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23 mar 2004 - 12h09

Eles não são eternos

Os dirigentes do Atlético decidiram, por fim, escancarar as intenções que cultivavam de longa data. Com o anúncio dos ingressos a R$ 30, num país como o Brasil, consumou-se o golpe. Os torcedores serão proibidos de entrar no que um dia foi, para eles, o pedaço de chão mais importante de suas vidas. Não estou falando do povão, expulso da antiga Baixada – atual área nobre da MCP Incorporation – desde 1999, pelo menos. Refiro-me ao trabalhador médio, que se esforça para reunir parcas economias e acompanhar os jogos do seu time do coração. Ele também não interessa aos donos da “empresa”.

O que está acontecendo não é novidade. Tudo faz parte de um projeto que se utiliza descaradamente de um grande amor coletivo. Nós, torcedores, sempre fomos massa de manobra. Nossa paixão, que coloriu os estádios e encantou o País, não serve mais. Estava escrito que seria assim. Mas, como apaixonados que somos, permanecemos com os olhos tapados. Não enxergamos que o tal empreendimento estava sendo construído para elite. Não havia espaço para nós. De agora em diante, ir ao que sobrou da Baixada vai ser um acontecimento social, uma reunião de grã-finos. Ali, serão entabulados grandes negócios. Nos intervalos, os comentários circularão em torno das últimas manias da Europa, da alta costura, da carta de vinhos disponível no estádio, dos humores do mercado e da bolsa de NY… e da insignificância do brasileiro – esse povinho incômodo, que insiste em querer se divertir, sonhar e ter esperança.

Os donos do Atlético idealizaram isso. E estão executando o seu plano. O capital não tem alma, não tem amigos, não toma cerveja nos bares, não chora nunca e nem se emociona com os gritos da multidão. A miséria e a desigualdade são os seus combustíveis. Por isso, desistam aqueles que ainda imaginam algum tipo de recuo por parte da Diretoria. Os cartolas estão, agora, comemorando o grande feito – com o champanha que sobrou de uma antiga festa do Fluminense F. C.. Eles não escutam os protestos de milhares de pessoas indignadas. Eles personificam o capital, com sua arrogância e sua frieza.

Mas eles não são eternos. Isso é o que nos alenta. A paixão pelo Atlético sobreviveu a tempos duros, quando fomos jogados no lixo do Pinheirão ou quando um matagal transformou nosso estádio (que era nosso) numa triste ruína. Essa paixão não vai acabar. Eis o que talvez eles não percebam. Por mais que procurem transformar a velha Baixada numa gigantesca geladeira, o sangue voltará a circular com emoção naquele território abençoado por forças divinas. Nem que para isso seja preciso derrubar os muros da insensatez. E começar tudo de novo. Está na essência da alma rubro-negra lutar pelo que nos pertence. Nós, afinal, somos a maioria.



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