menor, mas sempre um número bastante digno. E mesmo estando atualmente em 18º lugar no campeonato, confirmamos jogo após jogo na Arena a melhor média de público do estado. Essa força é a essência do Rubro-Negro, que permanecerá imutável eternamente, além até mesmo do ano 3000, quando a indestrutível cápsula do tempo, quem sabe, será aberta.

Porém, não podemos negar que o perfil do clube como instituição esportiva mudou muito ao longo do tempo. Nos últimos anos já se tornou chavão se falar de nosso crescimento a nível nacional e até internacional. E esse crescimento hoje pode ser a razão da deficiência técnica nos elencos experimentados após chegarmos ao topo em 2001. Formamos até então grandes plantéis com jogadores desconhecidos vindo de clubes pequenos. Quem eram Kleber do Moto Clube, Adriano do CSA, Gustavo, Cocito e Lucas, do Botafogo-SP? Oséas, do Uberlândia? Chegavam, vestiam o manto e davam certo. Acontece que o Atlético tornou-se grande demais após anos de importantes conquistas (não que já não fosse assim em nossos corações), e sua camisa hoje pesa toneladas. O Atlético hoje é notícia. É assunto de mídia nacional. É visto com clube de ponta por quem entende de futebol e também por quem não entende. Por isso hoje é mais difícil apostas como as de um passado recente darem certo.

Talvez 2003 marque o fim de um ciclo. Ficou provado que agora para jogar no Atlético o sujeito além de algum talento tem que ter personalidade para agüentar a pressão. Caras como Douglas Silva, ex-Bangu (veste a camisa do clube, mas não tem bola para jogar no Atlético), Luciano Santos, ex-União Barbarense, Lê, ex-Caxias, entre outros, terão dificuldade para se acertar no Atlético. Por isso acho imprescindível que os investimentos na base sejam grandes. Porque formaremos jogadores dentro de uma mentalidade vencedora, sabendo desde piá o que é jogar no Atlético. Tentavivas ainda podem ser feitas, mas não poderão ser a tônica. O direito de errar do CAP está diminuindo. Temos que aprender com os erros e fazer um grande time em 2004. Fernandinho, Jadson e Dagoberto não podem ficar de fora. E Ilan e Alessandro (bons jogadores, mas é preciso mudar) podem ir embora, na minha humilde opinião. E Mário Sérgio não pode mais armar times cheios de zagueiros e volantes como faz hoje e se apequenar na armação contra times como o Criciúma.

A torcida mais uma vez mostra o seu valor e dignidade quando acredita nas promessas da diretoria e espera com paciência um bom time para o próximo ano. Que os dirigentes notem e percebam que torcida como a nossa não existe em lugar nenhum do mundo. Nós sabemos qual é a magnitude da grandeza do Furacão, diferente dos “verdes”, que nem acreditam no bom papel que desempenham. Eles temem um futuro de caos, enquanto nós esperamos por grandes realizações. E nossa história ficará ainda mais brilhante e apaixonante.

Para finalizar gostaria de elogiar as lúcidas considerações do colunista da Furacao.com Eduardo Aguiar, que fala sobre a necessidade de valorizarmos os ídolos do passado e sobre o Museu do CAP. Não o conheço, mas são considerações dignas de um atleticano de alto naipe.

Saudações Rubro-Negras à nossa fantástica torcida, que com certeza estará cobrindo a Arena de vermelho e preto no próximo compromisso em casa.



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