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9 fev 2004 - 15h00

Assim caminha a elitização do futebol…

Há alguns anos nosso time do coração joga no melhor estádio de futebol da América Latina. Não é por nada que o Atlético é o clube brasileiro que mais cresceu desde 1995. Inédito título da Segundona, inédito tricampeonato estadual, inédita e sonhada estrela dourada na camisa, revelações talentosas e milionárias, boas parcerias, a raríssima ausência de dívidas e de atrasos nos salários. Enfim, estrutura e organização exemplar para o Brasil e o mundo.

Nós, torcedores, usufruímos do que há de melhor em nosso país. Diferentemente dos nossos rivais, praticamente conversamos com os jogadores em campo, de tão próximos e distintos que ficamos nas arquibancadas da Arena. Isso significa que, como torcedores do Atlético, somos valorizados não só coletivamente, mas também individualmente. Talvez seja até por esse motivo que nossos “corneteiros” vêm se destacando com sua chatisse. Mas esse tratamento que temos é diferente, por não sermos um amontoado de gente tentando ver o jogo a quase 50 metros de distância. Em dia de espetáculo na Arena, procuramos nosso lugar predileto para assistirmos ao jogo, e não o melhor – ou “menos pior” – espaço nas arquibancadas. As filas dos banheiros e das lanchonetes são convenientes como são as dos melhores shopings.

Nossa querida Baixada é tão boa que, se melhorar, estraga. Esse é um ponto em que a maioria absoluta da nossa torcida concorda. Nossas regalias até hoje nos custaram R$15,00, um valor quase justo, se considerarmos que estávamos pagando 50% a mais que a maioria dos torcedores de outros clubes brasileiros. Agora que nosso principal rival, cujo estádio é bastante precário e inferior ao nosso, também cobra “quinzão”, é dado como certo que teremos de desembolsar um pouco mais.

Isso é ruim? Claro que é! E provavelmente só não estamos pagando R$20,00 ainda porque em São Paulo, um centro urbano mais desenvolvido economicamente e muito mais populoso que Curitiba, esse valor foi unificado nos estádios e está provocando uma verdadeira revolução entre os torcedores e a federação paulista.

O que é ruim de fato é que, não só o nosso Furacão, mas todos os clubes do Brasil, vão partir para a elitização e vão impor “motivos justos” para encarecer os ingressos. As principais medidas são lugares numerados, cadeiras e estádios setorizados.

É o Estatuto do Torcedor vigorando a favor das classes mais abastadas e aumentando o abismo social brasileiro. Não ouvi falar do resultado da tal pesquisa especializada que nossa diretoria encomendou no fim do ano passado. Além disso, não me lembro da última vez em que vi alguém sentado para ver o jogo nas arquibancadas da nossa Arena. Somente no espaço reservado das cadeiras numeradas, que nunca fica cheio…

É muito estranho que ninguém se preocupe com “o grosso” da torcida atleticana, com a massa rubro-negra, e tente negociar com a CBF e o Procon com relação ao estatuto, alegando que o próprio torcedor não quer que seu estatuto vigore no estádio do seu time do coração.

Isso é tão plausível que, no dia 02 de fevereiro, em entrevista ao vivo à radio Transamérica, Algaci Túlio, presidente do Procon do Paraná, afirmou que os clubes têm dificultado a ida dos torcedores aos estádios justamente visando a maiores arrecadações com as transmissões de TV. Esse é o caminho da elitização do futebol brasileiro e atleticano, que atinge desde aqueles torcedores que foram ver Atlético x Barra do Garça, na inauguração da iluminação da antiga Baixada, até aqueles que dormiram na fila para verem Atlético x São Caetano, em 2001.

A diretoria de esportes da Rede Globo já se pronunciou em favor da elitização, afirmando que o caminho do futebol brasileiro é que “vá ao estádio quem pode pagar e que o resto assista pela televisão”. Infelizmente nosso Clube Atlético Paranaense vem colaborando para que este caminho seja trilhado, deixando de lado sua maior propriedade: a de ser um clube de massa.

Quando Algaci Túlio disse o que disse, referia-se ao caso Atletiba. Nossos dirigentes não nos queriam deixar ver o Furacão fazer o Coxa rebolar para conseguir um empate no fim do jogo que é a maior razão do futebol paranaense. Jogamos mais, jogamos melhor, vibramos, cobramos, comemoramos e, principalmente, estivemos lá. Não deixamos nosso Furacão só contra a torcida deles.

Isto é ser torcedor: é acompanhar o time esteja ele onde estiver, mesmo que seja no Couto Pereira…

É isto o que nós, rubro-negros de todas as horas, queremos do Estatuto do Torcedor: queremos decidir o que é melhor para nós.



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