Encheu!!!
Não agüento mais essa aporrinhação que gira em torna dessa coisa chamada “Estatuto do Torcedor”. Agora vem um jornalista da Folha de Londrina, Sr. Luiz Cláudio Oliveira, falar que o Atlético está burlando o referido diploma ao dispor menos ingressos do que a capacidade real da Baixada, simplesmente pelo fato de inexistirem numerações nos locais de cada torcedor.
Clama, o “Defensor da Torcida”, para que Ministério Público e PROCON tomem as medidas cabíveis na Justiça, impedindo que o clube realize a “manobra tacanha”. Gasta uma coluna inteira com isso. Gasta tinta para impressão, gasta papel, gasta tempo (o meu tempo também!), para vir em defesa dos “pobres, coitados e maltratados torcedores”. Como diz o caipira: creindiuspai!
Sinceramente, acredito que esse sujeito nunca pisou na Baixada. Aliás, acho que sequer acompanha o dia-a-dia do Atlético, pois se acompanhasse, saberia que SEMPRE, quando os jogos são contra times de menor expressão, o Clube coloca à venda menos ingressos que a capacidade real do estádio – é uma questão de custo. Não adianta colocar 30 mil ingressos para o jogo contra o Guarani, não pela torcida do Furacão não apoiar o time, mas pelo fato de que o ingresso custa 15 pila, somado à campanha do time.
Agora, vir falar que é “manobra tacanha” é, no mínimo, falta de informação ou, talvez, aquela dorzinha-de-cotovelo normal de quem costuma dizer que a Arena é uma “porcaria” para a torcida visitante, pois não dá para ver o campo. HAHAHAHA! Colírio alucinógeno no teu olho!
Aliás, que o Estatuto do Torcedor nos trouxe algumas coisas boas, ninguém duvida, mas essa de numeração dos locais onde o torcedor ficará sentado é uma piada. Imagine só: chego no estádio, reúno-me com o pessoal da Fanáticos para empurrar o time, aí chega o bonitão: “com licença, meu senhor, peço-lhe que pare de gritar e incentivar o time neste local, pois, segundo o Estatuto e meu ingresso, o espaço XYZ 200 me pertence. Peço-lhe que se retire e fique restrito ao seu local, cujo número consta no ingresso”. Como sou educadíssimo, saio e vou ao local que comprei. Beleza.
Esses dias, veio o papo da setorização. Pelo menos, perguntaram aos torcedores e, graças a Deus, segundo as notícias, a torcida refutou a idéia. Agora vem esse sujeito falando em numerar a Baixada. Pergunto: numerar por numerar? Isso é só formalidade. Cadê o conteúdo dessa decisão? Cadê o respeito à vontade do torcedor? Tenho certeza de que a maioria da torcida não quer isso. Por favor, façam uma pesquisa antes de vir com essas. Fazer com que cada torcedor fique preso ao seu assento é acabar com a festa do futebol.
Para mim, a única coisa a que se presta tal norma é a seguinte: elitizar o estádio, excluir quem tem só na alegria sua riqueza, é fazer o caminho inverso da inclusão social. Aliás, esse negócio de positivação de condutas só tem servido para a consolidação do poder nas minorias, mais nada.
Só porque a cartolagem do futebol tem uma história negra não quer dizer que o legislador seja o “salvador da pátria”, que só porque disse que tem que agir de determinado modo é que é a maneira correta. Querem saber, Diretoria do Atlético, façam um favor para a torcida: NÃO CUMPRAM O ESTATUTO DO TORCEDOR NO QUE DIZ RESPEITO À NUMERAÇÃO DOS ASSENTOS, pelo contrário, façam lobby para revogar essa disposição. E mais, querem colocar cadeiras? Coloquem-nas somente no pavimento superior, deixem a parte inferior para quem quer pular, cantar e apoiar o time não só pagando o ingresso.
Finalmente, desafio quem, com argumentos, convença-me de que esse negócio de numerar todos os assentos da Baixada é uma boa para a torcida.