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7 mar 2004 - 10h19

Carta aberta ao presidente Fleury

Ser Atleticano é uma dádiva. Isso não se discute. Entretanto há que se levantar alguns pontos que, para mim, são recorrentes. Mas como ser Atleticano é orgulhar-se do passado, realizar-se no presente e sobretudo ter a esperança e a certeza de um futuro promissor; mais uma vez vou tentar…

Entrei no site oficial do Atlético e li sua carta aos torcedores. Dela, tomei a liberdade de extrair o trecho a seguir reproduzido, para os torcedores que eventualmente não a leram:

“O Atleticano é fiel e participativo. O nosso público na Arena foi o maior no último Campeonato Brasileiro comparado com os demais estádios da cidade. Ainda assim, a média foi 10.000 pessoas / jogo, quando a nossa capacidade é de 30.000 torcedores. Por isso, quando falamos em conclusão da Arena é preciso antes lembrar da necessidade de ocuparmos urgentemente os locais ociosos. Este é um desafio do qual todos indistintamente podemos participar.

Vamos compartilhar o privilégio de freqüentar o melhor Estádio do País. Comparecer aos jogos, convidar a família e os amigos é obrigação de todos nós. Este ano será de vitórias e de conquistas. Assim, cada Atleticano poderá orgulhar-se de ter participado deste resultado de sucesso.”

Com sua permissão, Presidente, gostaria de lembrar que no Marketing há um antigo conceito de demanda elástica e inelástica em função do preço praticado na venda de determinado bem ou serviço. Na situação de demanda inelástica encontram-se produtos absolutamente necessários à vida humana. No caso de demanda elástica, situam-se os demais, ou seja, aqueles que a procura (ou consumo) varia em função do preço praticado pelo fornecedor na sua compra ou consumo. Lazer, sem dúvida, se encontra nessa categoria.

Ora, se um pai de família, por exemplo, pode ir ao cinema; vai. Entretanto, quando o preço cobrado pelo dono do cinema compromete sua renda, provavelmente não se arriscará a ir com sua esposa e filhos, visto que isso comprometerá necessidades mais urgentes no final do mês (ou, como com a maioria dos brasileiros, bem antes de seu término…). Assim é comigo, deve ser consigo e, certamente, é com a grande maioria dos brasileiros e, por que não dizer, todas as pessoas que vivem sob regimes capitalistas, em todo o mundo.

Muito se tem pedido que os clubes, e em especial o Atlético (que como o Senhor mesmo declara, tem a torcida mais fiel e participativa), reconsiderem os valores cobrados em seus espetáculos. Ora, pedir aos Atleticanos fiéis e participativos que lotem a Arena é, no mínimo, descabido, quando não há, da parte do Clube, a contrapartida com promoções que verdadeiramente agitem os torcedores. Ressalve-se aqui a bela campanha que o Clube tem feito. Mas isso, embora seja nosso desejo e motivo de alegria para todos nós; ainda não resolve a dura equação financeira do torcedor, que resulta na ociosidade de nossa Arena. O torcedor não comparece, Presidente, não porque não quer ou porque não reconhece os esforços da direção em montar uma equipe competitiva – que nos tem enchido os olhos de beleza e o coração de esperança. É porque simplesmente não pode!

Por outro lado, desde a proposta inicial (na fase de planejamento) de exploração dos espaços da Arena (da qual tive oportunidade de tomar conhecimento como patrocinador) até o que se encontra efetivamente explorado, há uma enorme lacuna. O que acontece com nosso Marketing? Constante crise criativa, de arrojo ou de competência? Ou faltam patrocinadores? Não creio que empresas da iniciativa pública ou privada não se interessem, por exemplo, em instalar e explorar um placar eletrônico, para venda de espaço publicitário. Da mesma forma não é possível que ninguém se interesse por espaços ociosos na Arena (que são muitos) para divulgar marcas e produtos. Desde um canto vazio até tabuletas de direção, passando por cadeiras, testeiras, paredes, estacionamento (até bwc’s) ou seja, absolutamente tudo pode e deve ser bem explorado; desde que bem vendido e com bom gosto. Categoria de clube grande, já conquistamos… Porque, então, não explorar melhor o que já construímos ?

Sei que a comparação com o Manchester United – clube mais rico do mundo – é cruel…, mas foi justamente nessa “empresa” que se baseou o Sr. Petraglia para construir nossa majestosa Arena (mesmo com a novela de sua conclusão…). Mas eles prestam uma série de serviços à sua também fanática torcida, através de terceiros (inclusive uma TV exclusiva). Serviços esses que também poderíamos prestar, desde que – de fato – tivéssemos um Marketing empenhado e atuante na busca de parcerias estratégicas.

Resta dizer que entregar a terceiros a administração do estádio, como se tem cogitado, talvez não seja a melhor alternativa (embora não conheça em que condições o Clube pretende estabelecer o contrato). Entretanto, humildemente, gostaria de ressaltar que tudo pode ser terceirizado, menos a “paixão” do rubro negro e o relacionamento do Clube com seus verdadeiros clientes: o “povão”!. E justamente esse é quem tem sido, sistematicamente, e x p u l s o da Arena. Por que não explorar de forma vibrante outras alternativas, para que se possa ter o povo de volta à Arena ? Esse, Presidente, deve ser o discurso. Isso é o que se espera de uma “empresa” séria e organizada como o Atlético. Bradar um belo discurso – mesmo com boas intenções – pode ser bonito; mas é pouco, muito pouco…



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