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23 dez 2003 - 11h35

Brasileirão 2001

Curitiba, 22 de Dezembro de 2001, 2:00am. Milhares de torcedores do Atlético-PR esperam ansiosos pela saída dos ônibus com destino á São Caetano do Sul – SP. O objetivo é chegar em casa na madrugada do dia 24 de Dezembro muito mais feliz, voltar pra casa com algo á mais no coração e um peso á menos nas costas. O objetivo, é buscar o titulo de campeão brasileiro do ano de 2001. A espera é angustiante em frente á Arena da Baixada, mesma Arena que uma semana antes estava colorida de vermelho e preto e escreveu o primeiro capitulo da final do Brasileirão daquele ano.

Entramos nos ônibus, conferiram-se os nomes da galera. Descer e subir para o ônibus, atividade normal para aqueles que estavam ali, não agüentavam mais aquilo, precisavam logo partir rumo á capital paulista, rumo ao inédito titulo de campeão brasileiro. Enfim os ônibus saem, um a um eles vão saindo em direção ao estado de São Paulo. A vontade é de que a viagem seja rápida, que chegue logo o dia 23, que chegue logo ás 16:00 horas, horário prometido para se iniciar o segundo jogo da final do Campeonato Brasileiro de 2001, entre o São Caetano e o Clube Atlético Paranaense.

Mas pela frente existem mais de 300 km, oito horas de viagem o jeito é esperar, cantar, dormir, sorrir, sei lá, fazer algo para esquecer um pouco do jogo. Tudo em vão, é impossível não pensar nele, estávamos a poucas horas da maior conquista da história do Furacão da Baixada. A madrugada foi longa, talvez a mais longa da vida de todos aqueles que estavam ali sentados (ou não) dentro do ônibus. A noite vai passando, o sono vai chegando, e muitos adormecem, não todos, pois há nesse ônibus um torcedor que não se deixa vencer por uma simples noite de sono, ele passa a noite gritando, dentro e fora do ônibus: “…aê farofeiro …” gritava ele, não queria ver ninguém dormindo, conseguiu muitas vezes acordar todos nós, mas fazer o que?? Aquele “sofrimento” valia a pena.

7:00, chegamos a Itapecerica da Serra – SP, ali a carreata de ônibus pára. Seriam mais quatro horas parados esperando pela Policia Militar do Estado de São Paulo, eles deveriam revistar todos os veículos, e nos escoltar até o estádio Anacleto Campanella. Chegaram por volta das 10:00 e nos liberaram mais ou menos 11:30, chegamos na cidade de São Paulo e fomos recebidos por uma forte chuva que castigou a Metrópole. Ninguém mais nos seguraria até chegarmos ao estádio, nem torcedores que insistiam em difamar o nome do Clube Atlético Paranaense, nem tão pouco outros que ameaçavam atirar pedras contra nossos ônibus.

Ficaram apenas na ameaça. 13:15, entramos no estádio. Estádio??? O que vimos foi exatamente o que esperávamos, arquibancadas de madeira, segurança precária, totalmente diferente do que estamos acostumados á ver na Arena da Baixada. Dali em diante nada se podia fazer, a não ser esperar. Faltavam apenas duas horas para começar a partida, mas o relógio insistia em andar para trás, a espera parecia ser infinita. Nos alto-falantes do estádio, o locutor da cidade dizia palavras de incentivo ao time de São Paulo, dizia ele que aquele seria o dia da glória do São Caetano, de se sagrar campeão brasileiro, título que haviam perdido um ano antes para o Vasco da Gama em jogos conturbados e injustos, em que o poder político falou mais alto. Eles queriam esquecer a final passada, usando como borracha o jogo contra o Atlético-PR.

Finalmente os dois times entram em campo, o Furacão com seu tradicional uniforme rubro negro, majestoso, foi recebido debaixo de vaias da torcida adversária e aclamado pelos 2.500 torcedores que viajaram de Curitiba até lá, logo em seguida veio o São Caetano, uma grande queima de fogos recebeu o time do ABC, a torcida deles fez uma festa que para eles pode-se dizer que foi inesquecível, mas para nós, era apenas mais um adversário á ser vencido, assim como tantos outros foram durante todo o campeonato. O jogo começa e o time rubro negro já impõe seu ritmo em busca do título. Corre, briga, luta, os jogadores do Furacão mostram á que vieram, e provaram que o jogo não seria fácil, seria muito difícil, pode-se dizer impossível para o Azulão reverter a vantagem conquistada em Curitiba.

Bom pra gente. O primeiro tempo é corrido, mas o Atlético soube se impor e segurar o empate. Fim da primeira etapa. Metade da guerra já havia passado, comentei com amigo meu que estava ao meu lado, “falta apenas 45 minutos”. Por nós, se o resultado terminasse em igualdade, não faria diferença, mas se a vitória viesse, com certeza seria muito melhor. Segundo tempo começa, e com o tempo passando, o nosso sonho vai ficando cada vez mais próximo, chutes á gol, cruzamentos, escanteios, faltas, e muita emoção. Mas a emoção maior veio dos pés do matador Alex Mineiro. Kleber correu pelo meio, tocou para Fabiano que avançou pela ponta esquerda, desprovido de marcação, disparou um chute fulminante contra a meta do goleiro Silvio Luis, ele faz a defesa parcial, mas para seu azar a bola caprichosamente pára nos pés abençoados de Alex que apenas escora para as redes.

Em apenas um segundo, uma explosão de alegria toma conta de milhões de corações de torcedores rubro negros, exaltam-se, abraçam-se, comemoram, gritam, extravasam. O momento chegou, o nosso momento. Campeão Brasileiro. Ainda havia mais jogo pela frente, mas a gente já tinha certeza, ninguém tiraria esse título da gente. Depois de vinte e cinco minutos o juiz Carlos Eugenio Simon ergue os braços e apita o fim do jogo. As lágrimas correm pelo rosto, os abraços são muitos, o sorriso estampado na face da nação rubro negra é a coisa mais linda que o futebol pode proporcionar. Depois de 16 anos agüentando a gozação dos rivais, calamos a boca dos mesmos e estampamos na camisa a estrela de um verdadeiro time campeão brasileiro. Agora, o momento mais esperado era o recebimento da taça (que nunca será deles). O capitão Nem a recebe com carinho e a ergue com o brio de um guerreiro. A alma se arrepiou naquele momento. Agora, a vontade era de ir pra casa logo, voltar pra Curitiba e comemorar como nunca o maior momento que um torcedor pode comemorar, o título, o êxtase da alegria de saber que aquele sonho era real, e poder ter o melhor Natal de todos os tempos.



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