16 jan 2004 - 17h27

Ano novo, vida nova

‘Eu estou vivendo de novo’. A frase resume bem o que passou nos últimos quatorze meses o atacante Washington. Passados oito meses desde que desembarcou no CT do Caju, enfim o jogador poderá estrear com a camisa rubro-negra. Depois de ser liberado pela FIFA, o jogador já pode assinar contrato com o Atlético e dependerá apenas do seu condicionamento físico para estrear no Furacão.

O drama de Washington começou em 27 de novembro de 2002, na Turquia, quando o jogador sentiu dores no abdome e foi submetido a exames, que mais tarde o levaram a uma angioplastia, operação que dilata os vasos sangüíneos do coração. No mesmo instante, o Fenerbahce, equipe turca que o jogador defendia na época, parou de pagar seus salários. Descontente, Washington estava decidido a voltar a trabalhar no Brasil e, em maio do ano passado, foi apresentado como reforço
do Atlético para o Campeonato Brasileiro. ‘Para mim é uma honra imensa vestir a camisa do Atlético, um clube que tem uma estrutura muito boa. Estou muito feliz e espero desempenhar aqui o mesmo que fiz na seleção, na Ponte Preta, que é lutar pelo título e dar muitas alegrias a essa torcida’, prometeu na chegada.

Porém, dezenove dias depois de chegar a Curitiba, Washington foi reprovado nos exames cardíacos, que o impediram de assinar contrato com o clube. Apesar de não fazer parte oficialmente do elenco, o Atlético disponibilizou toda a estrutura do CT do Caju e o corpo médico para acompanhar a recuperação do centroavante. ‘Eu agradeço muito toda a comissão técnica do Atlético, aos fisiologistas, aos médicos, à diretoria. Foram eles que me ofereceram toda essa estrutura para eu me recuperar. E eu fico feliz e agradeço essa força que o Atlético me deu e eu espero retribuir agora com jogos, gols e títulos’, disse.

Hoje, passado todo o sufoco, Washington garante ter tirado proveito da fase ruim. ‘Eu tive uma experiência de vida muito grande, a felicidade da superação e força de vontade. Eu sempre tive coragem, perseverança, acreditei em mim mesmo. Do primeiro momento da minha cirurgia, na Turquia, eu falei que iria voltar a jogar e estou com esse pensamento até hoje. Em nenhum momento coloquei em dúvida a minha certeza’, explicou. Essa confiança foi fundamental para que o Atlético apostasse no jogador. ‘Bastou três segundos para ele me convencer de que se recuperaria. Ele me disse: ‘presidente, eu quebrei as duas pernas e disseram que eu não voltaria a jogar. Eu disse que ia e voltei. Depois eu tive diabetes e falaram a mesma coisa e eu voltei. Agora, o coração. Mas eu vou voltar a jogar’. Assim, com uma força de vontade dessas, não tem quem não acredite’, revelou o presidente do Conselho Deliberativo, Mário Celso Petraglia.

Apesar de já estar liberado para jogar futebol, Washington requer alguns cuidados especiais do Departamento Médico atleticano. ‘Ele possui uma doença cardíaca evolutiva, que necessita ser controlada clinicamente. Apesar de todos os exames que realizamos em dezembro terem apontado um estado clínico normal, será necessária a realização de exames trimestralmente para acompanharmos a
evolução do problema’, explicou o cardiologista que cuidou da recuperação do atleta, dr. Costantino Costantini.

Fome de gol
A mesma confiança que Washington tinha em sua recuperação, o torcedor atleticano tem em seu futebol. Recente pesquisa da Furacao.com apontou ele como o melhor reforço do rubro-negro para esta temporada, com 47% dos votos. ‘Primeiro eu fico feliz e lisonjeado de ter essa confiança do torcedor, principalmente o torcedor do Atlético, que é uma torcida empolgante, de massa, de peso, que nos contagia. Por outro lado, a responsabilidade também aumenta e eu tenho que fazer jus a isso’, disse. O artilheiro ainda completou, ‘espero que a torcida continue vibrando com o time. Este ano estamos trabalhando forte para conquistar títulos e é por isso que eu vim aqui para o Atlético. Eu não passei esse sufoco todo para vir para brincadeira, eu vim para conquistar títulos’.

CRONOLOGIA:
23/11/2002 – Washington entrou em campo para defender o Fenerbahce contra o Kocaelispor, pelo Campeonato Turco. Marcou um gol na vitória por 2 a 1, garantindo a vice-artilharia da competição.

24/11/2002 – Uma forte dor no braço começou a incomodá-lo. O jogador procurou o médico do clube, que o encaminhou a testes.

27/11/2002 – Washington submeteu-se a uma angioplastia, operação que dilata os vasos sangüíneos do coração, na Turquia.

Dezembro/2002 – O jogador decidiu passar a recuperação na casa de sua família, em Caxias do Sul. No mesmo instante, o Fenerbahce suspendeu o pagamento dos salários do atacante.

07/05/2003 – Washington é apresentado como reforço do Atlético para o Campeonato Brasileiro.

08/05/2003 – O jogador submeteu-se ao delicado exame de cateterismo (espécie de intervenção cirúrgica para diagnosticar problemas coronários). Após o exame, ele recebeu a orientação de evitar exercícios forçados e apenas caminhar durante duas semanas.

27/05/2003 – A junta médica especialmente constituída para avaliar o atleta vetou a contratação do jogador. Um dia depois, Washington decidiu seguir o tratamento orientado pelo dr. Costantini, desfrutando da estrutura do CT do Caju.

27/11/2003 – Exatos 365 dias depois da operação, Washington treinava com o time B do Atlético, participava dos treinos coletivos e até marcava gols.

Dezembro/2003 – Exames realizados no atleta comprovaram que ele estava totalmente liberado para a prática esportiva. Era o fim de um sofrimento de mais de um ano.

02/01/2004 – Atlético anuncia a contratação de sete reforços para a temporada de 2004. Entre eles, o atacante Washington.

Reportagem: Patrícia Bahr, do Conteúdo Furacao.com



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