27 jan 2004 - 19h15

Opinião: “Foco”

Não devemos ficar só admirando a grama do vizinho, pois poderemos esquecer do nosso próprio jardim. Sem cuidado, ele ficará abandonado às ervas daninhas e perecerá. Deixo de falar metaforicamente para explicar onde quero chegar: tem muita gente da nossa torcida peocupada com o que acontece subindo o morro, valorizando demais os albinos de camisa verde. Estão olhando com muita boa vontade a falsa ascensão coritibana. E, ao mesmo tempo, desvalorizando em excesso o nosso querido Clube Atlético dos Paranaenses.

Alguns atleticanos ficaram impressionados com alguns feitos do clube verde. Principalmente com a fanfarronice de seus dirigentes no início desta temporada. Lamento que, influenciados por grande parte de imprensa, que é sedenta por factóides e notícias sensacionalistas, estão achando que o Jardim do Éden fica nos domínios do único campeão brasileiro com saldo negativo da história. Acho que não é bem assim. Por baixo do gramado deles, o que existe na verdade é um monte de esterco.

A chegada do colombiano Aristizabal, juntamente com o tal Luiz Mário impressionou muita gente. Parte da imprensa entrou em êxtase. “Os holofotes do Brasil agora estão no Paraná”, “Um dos melhores ataques do país” e outras bobagens do gênero. Alguns atleticanos ficaram também impressionados. Mas quem chegou foi um homem de 32 anos, com problemas físicos, com apenas uma boa passagem em sua longa carreira, pelo Cruzeiro, onde teve a sorte de encontrar um grande plantel. Não é isso que o espera agora. E o outro, é um jogador rodado, que conseguiu manter-se inexpressivo mesmo tendo passado por várias grandes equipes do país.

Contratam um técnico experiente, mas claramente decadente. Não tenho saudades de sua passagem por aqui. E ainda vangloriam-se de fazer negócios com Figger, um mercador de escravos contemporâneo, coisa antiga no CAP. Nós já estamos no tempo das parcerias e da formação caseira de craques. Nossa diretoria trabalha e traz bons jogadores, como o candidatíssimo a ídolo Fabiano e esse excelente lateral Marcão. E ataque por ataque, sou mais Washington, ídolo por onde passou, jogador de seleção (não a colombiana), jogando com Dagoberto, Ilan e até o Renna. Mas a imprensa cega prefere valorizar quem a bajula e quem inventa notícias, como o delírio que o Grande Adriano iria vestir aquele trapo verde-e-branco. Dizem até que ele se ofereceu.

Jogador não se oferece, não bate na porta de clube. Seus empresários é que o fazem, faz parte do jogo. Adriano, entretanto, não iria querer um retrocesso em sua carreira, ainda mais para ganhar menos. E para ser vaiado, o que é tradição nas arquibancadas trêmulas do Couto Pereira. Mas os dirigentes do vestiário-suruba insistem, falam em profissionalismo. Mas mostram amadorismo quando gastam um caminhão de dinheiro para trazer um jogador velho e machucado usando como pagamento, grana da venda de um cara de 20 anos, por trinta dinheiros, para o iniciante futebol da Coréia.

Precisamos, amigos Rubro-negros, olhar melhor a realidade e deixar de falar tanto nesses caras. Não se pode perder o foco no Atlético. Estamos recomeçando. Mário Sérgio, devemos tirar o chapéu, está trabalhando muito e bem. E os resultados começam a aparecer. Não esqueçam: o Furacão precisa de toda a nossa atenção e apoio. Vamos nos focar a nossa realidade, que é, apesar de tudo, bela. Não temos dívidas absurdas para rolar, não temos bens penhorados. Em 10 anos, conseguimos 8 títulos (2 Brasileiros), 2 participações na Libertadores, contruímos o mais moderno estádio da América do Sul. Isso é uma hegemonia, e ela é nossa. Hegemonia não se mede em apenas um ano. Vamos deixar pra lá esse papo que tudo por aqui está uma droga. Que o ingresso é caro, que a diretoria é surda, que as contratações são inexpressivas. Vamos ver o trabalho com olhos justos. A temporada começou. E aqui tem trabalho sério, estrutura e pouco papo. Naquela espelunca, a conversa fiada impera, a urina infiltra e as estruturas tremem.

Desculpem, amigos, mas não agüento mais tantos factóides. Alberto, Lucas e Warley não foram para lá. Não é Adriano que irá. Esqueçam essa história e olho no Atlético. Só gostaria que o Presidente Petraglia ou o Presidente Fleury se pronunciassem para acabar de vez com essa falácia. E boa sorte, Grande Adriano!

Juliano Ribas
Colunista da Furacao.com
coluna@furacao.com



Últimas Notícias

Notícias

100 palavras

“Palavras não são friasPalavras não são boasOs números pros diasE os nomes pras pessoas” – TITÃS Um misto de sentimentos me tocou a alma na…