Tradição Rubro-Negra
Quando entrei na Arena para ver o Atletiba, estava bem confiante de uma vitória. Não esperava algo avassalador como vimos em campo. Mas de forma alguma esperava um revés. Estive em Campinas no jogo anterior, contra a Ponte Preta. E lá vi um time já muito diferente, mais vibrante, ofensivo e com pegada. Todos pediam a retirada de um zagueiro ou de um volante para a entrada de Fernandinho ou Jadson. Contra o Fluminense, jogamos de maneira medíocre por todo o primeiro tempo.
No segundo, quando eles entraram, ficamos melhores. Mas a ansiedade nos impediu de ganhar. Se ao invés de 45 minutos, o time ideal tivesse jogado por 90, quem sabe estaríamos com 2 pontinhos a mais na tabela. Em Campinas, Mário Sérgio colocou o time ideal desde o início. E não é que menos de 5 minutos depois de iniciado o jogo já estávamos ganhando? Empatamos aquele jogo por detalhe, falha da defesa. Perdemos inúmeros gols. Mas o bom é que o Atlético se reencontrou. O Atlético reencontrou seu estilo, sua tradição.
Mário Sérgio colocou o verdadeiro Furacão para jogar contra os “verdes”. E nesse jogo ficou bem claro o estilo de jogar de cada agremiação, que fizeram suas marcas ao longo da história. De um lado o Atlético, reconhecido sempre por ser um time que inflama com seu futebol. Que busca a vitória, marca gols bonitos, tem craques. O Atlético não é chamado de Furacão por acaso.
No final dos anos 40, o time de Jackson e Cireno varria seus adversários. Nossos títulos sempre são conquistados com brilhantismo. Em 2001, fomos campeões com o maior número de pontos, maior número de gols marcados e tivemos o melhor jogador da competição.
Nossas vitórias sempre têm mais emoção. Quem não lembra do gol do Oséas aos 47 do segundo tempo, quando a torcida verde gritava irônicamente seu nome. Após ele vencer o balofo goleiro Anselmo, o estádio entrou em delírio. Emoção total.
Do outro lado, o Coritiba, e junto com ele sua tradição de futebol-força e apenas isso. Um time que quando têm conquistas, elas são insossas como um prato de chuchu. Um time de títulos roubados nos anos 70. Que teve em seus grandes escretes jogadores na sua maioria eficientes e brigadores e só. Sua maior conquista, o Brasileiro de 85, foi um campeonato confuso e “eles”, vindos da Taça de Prata com Bangu, Brasil de Pelotas e outros, chegaram ao título sem conseguir vencer a final, ganhando nos pênaltis. Quem garantiu a vitória foi um ex-atleticano, o goleiro Rafael. E terminaram a competição com saldo negativo. O único campeão brasileiro com saldo negativo da história.
Esse é o time do Coritiba, onde jogadores como o zagueiro Zambiasi viram ídolos. Quando a bola rolou a tradição dos dois times foi mostrada explicitamente. Pelo CAP de Dagolberto, Fernandinho, Adriano e Ilan, vimos dribles desconcertantes, lençóis, canetas, 3 dedos e até gol de bicicleta. Do lado “deles”, carrinhos, jogo de corpo, ombradas, faltas duras e tentativas de jogadas aéreas. Dagolberto, na minha opinião um fora-de-série, de Copa do Mundo, fazia loucuras com “um tal” Roberto Brum, ídolo pelos lados verdes, chamado até de Senador. Dagol instaurou uma CPI e tornou pública a mediocridade do cara, humilhou-o tanto que o sujeito perdeu a cabeça e deu uma cotovelada ignorada pela arbitragem (e eles ainda reclamaram do árbitro, paranaense como eles sempre quiseram e nós não).
No segundo gol, ele recebe lançamento espetacular de Ivan, toca para o herói do jogo, Ilan, que com “nojo”, dá um tapa na bola e fecha o caixão dos medíocres. Como deu porrada o time verde! Como praticou o anti-jogo! Em seu melhor momento a nível nacional em anos, os “verdes” chegam lá mostrando o que realmente são. Praticando um futebol bizarro, onde Tcheco, ex-Malutrom era ídolo. Já o Atlético começa a mostrar sua verdadeira face. Mostra que ainda não temos um time, mas temos de onde fazê-lo. Algumas novas caras na defesa e no meio e com mais um atacante, no estilo, por exemplo, de Warley, poderemos voltar a dominar o país em 2004.
A tradição de azedume, ranço e inveja dos coritibanos também ficou exposta lamentavelmente nas arquibancadas, Sugiro humildemente, que na parte dos visitantes algumas mudanças sejam feitas, como: detectores de metais na entrada e revista rigorosa. Câmeras devem identificar cada rosto que entrar. No banheiro masculino, deve-se retirar os vasos e instalar aquela louça que tem apenas o lugar para a pessoa colocar o pé. Os bares devem ter grades e servir bebida por um buraquinho. Quanto à bebida, sugiro cerveja sem álcool. Uma grande e alta grade de ferro deve ser colocada em frente a arquibancada. Só nós teremos visão privilegiada. Torcidas como a “deles” devem ser tratadas de maneira adequada: como javalis raivosos em uma jaula.
Caiu a farsa verde, afinal. Cantada em prosa e verso pela imprensa vendida (que fala até em, pasmem, hegemonia coxa no estado, meninos do couto e etc.), a campanha “deles” ficou irremediavelmente manchada pelo baile e pela bicicleta do Ilan. Viva o futebol em toda a extensão de sua beleza.
Viva o Rubro negro dos Paranaenses!
Saudações Rubro-Negras em memória de Leônidas da Silva, o inventor da bicicleta.