13 out 2003 - 21h48

Pés no chão e Mário Sérgio no banco

Vamos deixar a nossa paixão pelo Atlético de lado e analisar a situação do Coritiba no Campeonato Brasileiro. Quem é o grande responsável por deixá-los na atual terceira colocação? A resposta está na ponta da língua: Paulo Bonamigo. Há um ano no comando, o treinador gaúcho moldou a equipe do seu jeito, mesmo com um plantel limitadíssimo.

Do outro lado da moeda está o Paraná Clube. Com uma campanha apenas regular o tricolor já trocou de treinador cinco vezes desde o começo da competição. Cuca, Adilson Batista, Saulo, Edu Maragnon e de volta Saulo. O que faltou para o nosso co-irmão? Planejamento ou audácia de manter Saulo no comando na sua primeira passagem? Por que não confiaram no ex-atacante antes mesmo de contratar o Edu?

A cultura do futebol brasileiro é estranha e está na hora de mudar essa situação. Não se pode estragar o trabalho, uma estrutura, porque o clube foi derrotado três vezes seguidas.

O exemplo não pára na Vila Capanema. Nesta segunda-feira Júnior pediu demissão do Corinthians por alegar não conseguir reverter a situação. E o trabalho que montou com Rivelino, há apenas duas semanas, já foi desfeito. O auxiliar Jairo Leal assumiu o comando.

No Flamengo a semana também não começou bem. Oswaldo de Oliveira também pediu demissão e não dirige mais o clube da Gávea. “A Gávea, hoje, é um lugar difícil de se trabalhar. Não tem aposentos adequados para os jogadores e temos sempre que estar buscando alternativas para o campo de treinamento. Essas coisas que precisam ser revistas”, afirmou Oswaldo numa entrevista coletiva. Antes de assinar contrato o treinador não sabia dessas dificuldades?

Técnicos no Atlético

Desde que foi Campeão Brasileiro em 2001, o Atlético já contou com sete treinadores: Riva, Espinosa, Gilson Nunes, Abel Braga, Heriberto da Cunha, Lio Evaristo e Vadão. Por que nenhum deles prosperou?

Entramos novamente na cultura do nosso futebol. No Campeonato Brasileiro do ano passado, Valdir Espinosa não fazia um mau trabalho no clube. Antes de sair do comando deixou o time entre os oito mais bem colocados, apesar dos últimos resultados terem sidos negativos.

Gilson Nunes chegou e fez um fiasco: dirigiu o Atlético por apenas quatro jogos. Dois empates e duas derrotas. Abel tentou salvar a lavoura, mas não conseguiu e também foi demitido.

No começo deste ano o desconhecido Heriberto da Cunha tentou a sorte no Furacão. Não foi difícil prever que o trabalho não seria a longo prazo pela falta de qualidade. Lio dirigiu o time em apenas um jogo – e venceu – para a chegada de Vadão, o preferido da torcida após Geninho.

Oswaldo Alvarez acomodou-se. Não conseguia mais empolgar os jogadores e desandou. Perdeu várias partidas em seguida e continuava enganando-se afirmando que o ‘time havia jogado muito bem e perdeu por azar’.

O azar foi dele e a sorte de Mário Sérgio.

Mário Sérgio

Mário voltou ao Atlético no começo de agosto. Dessa vez a diretoria mudou a filosofia e acertou um contrato com o treinador. Está tudo assinado até o fim de 2004. Caso o clube o demita, deverá pagar uma alta multa rescisória.

Responsável pela montagem do elenco Campeão Brasileiro, Mário Sérgio Pontes de Paiva já passou por altos e baixos desde a sua chegada, há dois meses. Ganhou o clássico contra o Paraná logo na estréia, foi goleado por Cruzeiro e Juventude, despertou a ira da torcida, venceu o Atletiba e agora está ‘de bem’ com o povão rubro-negro.

Exemplo

O time do Atlético é bastante limitado, carente de opções. Mas o exemplo do primeiro parágrafo desse destaque, com Paulo Bonamigo, deve ser seguido.

Mário foi aprovado por mais de 51% da torcida que votou na enquete da Furacao.com no dia 03 de agosto, antes mesmo da contratação. Por que alguns mudaram de opinião depois disso?

É hora de colocarmos os pés no chão e deixar o trabalho vingar. Não vamos esquecer do que disse o nosso comandante assim que chegou ao CT do Caju: “Não faço milagres. Fui contratado para fugir do rebaixamento. Essa é a meta.”

Paciência, torcida. Paciência.



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