24 out 2003 - 18h06

Ilan está fora do Brasileirão

Depois de uma brilhante atuação no clássico Atletiba e da perspectiva de retomar seu bom futebol, o atacante Ilan teve uma péssima notícia nesta sexta-feira. Constatou-se o rompimento do ligamento de seu joelho esquerdo – problema grave o suficiente para afastá-lo dos gramados por aproximadamente seis semanas.

Ilan viveu a melhor fase de sua carreira nesta temporada de 2003. Depois de ter ajudado o Atlético a conquistar o Campeonato Brasileiro de 2001 – ainda que na condição de reserva -, ele mal jogou em 2002 em razão de uma pubalgia.

Segundo o Dr. Edilson Thiele, a pubalgia ou pubeíte é um dos problemas mais difíceis de se tratar no âmbito da medicina esportiva. Trata-se de uma inflamação na articulação do púbis, geralmente causada por desequilíbrio muscular. O tratamento é demorado e, no caso de Ilan, levou mais de um semestre.

Recuperado, iniciou o ano de 2003 como titular do Atlético. Firmou-se como artilheiro da equipe, tendo anotado 24 gols em dez meses. Além disso, sua boa fase no Campeonato Brasileiro lhe valeu sua primeira convocação para a Seleção Brasileira, pela qual disputou a Copa das Confederações.

Porém, seu retorno da Seleção não foi bom. Marcou três gols em um grande jogo contra o Corinthians, mas depois estacionou e ficou várias partidas em jejum. Voltou a ter uma grande atuação recentemente, no clássico Atletiba. Foi o autor dos dois gols da vitória, sendo um deles de bicicleta.

O calvário de Ilan parece ter se reiniciado no jogo contra o Vitória. Em uma jogada desleal, o lateral-esquerdo Paulo Rodrigues atingiu o atacante fora do lance e da visão do árbitro. Ilan teve de sair carregado do campo.

A pior notícia veio nesta sexta: a ressonância magnética apontou um lesão no ligamento colateral medial do joelho esquerdo.

O que é

O ligamento colateral medial é um dos quatro tipos de ligamento do joelho, ao lado do ligamento cruzado anterior, do ligamento cruzado posterior e do ligamento colateral lateral. Trata-se de um tecido fibroso largo e plano, com cerca de 8 a 9 cm de comprimento, cuja função é dar estabilidade ao joelho contra a rotação excessiva da tíbia, permitindo a realização de movimentos.

A lesão parcial ou completa ligamentar pode ser detectada através da ressonância magnética, o que foi feito no caso de Ilan. O mecanismo de trauma é o stress quando há um choque proveniente da lateral do joelho, com o pé de apoio fixo no solo.

Geralmente causa um edema no local e gera muitas dores. É muito comum em esportes nos quais haja muito contato físico, como futebol e futebol americano.

Segundo a literatura médica consultada pela Furacao.com, uma lesão isolada do ligamento colateral medial em atletas ativos, como o caso de Ilan, cura satisfatoriamente sem intervenção cirúrgica e tem um prognóstico bom quanto à função do joelho e ao retorno do paciente, de curto a médio prazo. De acordo com o Dr. Edilson Thiele, chefe da equipe médica do Atlético, a intervenção cirúrgica tem o mesmo resultado do tratamento atraumático.

Outro atleta do rubro-negro, com lesão no ligamento colateral medial foi o volante Cocito, hoje no Corinthians. Recentemente, o volante Maldonado, do Cruzeiro, também sofreu uma lesão no mesmo ligamento (a terceira em sua carreira). O médico do clube, Ronaldo Nazaré, optou por um tratamento conservador (ou seja, sem a realização de cirurgia). O mesmo se passou com Elano, do Santos, que também se recuperou apenas com fisioterapia

Porém, há situações em que a única solução é mesmo a operação para a plena reconstituição do ligamento – caso do atacante Fábio Bala, do Fluminense, submetido a uma artroscopia.

Outros casos

O trauma no ligamento é um dos mais comuns em atletas do futebol. O caso mais importante recentemente foi o do volante Vampeta, do Corinthians, que rompeu o ligamento cruzado anterior no início do ano e está afastado dos gramados desde então.

Porém, outros jogadores também já passaram pelo mesmo drama, casos de Romário, Raí, Luizão, Rodrigo Fabbri, Cláudio Pitbull, Amoroso, Ricardo Oliveira, Pedrinho, Juninho Paulista, Fábio Bala e Roberto Baggio.

Para se ter uma idéia da ocorrência desse tipo de patologia, note-se que somente o Cruzeiro apresentou quatro casos de jogadores que romperam os ligamentos em 2003: Marcelo Batatais, Sandro, Maldonado e Martinez.



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