Zico
Tem um amigo do meu irmão cujo apelido é Zico. Na verdade o pessoal chama ele de Ziquinho, porque ele não tem mais que um metro e sessenta de altura. É um rapaz muito simples, mas é capaz de morrer pelo Atlético. Tem uma caveira (mal) tatuada no braço e a ostenta com orgulho nos jogos do Atlético que tem a possibilidade de aparecer.
Esse sujeito me emocionou quando chorou de alegria ao ver o Atlético vencer o jogo contra o São Paulo, no ano passado. Eu olhava pra ele, as lágrimas rolando, e pensava que eu não tinha a verdadeira noção de amar o Atlético do fundo do coração. Pois esse sujeito passava por privações para poder ir ao jogo junto com a turma do meu irmão. Verdadeiro e profundo torcedor, aquele capaz de tudo pelo time de coração.
Meu irmão me falou que o Ziquinho o procurou, assustado, perguntando se era verdade que o ingresso para assistir aos jogos do Atlético seria mesmo de R$ 30,00. Meu irmão confirmou e assistiu ao desespero do Ziquinho: agora que nunca mais vou assistir um jogo do Furacão! Como pode ser isso?
Alguns estão falando para termos calma, pois tudo irá se ajustar. Claro. Mesmo que juremos boicotar os jogos, é fácil ver que essa será uma jura mais falsa do que um viciado em heroína, o qual pena mas não consegue se afastar do vício. De qualquer forma iremos acabar voltando ao estádio. Ainda mais nos jogos contra o Corinthians ou Flamengo. Aí teremos uma média de público razoável.
É justamente contra essa postura que proponho lutarmos. É justamente pelos Zicos, que entendem lá no fundo do coração o que é se privar das coisas da vida que acho que não podemos deixar a coisa se acomodar. Eles têm mais direito de ir aos jogos do que muitos de nós, eu incluído!